Por
que escrever, que frase chula. Por que estou escrevendo? Sou brasileiro e é só.
Terei de aceitar, de ser um submisso ouvinte de babacas acadêmicos ou
unanimidades burras do povo.
Querem
que eu fale de arte? De Aristóteles até os pós-modernos? Querem falar de pop,
de dadá, de grafismo, de rua, de não-arte? Não! São todos inúteis, pois sou
brasileiro, sou do saber popular, do artesanato baiano. Tudo tão inútil quanto.
Belo? Arte? Estética?
Foda-se
– isto é arte. Niilismo particular, isto é arte. A arte não é nada. Nada é
arte. Já a não-arte é coisa de idiotas acadêmicos.
Prometo
que antes do fim, terminarei de ler Wittgenstein, só pra dizer: NADA.
Sócrates
ainda é o mestre maior, o único em que posso me jogar, porque nele não há acadêmicos
e não há povo, não há arte e há tudo. Ele é fútil, assim como eu.
O
que se espera de um terceiro-mundo pós-moderno? Esta arrogância do provocador
pelo prazer do saber.
Neste
momento Confúcio seria meu mentor se eu tivesse lido, mas justamente por isso
ele acaba sendo, pois o compreendo sem saber.
Não,
não respeito a gramática. Sou ignorante. Mas os gênios são de outro lugar. É apriori,
é banal e é teórico, por isso o paradoxal morre em meus pés, por não saber pra
onde ir.
Eu
não tenho as respostas diretas, o negócio é de uma subjetividade bobamente
divina que serve apenas para viver, ou sobreviver, não me serve para ostentar
nada, pois não sei ser acadêmico.
Faz
semanas, meses, tenho que bater na tecla, só o nada me deixa feliz, ao niilismo
presto um culto urbano nas noites vadias.
A
que horas? Jogar fora tudo que me prende é minha única herança oriental,
obedecer ao corpo, ao acaso numa orgia dialética pela física e a alma no espírito
da cidade. Querer é fazer, falar é errar, não há como ser santo no país que te
obrigam a falar. Herança nacional militar. Tortura midiática. Pau de arara
cultural. Mas o querer é sonho. Sonho padrão Globo. Quero, somente isso,
sobreviver. Amor? Paixão? Nenhum destes, ao sul do Equador é apenas desejo. Praia
e sol. Mas eu quero a nuvem cinza, o mar escuro. Eu quero o arranha-céu da
vanguarda existencial. Reaprender. Voltar a Heidegger. Eu sou do sul, mas este
sul é muito ao sul de qualquer perspectiva tupiniquim. Não tem mais Macunaíma. Aqui
Leminski é judoca. Cruz e Sousa se dá bem. Sganzerla vai até Welles. Cigano é campeão
peso-pesado. Por que eu preciso do teu discurso eurobaiano sem identidade? Esqueçam
tudo que eu disse. Quero ser pago só pra ouvir.
Diego Marcell
12/11/2012
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