13.10.13

Para o niilismo contextual


            Se todos fossemos niilistas puros faríamos o bem ao mundo e à natureza e findaríamos aos poucos a humanidade. Muitos colocarão uma pergunta em específico que respondo prontamente: se vivo, desejo viver e não desejo morrer, logo sofro, sendo a morte certeza e utopia, então a não-existência é bem (ganho) maior para os que não vieram a ser.
            O niilismo é o resultado da historia do pensamento humano, sendo a evolução do mesmo (sem atribuir valores nesta firmação), sabemos com isso que a evolução máxima seria o retorno à forma de nosso ancestral seguindo o caminho inverso como o verdadeiro retorno, fechando um ciclo jamais pensado, até mesmo porque o vejo impossível como natureza, mas viável na aplicação do papel que o homem alcançou no planeta que aqui deixa de estar, reduzido à sua própria condição, agora o homem é Deus e seus poderes morais podem construir este retorno com base na evolução que a natureza lhe permitiu primeiramente e no que a historia cultural formou pela artificialidade dos signos.
            Este niilismo que apresento é um passo adiante das primeiras manifestações do mesmo ainda no século XIX e inicio do século XX; já podemos pensar mais profundamente a existência da causa maior, que é a mais importante desde que aquela tribo enterrou seu primeiro semelhante. Portanto já não é necessário discutir a moral e a política, pois mesmo qualquer rompimento que se queira fazer deve ser de caráter filosófico, ninguém deve aceitar a anulação do seu direito de desejo como individuo, basta compreender que os valores já passaram por transformações importantes que nos permitiram chegar aqui, este pensamento que se propõe tem amplitudes metafísicas ante os objetos filosóficos, o social passa a ser detalhe que em nada afeta no momento.
            Já estamos bem crescidos para não atribuir ao post-mortem qualquer conceituação, seja de Nada ou de Paraíso, a não ser o nada como não-ser, mas também não podemos afirmar negativamente quanto a existência de espírito ou alma.
            Portanto o fazer político e a ação social se fazem mesmo sob espírito niilista, o que não acontece é a atribuição de valores da forma que a sociedade coloca e que foi ainda mais intensificado com a cultura do herói, principalmente o herói vencedor norte-americano. Com isto damos vazão ao anti-herói como o habitante coerente da sociedade sendo aquele que não correrá grandes riscos como individuo, já temos este referencial no mestre do budismo antigo - não neste budismo de cópia que consequentemente se derivou - mesmo que a iluminação seja apenas para apresentar paralisia ante a cegueira branca, nisto há muito que se pensar, a não-ação sempre sendo mais instigante que toda agitação das águas e os latidos dos cães.

Diego Marcell

03-10-13

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