I
Nada
melhor que a utilização desmedida para desmoralizar um conceito.[1]
Houve
a banalização do termo ‘pós-moderno’ ou ‘pós-modernismo’ nos anos 80, assim
como mágica, até por ser ele um retrato de tudo que poderia vir a ser no
futuro, mas como nesta década eu era muito pequeno para ter noção dos conceitos
aplicados naquele tempo, num instinto tão metafísico quanto, fui abduzido pelos
signos impressos da geração que produziu aquilo e que eu haveria de nascer. Tudo
discorrido como intermináveis seções de autoterapia que vinha a ser um ensaio
denominado “Modertrô”, na minha inocência literária e filosófica mas que faria
sentido uns anos depois.
Hoje
podemos discorrer e discutir mais seria e conscientemente sobre o pós-moderno,
porém este trabalho não busca em nenhum momento saber o que é ou não pós-moderno,
mas as razões de haver alguma pós-modernidade, ou então, como se dá esta compreensão
sociológica por vias metafísicas se existe metafísica hoje, e onde foi parar,
como se mutou e como permeia nossos pensamentos.
Se
no Modertrô eu buscava saber o que era aquela criatura que fui saber mais tarde
ser elemento genuíno de uma Era, agora eu vou para antes, antes da guerra do
mundo, às vezes antes de Santo Agostinho, mas principalmente devo chegar a
antes de qualquer sedentarismo, de qualquer parada para se pensar.
Alguns
aspectos do contexto contemporâneo só me aprofundarei mais tarde, em outros
livros onde será fundamental discutir a Estética e a Educação, mas antes
precisamos tomar consciência do onde e do quando para saber o porque de agirmos
de determinadas maneiras e seguirmos pelos caminhos de novos valores ou apenas
valores que nunca foram de massa ou de quem assina o que é de massa e o que é
marginal. Devemos perceber que a marginalidade assume uma epistemologia variada
e que ao negarmos as assinaturas não quer dizer que deixamos de existir, mas
que já podemos criar outras configurações de ser-social, muitos podem ainda
negá-lo e não acreditar em tudo que se pode ouvir, mas já não é restrita a
grupos secretos e anônimos a diversidade do pensar, e todos que quiserem tem ao
alcance das mãos uma pílula, se ela não nos leva para fora da caverna totalmente
é porque fora da caverna de Platão há uma grande cúpula, um enorme cenário que
abriu uma porta de sonho mesclado à realidade, a questão dos que estão na
caverna continua a mesma, mas para aqueles que saíram, outras tantas são colocadas
logo a frente, já não há a homogeneidade para aqueles que saem, mas se perder
agora faz parte do jogo, faz parte da vida.
Nota:
PUCCI JR, Renato Luiz. Cinema brasileiro pós-moderno: o neon
realismo. Porto Alegre: Sulina, 2008.
27-05-13
II
O
Metafísico é algo que o homem não pode dominar, está além de qualquer
possibilidade cognoscível, diferente da religião que mexe com funções meta-físicas,
mas que estão ainda infinitamente abaixo da Metafísica. Mesmo quando a
filosofia tratou suas questões, foram apenas suas imanências lógicas que foram
tocadas, mas não exclusivamente, em muitos casos eram usados o nome, mas o conteúdo
era estritamente social.
A
Metafísica é a dinâmica que procede do Estático para se fazer sentir, mas nunca
como fumaça, mas como éter. A fumaça é a evidencia da religião, já o éter é
profano, está na natureza, aqui na natureza do individuo, no seu acaso, na sua
dor. Não é pela ou para a dor, ou alegria, ou acaso, mas cruza a natureza
destas coisas e não existe para o individuo fora delas.
A
religião precisa do espírito e do rito e de alguma fé; a metafísica é ausência total,
não-coisa, não-ser, ela não precisa do conceito, não é Deus. Ao nos
aproximarmos da conscientização dos vazios, os assuntos metafísicos mudam seus
rumos, fazendo com que haja mais certeza ao se falar de Metafísica que é não falar,
claro que as imanências devem continuar sendo o trabalho da filosofia, mesmo
que não lhes dando referência direta, já que o próprio termo tomará lugar
diferente dentro da vida seja social ou intelectual, ficando um pouco atrasada
talvez ainda na cultural.
Diego Marcell
03-07-13
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