Em época de
“escola sem partido” do qual confesso não ter me detido e do qual me parece
realmente carecer de melhor fundamentação, mas da qual concordo com seu
problema gerador que é a unilateralidade das ideias ao serem impostas por um
lado da sociedade que almeja implantar sua verdade como salvação da humanidade
(ao menos aparentemente, já que intrinsecamente creio ser por puro desejo de
poder) e do qual não me prenderei, pois creio haver literatura suficiente para
irmos mais a fundo na questão sem cairmos no jogo empobrecido do discurso
estático dos filhos bastardos de Marx, mas que precisa sim de uma atitude da
qual lhes coloque sempre em questão, sobre seus próprios argumentos, e o
fazemos, é claro, de forma elegante, não como desejam os iguais/opostos da
extrema direita nacional.
Atualmente
curso o terceiro ano da licenciatura em artes visuais na Universidade Estadual
do Paraná, e neste momento temos uma aula chamada Organizações Educacionais
Contemporâneas, aquela típica matéria delegada aos pedagogos que nunca tiveram
qualquer relação com nosso curso, mas vem apenas para depositar as funções a
que foram destinados nos últimos tempos. Eu, carinhosamente, chamo esta aula de
“lavagem cerebral”, não gratuitamente, são matérias que seguem este molde que
corroboram às reivindicações de uma “escola sem partido”, pois com pedagogos
completamente despreparados de argumento sólido e coerente é que se rompem a
reflexão em âmbito acadêmico para impor-se o ideal assumido, os discursos
prontos.
Toda
vez que abro minha caixa de correio eletrônico e avisto uma sequencia de emails
da professora desta matéria, começo a ficar verde de enjoo, poderia listar aqui
os textos usados durante todo o ano, dos quais vocês podem imaginar não existir
um sequer que tenha sido escrito ou pensado por um pensamento liberal,
anarquista, cético, conservador, pós-moderno ou outro, mas seguindo apenas a
exclusividade acusatória de todas as linhas citadas, transformadas em muitas
vezes num amalgama intitulado neoliberalismo, daquela esquerda mais barata, que
é a reprodutora dos discursos prontos pra convencer incautos ao modelo
Testemunhas de Jeová (ou seria Testemunhas de Karl Marx?), onde a cada semana
posso ler apenas o primeiro parágrafo e rapidamente constatar que diz
absolutamente a mesma coisa que havia sido dito na semana anterior, assim como
na outra e na outra, como que para marcar, pontuar uma ideia, e da qual
taxativamente irá se estender numa tortura ao intelecto mais livre até o seu
fim.
Eu
poderia passar horas destrinchando estas aulas e tudo que a compõe, mas vou me
ater apenas a um trabalho específico, do qual eu deveria de modo explicitamente
ingênuo realizar um resumo de três textos, mas que ao invés disso resolvi
apenas comentar, seguindo o trabalho na integra, já que o mesmo teve que ser
editado para a entrega, pois excedia o número de páginas exigido.
Texto 1 - Concepção de
Política Educacional, concebida como Política Social e a relação entre Estado e
Política Social
Quando
proposto a falar, primeiramente sobre “Política Educacional, concebida como
Política Social e a relação entre Estado e Política Social (texto 1)”[1]
na matéria chamada Organizações Educacionais Contemporâneas, num texto dos anos
1980 que impõe a visão, não apenas antiquada, digamos assim, mas também um
tanto envolta de sentimento conspiracionista,
típica do fanatismo ideológico, advindo de grande sentimento de religiosidade
transferido historicamente às concepções das ditas esquerdas, sinto assim o
empobrecimento da minha execução de um texto que serviria a algo no âmbito
universitário, que não seja apenas um cumprimento avaliativo institucional, sem
qualquer reflexões, a não ser a velha reprodução de ideias unilaterais ao modo
“copia e cola”, onde até mesmo a necessidade das citações vem somente como
prova a corroborar com este jogo mecânico tão usado pelos discípulos de Augusto
Comte quanto os de Karl Marx.
Quando
ainda se insiste num discurso de proselitismo coberto de necessidade, -
necessidade de quê e pra quem eu me pergunto – já que focar unicamente neste
inimigo gigante e abstrato do Capitalismo e de seus profetas – os capitalistas
– das multinacionais e seus nomeados (por parte de quem?) burgueses que vem
como ainda pequenos piões a enfrentar iguais num tabuleiro preto e branco
definido por interesses externos, justamente por serem estes atores, pequenos
piões que sob a égide do Estado burocrático servem de massa de manobra para
fins de poder.
