17.6.13

Sobre a liberdade


            Se a liberdade é uma virtude do mundo físico, ela não pode ser isenta dos condicionamentos físicos do mundo. Dizia Gonçalves Dias “a vida é combate que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar” ou então de um mundo gelado Dostoievski afirmava que “nada jamais foi tão insuportável para um homem e uma sociedade humana do que a liberdade.” Diante de um olhar existencial Sartre chegaria a tal expressão: “É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.” Este conceito negativo de liberdade diverge de outros (ou seria positivo?), aqui a liberdade manda, emana, enquanto em outros ela deve ser alcançada. Será que podemos citar Marilena Chauí quando diz que “a liberdade não se encontra na ilusão do posso tudo nem no conformismo do nada posso.”?
            A liberdade é atributo estático, como vulto da realidade ela é total neste mundo sob a lei Universal, e não volátil por patamares subjetivistas, por isso esta frase clichê (colocada abaixo) é ainda a mais significativa neste total reflexivo sobre o assunto: “minha liberdade vai até onde começa a liberdade do outro.”
            “Nossa liberdade é uma liberdade condicionada, uma liberdade em condição humana, nossa vida se desenvolve entre os limites inacessíveis de uma liberdade zero e de uma liberdade infinita.” (Georges Gusedorf) Nesta concepção, fortes e fracos definem seus rumos em níveis graduais. Segundo Rousseau “o homem nasce livre e, por toda parte, é posto a ferros”, porém é improvável nascer-se livre, já que todos nascem dentro de culturas possuidoras de normas que desde já predefinem rumos futuros desde o presente do recém-nascido. “A liberdade não é uma dádiva, algo que recebemos sem esforço” (Avelino Correa).
            Fortes e fracos devem ser conceitos elevados à Metafísica para definirmos alguns pontos de atuação da verdade (aqui a verdade de cada um segundo sua liberdade). Para Schelling “a liberdade é o começo e o fim de toda filosofia”; os fortes podem por uma lei “positiva” chegar à verdade, enquanto os fracos (negativos) são “predestinados” ao breu social. Há também a busca para se exercer, só os que partem de algum crepúsculo e vão além podem chegar ao seu próprio encontro, é a luta dos fortes, como diz Jaspers “só nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou puramente eu mesmo: ser livre significa ser eu mesmo”. Os fortes buscam a liberdade para exercerem os seus próprios “eus”, enquanto os fracos não chegam a ter conhecimento da liberdade por serem sucumbidos pelos aspectos de não-liberdade que sobrecarregam a sociedade em que vivem.
14-12-2011

            Toda religião, por exemplo, causa anulação do ser humano em nome de uma vontade divina de uma divindade inexistente, geralmente originária da mente do ser humano ou de um grupo de pessoas. Os fracos para resistirem precisam de toda culpa, de toda norma, de toda anulação do “eu”, porque o seu “eu” não resiste ao mundo (das influências), ele precisa da religião, o fraco jamais conhecerá a liberdade, ele a transgride no primeiro ato e se encaminha para a morte.
15-12-2011


Diego Marcell

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