2.1.19

Ostras: abismo e sujeira


            Ostras é a quarta fase de processos de experiências com resina. Realizada no inicio de 2016, retomei-as para análise e registro fotográfico exatamente três anos depois.
            Se na fase anterior me interessava a decomposição contínua para resultar na forma da erosão, neste caso foram usados materiais de prolongada duração, mas que apresentavam as marcas já da decadência, como pregos, parafusos e outros metais enferrujados. Também foram usados caroços e conchas (e uma folha), e em alguns destes casos ainda foram deixadas partes ao contato externo. Já nas duas peças feitas com pequena parte de peixe (olho e outra) a imersão foi total (do mesmo período houve outras peças sem o uso das conchas, mas que o peixe teve contato com o ar, estarão inseridas em outra série). Nove peças tiveram como continente conchas de ostras. Uma peça teve composição inversa, sendo desenvolvida em lata, foram as conchas conteúdo da resina, e como utilizei quatro – que conforme o posicionamento acabou acarretando rachaduras – mas que não aparentaram nenhuma evolução ou fragilidade desde então.
            Cada peça carrega pela natureza de sua realização, peculiaridades formais com delicadeza grotesca, com – ainda - alguma condição de impermanência.
            As peças que podem ser designadas como peso de papel trazem a característica estética da arte suja como elemento de contato. Todas as conchas são oriundas de uma refeição familiar, assim, além da minha alimentação física, seguem a natureza e a continuidade como conexões do e para o processo artístico.

Diego Marcell

02/01/2019

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