Será
então neste âmbito que devo analisar o capítulo pertencente ao “O que é
política social” da famosa coleção “Primeiros passos” da Brasiliense ao
dialogar com o que deveria ser contemporâneo em educação? Creio que não, sendo
isso talvez nem merecedor de nota. Mas imagino que o desejo da proposta seja o
de inserir-me neste universo irrelevante, fútil e se assim o são não pela
temática, mas pelo contexto, onde apesar de tudo, devo projetar-me neste
lamaçal para satisfazer mais uma propagação dessa educação positivista e
moderna que vê e redefine classe pela tabela estabelecida nos corredores das
fábricas a vapor.
Enquanto
o favorecimento de um Estado sob a concepção política diferente mesmo ao
exercer pontos que irão favorecer o trabalho, mas por não pertencerem ao querer
como fim da ideologia, esta o interpreta apenas como o negativo, enquanto
qualquer prática deficiente da ideologia que se deseja, mesmo tropeçando a cada
ato, tem como louvável e indigno de recusa e crítica, porque se crê no bem por
trás de tal ideal. Evidente que não entraremos nas definições conceituais as
quais caberia um extenso trabalho e do qual tranquilamente podemos encontrar
sustentação teórica para a discussão, mas que também torna-se inútil a partir
da leitura fechada, calcificada pela ideologia centenária. Portanto, baseado
nisso, me utilizarei apenas do que me está próximo das mãos, por questão de
saúde física mais que mental. Assim não me utilizarei do duplipensamento como é
exercício recorrente neste âmbito, me focarei na pontualidade dos fatos e do
que podemos retirar destas pontuais circunstancias, lembrando que se for
necessário aplicar juízo de gosto como são feitos por estes teóricos
manipuladores de palavras sem significado, já que a carência de etimologia,
como sabemos, sempre foi uma constante nos governos totalitários e os que
tendem de alguma forma pra isso.
Segundo
o autor, a educação, por exemplo, perpassa por uma luta que inclui várias
classes[2],
mas que, porém lutas desse tipo põe em risco a ordem capitalista[3],
quando podemos observar por um viés sem classes e reconhecer que o avanço
social é uma luta de todos, ou seja, quando grandes produtores de capital e
pequenas peças desse grande sistema que é a sociedade devem ser beneficiados
pois o mecanismo não roda sozinho numa máquina como o Estado, sendo que outras
coisas deveriam estar em jogo e discussão e não essa delegação de certa
responsabilidade generalizada à mecanismos específicos.
De
qualquer forma, parto ao próximo, já que a ambiguidade que se realiza com o
interesse apenas da localidade dos objetos de reflexão, sendo à estes
transposto o motivo de discussão de acordo com a geografia ideológica que se
encontram.
Texto
2 - A relação das Politicas de Renda Mínima com a Educação
O
próximo texto começa falando da “crise do capitalismo contemporâneo”[4]
e do aumento do desemprego, quando é evidente que se vive muito melhor (falando
em ambitos gerais) do que em décadas anteriores, que dirá em outros tempos, e
que sim, evidente que aumenta o desemprego, pois aumenta cada vez mais a
população quando não se tem nenhuma política de educação quanto ao controle de
natalidade, parece que isso soa desumano, mas penso que desumano é fomentar a
esperança na ilusão por viés romântico quando a crise humana tem um âmbito
muito além do demônio capitalista em si.
Aqui
sendo a proposta como o título diz, fazer uma relação das políticas de renda
mínima com a educação utilizando um texto que o propõe a tal assunto referente
aos anos 1980 e 1990 me parece não fazer muito sentido objetivo no momento.
Porque não se apresentam pesquisas referentes ao mundo atual, que seria
referente à década de 2010?
