Há algum tempo em minhas visitas a
exposições de arte contemporânea, principalmente de arte digital, o que mais me
prendia eram instalações de áudio sem imagem. Mais ou menos ao final de 2013 e 2014
inicio uma exploração com áudios, realizando uma série de horas ininterruptas
de gravação, inclusive gravação ambiente. Culmina ainda no final de 2014
realizarmos o Papo pós-moderno na
Rádio Gralha, creio que por aproximadamente dois meses, onde os programas eram
de fato performances. Presumo que não consegui gravar uns dois ou três programas.
E em um destes dias, numa saída da rádio, gravei o primeiro áudio intitulado áudioperformance, que eu defino o termo
no próprio áudio. Já trabalhava no conceito de autoexplicação da coisa em si,
que como é ator extensão, passa a ser performance em linguagem/suporte. O artista-propositor
e, portanto, performer por natureza, está presente, expondo e atuando,
trabalhando com sentidos específicos. Lendo Paul Zumthor enxerguei a
performance contida na tradição oral pelo fato dela determinar valores, por ser
um corpo agente com mais poder que a escrita, sendo que esta é um corpo código que
deve ser decifrado, mas que para tal possui um enorme abismo até o corpo real
do performer; já a voz, mesmo que gravada, já dá mais corpo a ser conhecido; o
autor suíço diz que considera a voz “não
somente nela mesma, mas (ainda mais) em sua qualidade de emanação do corpo e
que, sonoramente, o representa de forma plena”[1].
Diego Marcell
22/08/2017
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