Para
mim é mais importante a construção do pensamento que a passionalidade das
verdades e crenças, desta forma só se chegam a equiparações, quando estas não passam
de lixo imediato, deve-se buscar a identidade, mas esta só se forma pelo
desinteresse pelos objetos como partindo do espírito, o interesse pelo objeto é
fundamental para a construção histórica e social, mas deve partir somente pelo
interessa da razão, ou seja, neste sentido como matéria pura de uma própria
construção, nós deixamos assim de fazer a construção alheia e pecaminosa que
incorre nas falhas sociais e no senso comum para buscar a construção do
individuo que vai de encontro ao aprimoramento do homem, mesmo que imperfeito,
porém honesto; neste ponto a honestidade e a imperfeição sendo naturais, a
natureza e suas gerações de imperfeição e erro mas expostos à felicidade, esta impossível
de ser coletiva.
Os
filhotes de Rousseau, por exemplo, que creem que o avanço técnico e racional não
leva à sabedoria[1],
mas sim a frieza, - concordo com isto de certa forma – só que ao contrario
deles, não vejo esta frieza como algo ruim, já que esta forma de lidar pode gerar
atitudes sociais corretas, diferente da paixão que sempre teve seus interesses íntimos
e obscuros influenciando a falsa beleza de tais atos. A dita “frieza” ao
contrario, tende a nos aproximar da justiça e esta sendo das bases principais
para um desencadeamento do desenvolvimento e melhora do ser humano.
A
sabedoria não é coletiva, mas o costume elitizado sob a tradição de uma
educação elevada por este espírito podem sim fazer e logo mais, apresentar esta
sociedade justa e livre; é através da ciência e da evolução técnica também que
vamos encontrar soluções substitutas às deficiências contingentes dessa
natureza, e jamais pela paixão ou mesmo pelo amor; dar liberdade a verdadeira ciência
só pode nos levar pela construção histórica a outras sociedades que certamente
só poderão ser melhores que as existentes até então, apesar de diferentes e
obterem fortes rompimentos com as velhas tradições, o que talvez seja o grande
causador de retração entre os críticos, já que a maioria age sob as velhas égides
do tradicionalismo, são românticos do homem.
Claro
que quando trato de ciência, falo da ciência entendida a partir do século XIX e
não aquela ciência que os antigos abordavam, o que talvez seja o grande
problema para os discípulos do amor já que os mesmos não atualizaram o
pensamento dos mestres, por exemplo, David Hume não trataria hoje de ciência aquilo
que ele nomeou em seu tempo, mas sim de tradição. Será que falta boa vontade, caráter
ou inteligência para os interpretes que negam a nova ciência como algo bom?
Se
Marx dizia que a época do salariado era a pré-história, eu digo que aquele
tempo era necessário, mas como processo, da mesma forma ainda hoje, não chegamos
onde devemos e este chegar também não sei se poderá ser fixo, mas melhoramos e
como processo, ainda imperfeito, obviamente devemos lutar pela crescente
qualidade deste sistema social não pelas anulações do sistema econômico, nem
pela – aí sim – regressão humana, como ocorrem com estes sentimentos baratos e frágeis
de pequenos movimentos e novas tendências que resgatam cascas de arcaísmos, ou
seja, eliminam a única coisa que faria algum sentido, apesar de
descontextualizado, que são as essências, generalizando tudo num único e mesmo espírito
romântico da decadência humana. O fato de “um pensamento ser sempre local” não pode,
porém, ser levado à generalização histórico/social, já que na construção
histórica não deve ter tal peso qualquer parte da construção do pensamento (do
individuo) para normas sociais, aqui justamente é que entra um poder maior, que
é a ética da técnica, ou seja, nossas verdades cientificas que apresentam a
saúde do homem é que devem prevalecer sobre tradições que em breve cairão no
absurdo, pois foram construídas pelas paixões e estas incluem a generalização
na exteriorização e consequentemente formação de conceitos. Com isto a
pensamento local deve ter a liberdade, inclusive do uso publico, estamos,
porém, almejando uma sociedade esclarecida, o que não é aceitável é ser
transformado em lei por forças irrefletidas o que se torna facilmente excitado também
por paixões da alma para deixar mais claro a questão da paixão, é preciso uma
aplicação mais incisiva de áreas que nossa sociedade produziu, neste caso a psicanálise,
sendo que geralmente estas manifestações passionais decorrem de traumas psíquicos.
Quanto
a esta sociedade que viverá sob a indiferença das paixões acaba sendo também uma
crença no eterno retorno e no homem de Nietzsche, pois ao findar as errâncias
da generalização até o “instinto” poderá ter sucesso neste homem, no caso, na
nova vida, não havendo mais preconceito já que grande parte do que se concerne
a valores hoje já não existirão, um exemplo claro e prático é a sexualidade,
sendo que as definições que ainda perambulam veem na tradição religiosa e
anteriormente a certa necessidade social referente aos primórdios do
sedentarismo; em nosso mundo transformado em objetos econômicos e suas relações
de segurança, muitos tabus devem ter fim com o desinteresse da alma pelos
objetos passionais de controle da condição humana numa concepção salvífica,
seja ela qual for, deixando claro que isto não seria estendido a um estado de
abandono do outro em estado de decadência, mas justamente faria com que o homem
possibilitasse dentro de suas condições o que foi estabelecido como norma de um
contrato de bem à nossa espécie e sob este contrato seria então exercida tal
capacidade de auxilio, desde a esmola ao maior dos altruísmos, desde que
sedimentados na razão.
Diego Marcell
1/7/2014
[1]
Não a sabedoria relacionado a genialidade, que estaria restrita a uma
subjetividade, mas as condições da libertação do estado de ignorância.
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