Com o passar dos anos e o agregar informações seria natural que minha
arte chegasse a ser hipermídia, por uma questão natural e não programada, assim
ela ocorreu por atributos do espírito, da natureza.
A manifestação de um discurso em suportes passaria a encontrar na
variação dos mesmos sua forma adequada de expressão, ou seja, a necessidade da
vontade específica para determinada linguagem.
A informação continua sendo a mesma, o que ocorre é que a informação
sempre é fragmentada. Se a vida é a arte quando se criam os valores para a
existência, sempre será impossível uma biografia que exponha a complexidade e o
prolongamento dos link’s possíveis de contextualizar para que se contenham numa
só coisa leituras suficientes.
De qualquer maneira, esses termos só são necessários a certos grupos, a
exigência de explicação se dá pela objetividade do mundo que fossiliza algumas
coisas enquanto tampa o sol de outras. Sendo assim, jamais poderia me taxar
escritor, filósofo, cineasta, artista visual, dramaturgo ou performer; nada é
suficientemente continente do que sou.
Assim minha expressão é artística enquanto é uma técnica pessoal sobre
ferramentas específicas; é poética enquanto criação de valores específicos sem
juízo moral, mas seguidor de um ethos julgado em processo temporal de
conhecimento e descoberta; e é hipermídia enquanto se desenrola, se imbrica, portanto,
dialoga e age nele mesmo de diferentes formas, por diversos caminhos, para
variados fins captando e expelindo o que é um e o que é tudo, é o budismo
cyborg.
Portanto, se texto, se vídeo, se áudio, se tinta, se caminhada é o
desempenho para além da performance art sem deixar de sê-la; é o conceito para
além da arte conceitual, podendo sê-la ainda assim; é ausência de citação que
contém todas elas como organismos vivos a darem movimento ao que vive.
Mito e ficção também são formas de realidade. Assim o que se come e o que
se veste passam a serem ditames também da mesma realidade produzida.
Diego Marcell
11 de janeiro de
2018
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