Se a liberdade é uma virtude do
mundo físico, ela não pode ser isenta dos condicionamentos físicos do mundo. Dizia
Gonçalves Dias “a vida é combate que os fracos abate, que os fortes, os bravos,
só pode exaltar” ou então de um mundo gelado Dostoievski afirmava que “nada
jamais foi tão insuportável para um homem e uma sociedade humana do que a liberdade.”
Diante de um olhar existencial Sartre chegaria a tal expressão: “É o que posso
expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não criou
a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável
por tudo o que faz.” Este conceito negativo de liberdade diverge de outros (ou
seria positivo?), aqui a liberdade manda, emana, enquanto em outros ela deve
ser alcançada. Será que podemos citar Marilena Chauí quando diz que “a
liberdade não se encontra na ilusão do posso tudo nem no conformismo do nada
posso.”?
A liberdade é atributo estático,
como vulto da realidade ela é total neste mundo sob a lei Universal, e não volátil
por patamares subjetivistas, por isso esta frase clichê (colocada abaixo) é
ainda a mais significativa neste total reflexivo sobre o assunto: “minha
liberdade vai até onde começa a liberdade do outro.”
“Nossa liberdade é uma liberdade
condicionada, uma liberdade em condição humana, nossa vida se desenvolve entre
os limites inacessíveis de uma liberdade zero e de uma liberdade infinita.”
(Georges Gusedorf) Nesta concepção, fortes e fracos definem seus rumos em
níveis graduais. Segundo Rousseau “o homem nasce livre e, por toda parte, é
posto a ferros”, porém é improvável nascer-se livre, já que todos nascem dentro
de culturas possuidoras de normas que desde já predefinem rumos futuros desde o
presente do recém-nascido. “A liberdade não é uma dádiva, algo que recebemos
sem esforço” (Avelino Correa).
Fortes e fracos devem ser conceitos
elevados à Metafísica para definirmos alguns pontos de atuação da verdade (aqui
a verdade de cada um segundo sua liberdade). Para Schelling “a liberdade é o
começo e o fim de toda filosofia”; os fortes podem por uma lei “positiva”
chegar à verdade, enquanto os fracos (negativos) são “predestinados” ao breu
social. Há também a busca para se exercer, só os que partem de algum crepúsculo
e vão além podem chegar ao seu próprio encontro, é a luta dos fortes, como diz
Jaspers “só nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou puramente eu
mesmo: ser livre significa ser eu mesmo”. Os fortes buscam a liberdade para
exercerem os seus próprios “eus”, enquanto os fracos não chegam a ter conhecimento
da liberdade por serem sucumbidos pelos aspectos de não-liberdade que
sobrecarregam a sociedade em que vivem.
14-12-2011
Toda religião, por exemplo, causa
anulação do ser humano em nome de uma vontade divina de uma divindade
inexistente, geralmente originária da mente do ser humano ou de um grupo de
pessoas. Os fracos para resistirem precisam de toda culpa, de toda norma, de
toda anulação do “eu”, porque o seu “eu” não resiste ao mundo (das influências),
ele precisa da religião, o fraco jamais conhecerá a liberdade, ele a transgride
no primeiro ato e se encaminha para a morte.
15-12-2011
Diego
Marcell
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