21.12.12

Manifesto do novo audiovisual no Brasil


17-10-12

            A internet é o novo suporte do audiovisual e deve ser cada vez mais a tendência, mas é preciso renovar a linguagem, não me interessa fazer por fazer, ou usar a ferramenta como argumento, quanto a isso a teoria de Glauber Rocha permanece fundamental, é preciso falar de ‘nós’ através do audiovisual, falar do ser humano no vídeo, encontrar a relevância do discurso contemporâneo para expressar qualquer angustia que necessitamos comunicar.
            Copiar temas, formatos de descrição, deficiências optativas ou eficiências em discursos vazios é degradante ao ser humano quanto “produtor de cultura ou arte”.
            Há muita produção, até pela facilidade que existe hoje de se produzir, mas já não existem argumentistas, e este é o grande centro quando se fala de qualidade, o argumento caiu, até porque o argumentista deve ser um filosofo, e como há cada vez menos base filosófica em nossa sociedade, a tendência são os roteiros mal elaborados que tomam conta dos espaços de exibição.
            Fazer a emoção ser o principal do roteiro, é reduzir a humanidade a escravos das paixões. Muitas odes (que são vendidas como) para a juventude, não passam de exposição da degradante condição daquele que não soube viver no presente, quando mostram seus velhos chorosos pelo passado, refletem a falta de razão de suas próprias existências, como pude perceber, por exemplo, num curta de conclusão do curso de pós-graduação da Faculdade de Artes do Paraná chamado “Os ladrões de coração” que existiu apenas para exaltar o bla, bla, blá da juventude vazia, e em se tratando de estrutura, sendo uma cópia descarada do cinema norte-americano sem sua primazia técnica que seria (neste caso) a única parte boa deles, portanto, um desserviço ao pensamento nacional. Quando não consegue tomar o bom e excluir o ruim, invertemos a necessidade numa clara noção distorcida dos valores.

24-10-12

            Acompanhar o ritmo da humanidade é também transpor isso para o audiovisual, e esta aplicação se dá na montagem. Eisenstein deve voltar a moda, os planos abertos e lentos (sem uma proposta verdadeira) devem ser abolidos e o videoclipe deve permear o pensamento do vídeo (ainda mais quando falamos de 3 minutos de ação).
            Estes audiovisuais já não podem ser classificados como “filmes de ficção ou documentário”, mas como uma forma especifica de vender (contar) uma historia, um motivo, uma reflexão e/ou entreter.
            Para que são feitos estes “filmes” hoje no Brasil? Simplesmente fazer cinema por cinema? Tenho acompanhado mais de perto a produção paranaense e me pergunto, vendo até produções destes núcleos de pós-graduação com pesquisas especificas de produção ou outro(s), mas com qualidade técnica e intelectual tão abaixo do que esperamos que se apresente este material. Claro que queremos ver na tela nossos filmes, seja em âmbito regional, como nacional, esperamos produzir nossa cultura, nossos próprios objetos, mas a questão que fica é se realmente são obras nacionais, ou seja, que refletem nossa condição, estas que se apresentam, ou é apenas a demanda política ditando a situação.?
            A verdade é que os “funcionários do audiovisual” brasileiro são pessoas sem conteúdo para se produzir algo com sentido, que faça sentido (falo de porcentagem). Estamos formando profissionais incapazes porque os formadores já se apresentam incapazes. Não pensam nem sequer a condição do audiovisual como teorética no contexto histórico e contemporâneo, mas querem apenas sentar na frente dos seus computadores e mamarem do ultimo equipamento que visualmente irá lhe suprir carências de seres colonizados desde o ventre.

20-12-12

            Em contrapartida estamos vendo adaptações para a linguagem da internet de materiais que tomam destaque até na grande mídia, graças a isso. Tanto no já citado estado que me encontro (Paraná), mas principalmente em São Paulo, feito por atores, roteiristas e jornalistas oriundos da TV que cansados da linguagem limitadora da mesma, usaram da sua imagem e puderam experimentar (com sucesso) a linguagem exclusiva da Rede.
            Nossas escolas de audiovisual deveriam perpassar por questões que não são exploradas pelas suas especificidades, como o videoclipe esportivo, a videodança, a videoarte, o teatro digital, a esquete, como forma de ampliar as noções e necessidades disto nos que buscam a saído do vídeo. Deveria haver uma aula de historia do vídeo, para que alguma noção intelectual brotasse em cabeças tão áridas como as atuais. Devemos experimentar e conhecer, deve-se aplicar o estudo de linguagem audiovisual.

Diego Marcell

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