Texto 3 - A relação da
reforma do Estado no Brasil na década de 1990 e da Educação com a
Pós-modernidade
A
autora do texto “A reforma do estado e da educação no contexto da ideologia da
pós-modernidade” inicia apresentando a necessidade percebida por alguns órgãos
mundiais e depois sua aplicação no primeiro mandato do governo Fernando
Henrique Cardoso, do qual o Estado deveria se atualizar para poder efetivar
certas ações com maior competência com a atualidade, porém, a partir de certo
momento ela começa a projetar a carga ideológica do discurso do qual analisa
também ideologicamente na forma de oposição, como se pós-modernidade de fato
fosse uma ideologia, mais do que a possibilidade de abarcar alguma (ou deveria
ser “algumas”?) em sua multiplicidade de ações, até mesmo, porque o termo visto
pelos teóricos do termo, não possui seus pontos fechados, justamente como pensa
a modernidade e os teóricos tardios que assim, irão falar do outro sob este
aspecto, ou seja, incapacitando-o a si. Mas se o trabalho aqui é responder de
acordo com uma linha de pensamento posta, podemos perceber que a autora viu
nisso um mote para aplicação ideológica oposta, da qual esta teria como papel
principal a efetivação do Capitalismo como agente desse mecanismo, quando
utilizando o termo da “efemeridade”[5]
recontextualizando ao desejo político do poder Estatal, este viria como
contingência do poder dado ao dito Capitalismo.
A
regra deste mundo globalizado sendo ditada pelo mercado que, segundo a autora,
inclui o que ela chama de neoliberalismo, assim como outras coisas, da qual ela
afirma sem explicar, como a falta de rigor metodológico, sendo todo este pacote
necessário para o funcionamento do novo Estado, conclusão que parece evidente e
natural se se almeja participação econômica, do qual, convenhamos, nem os
anteriores estavam isentos, assim como os posteriores.
Já
que a história mostra que o Estado burocrático, por não gerar dinheiro e apenas
gastá-lo, tende ao empobrecimento geral, esta alternativa de que
através da implementação da
propalada administração pública gerencial, visa-se à reorganização do Estado
via a adoção de critérios de gestão que oportunizem a redução de custos, uma
maior articulação com a sociedade para a definição de prioridades e a cobrança
de resultados. Pretende-se, nesta lógica, tendo em vista a reprodução da
ideologia do capital, a instituição de um aparelho de Estado eficiente e
orientado pelos valores do novo paradigma de sociedade; um Estado racional de
fato.[6]
Ainda assim o que a autora julga ser o
filão de tudo é a manutenção da desigualdade, sendo que a ideia de valorizar a
diferença (e quiçá, incluir nisso a liberdade dos seres humanos) é revertida em
interesse capitalista pela desigualdade, apesar de não identificar onde de fato
se aplica o interesse capitalista nisso, visto que o capital tem interesse no
aumento de capital justamente para circular a roda do capital, enquanto o
Estado, este sim, pelos meios de se manter no poder, pode visar a manutenção de
classes para facilitar a ideologização que corrobora ao poder estabelecido.
A
autora não sustenta os termos desejados, vez por outra optando por
“liberalismo” como o interesseiro de viés burguês, quando deveria atentar
melhor aos sentidos conceituais dos termos dentro das respectivas
contextualizações, do contrário fica fácil jogar uma miscelânea de ideias de
sentido único pra sobrecarregar uma mensagem que se tenta escancarar de
qualquer forma. É importante perceber que cada termo possui uma especificidade
conceitual e é isso que constrói a linguagem e a construção do conhecimento
humano, e não é fazendo ideologização de tudo que se promove algum avanço ou se
chega a algum lugar. Inclusive parece absurdo, mas a autora afirma uma proposta
liberal aludindo a uma obra chamada “Social-democracia e educação”, ficando
evidente a falta de interesse pelas linhas de pensamento e suas
particularidades, lembrando que no Brasil a aplicação do liberalismo nunca se
deu e o mesmo nunca teve representatividade relevante no país... quando ao
decorrer do assunto, até mesmo a diminuição da burocratização da qual ela usa
como argumento, de fato está muito distante de se aproximar de uma prática
realmente liberal por parte do Estado, ficando restrito a pequenas reformas
pontuais muito mais do que uma aplicação ideológica (aqui de sentido restrito)
ou como pensamento de linha política como entendimento de um governo centrado
em tal noção.
Segundo
a autora do artigo, a pós-modernidade exigiria novo paradigma, sendo que um dos
fatores intrínsecos da pós-modernidade é findar paradigmas, pois é incapaz de
estabelecer verdades, sendo assim, pode-se constatar que em momento algum a
aplicação de pós-modernidade se dá na esfera do Estado, pois o mesmo necessita
dos mecanismos (pelo menos nos moldes de aplicação até hoje realizados no
Brasil) do qual vem se servindo há tempos para funcionar, quando, então se fala
de qualquer índice que supostamente pertenceria a pós-modernidade, o que se
pratica é tão somente isolar qualquer aspecto e inseri-lo no contexto
estabelecido, e isso de modo algum constituí uma possível prática pós-moderna
ou sua aplicabilidade.
