Em meados dos anos cinquenta, “cinema
de arte” designava uma linha de realização que, a partir do pós-guerra,
distinguia-se da produção industrial hollywoodiana. De um lado, a arte, com sua
aura de distinção, revelada na obra dos grandes autores europeus, como Fellini,
Bergman e Antonioni; de outro, os gêneros, puro entretenimento. (PUCCI Jr.
2008, p. 92)
Para vermos que este lugar-comum a
mais de meio século ainda é vigente. Decretos segmentados em decorrência das especializações
anulam fatores fundamentais simplesmente por não fazerem parte da questão fundamental
e momentânea. A indústria cultural também não mostra interesse em desmentir
tais rótulos, pois para ela só importa que se pronunciem os seus e se esqueçam
dos demais, a melhor coisa a fazer então é jamais citá-los.
Quando uma professora de curso técnico
com mestrado em comunicação subestima a capacidade intelectual de seus alunos,
é apenas o inicio da deflagração de sua ignorância. Ao usar um doutor da sua área
para afirmar questões antropológicas baseadas em citações de um livro do mesmo,
ela tem como única e, porém, poderosa certeza (além de deter o cargo de professora
diante das demais quinze pessoas) que a citação está no livro de um doutor e
que “vocês” pertencem a um curso técnico, não levando em conta que a
precipitada afirmação não diz respeito a sua área de estudo.
A mestra em comunicação segue
tropeçando ao afirmar que o filme “Guerra do fogo” não possui linguagem, nem
linearidade, o que é um absurdo, ainda mais vindo de alguém que se apresenta
com tal instrução; diz ela não se tratar de um filme comum como “nós” estamos
acostumados a ver, mesmo que ela não tenha argumentos para definir – filme comum
– nem intimidade para saber os filmes que “nós” estamos acostumados a ver.
O senso-comum é este espírito assustador
que insiste em falar mesmo onde não detém ciência do que se profere. Age com
legalidade absoluta no Brasil, como já citei outras vezes, na manifestação do
povo, mas está presente também na Academia, na Universidade, mesmo que estes se
mostrem irritados quando outros falam sobre suas áreas sem terem conhecimento, de
igual forma, estes professores fazem o mesmo com as demais, e todos sabemos que
os vários anos de estudo não valem nada diante do senso-comum, sempre soberano,
onisciente e onipotente – Wikipédia em todos “nós”.
Referencia
PUCCI
Jr, Renato Luiz. Cinema brasileiro pós-moderno:
o neon-realismo. Porto Alegre: Sulina, 2008.
Diego
Marcell
01-06-13
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