Ela
aponta que vários fatores pensados por esta educação da qual ela já chamou de
liberal, neoliberal, burguesa e pós-moderna que visa a igualdade de gênero, o
acesso de deficientes, a proximidade destes com a sociedade, a equidade, a
liberdade, o pluralismo, a tolerância, a solidariedade[7],
inserção de grupos minoritários, preocupação com questões ambientais e outra
que condizem a realidade, que tudo isso seria apenas para tirar o foco daquilo
que – fica evidenciado no texto – seria o grande fim de toda a sociedade, a
grande verdade a ser pregada e praticada, que é a luta contra o Capitalismo[8],
ou seja, fica claro que o intuito é tão somente este, que resulta em perceber a
massificação/agente dos interesses da ideologia escolhida, deixando à mostra o
sentimento religioso salvífico presente nesta leitura de mundo da qual
invariavelmente devemos nos juntar. Entendo assim, que o Estado via de regra,
deve submeter-se também como um bloco fechado a esta abstração, sendo ele a
materialização da ideia como meio para o fim, que é certamente, a Utopia. Ou
seja, segundo a lógica dos argumentos da autora do artigo, a escola deve mesmo
ter como única serventia a criação destes objetos que comporão a massa
uniforme, sendo assim, quanto maior for o rigor institucional da educação,
maior será sua efetividade como manutenção do poder estabelecido, pois a grande
serventia da mesma não deve ser a propagação da equidade, a possibilidade da
autonomia, nem o desenvolvimento pessoal e o autoconhecimento, e sim a luta
contra o Capitalismo, e pra isso o entendimento da sociedade como classe vem
para corroborar à obrigatoriedade da população aos ditames das leis cada vez
mais coercitivas.
Realmente
o que aprendi com a pesquisa da autora em seu doutorado é que a educação como
espaço da solidariedade e do desenvolvimento de
talentos pessoais e coletivos, a preocupação em tornar os indivíduos
eficientes, produtivos, e uma responsabilização individual pelo alcance ou não
dos objetivos pessoais e coletivos. [...], a recomendação de que não se deixe
de explorar [...] nenhum dos talentos que constituem como que tesouros
escondidos no interior de cada ser humano. Memória, raciocínio, imaginação,
capacidades físicas, sentido estético, facilidade de comunicação com os outros,
carisma natural para animador[9]
nada disso está certo, pois vem apenas para
esconder a verdade, que é a manutenção da desigualdade imposta pelo Capitalismo,
apesar de se pregar o acesso a todos e o desenvolvimento do indivíduo, ainda
assim serve apenas como para manter o “padrão atual de acumulação do capital”[10],
não importando que o indivíduo desfavorecido “vença” na vida, já que não seria
correto termos vencedores, isto implicaria a subjugação do outro, oprimindo-o,
resultado do imperialismo aplicado às relações pessoais, e ao atribuir a
responsabilidade pelo ato individual fomentamos assim a desigualdade[11]
e é claro, isso não é desejável por parte dos bons, e como todos são bons em
essência (como nos ensinou Rousseau) e a essência maligna é o componente
principal do Capitalismo, ou seja, a força externa que a todos corrompe, nada
mais correto que a submissão aos ideais do mestre incorporadas pelo Estado
burocrático. Agora só resta saber quem criou o Capitalismo com sua essência do
mal.
Diego
Marcell
[1]
BLUM, Márcia Sabina Rosa. ORIENTAÇÕES
PARA A AVALIAÇÃO DA UNIDADE I.
[2] FALEIROS, Vicente de Paula. O que é política social. 1991, p. 62.
[3] Idem. p. 63.
[4] OLIVEIRA, Dalila Andrade;
DUARTE, Adriana. Política educacional
como política social: uma nova regulação da pobreza. 2005, p. 208.
[5] ZANARDINI. A reforma do Estado e da educação no contexto
da ideologia da Pós-Modernidade. 2007, p. 248.
[6] Idem. p. 252.
[7] Idem. p. 263.
[8] Idem. p. 262.
[9] DELORS in ZANARDINI, 2007. p.
265.
[10] ZANARDINI, 2007. p. 266.
[11] Idem. p. 267.
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