4.8.13

Comercial de margarina do Brasil


            Na tristeza desta vida só me restam os filósofos, mas só quero os pessimistas, os indignados, os que criticam a falsa beleza dos estetas com segundas intenções.
            Chega de falsas esperanças, da família do comercial de margarina, essa vida que passa como se o fim único dela mesma fosse ser feliz. Aí qualquer tombo se torna inferno eterno. É preciso estar blasé diante do êxtase e diante do vazio. Diante do gozo e diante da dor. Já que a vida ninguém sabe e o realismo é não saber.
            Te imputam a mesmice logo ao nascer e você cresce ferido antes mesmo dela acontecer, sente dores que hão de vir nesta sequencia obvia e quando finalmente chega a esperada desilusão você já sabe como deve agir, como personagem da telenovela.
            Novos fenômenos são criados artificialmente em nossa cultura de massa e ocidental, deles aguardamos o que já sabemos com a precisão das exatas do ensino médio. São carcaças sem base natural que carregam algumas sociedades para o determinismo cultural, mas quem recolhe o valor cultural do individuo? A vida vista por cima é composta de outras noções e de forma muito mentirosa as culturas primitivas são valorizadas, pois o Estado sabe que elas não ameaçam em nada, muito pelo contrario, geram um caráter de contra partida social, por isso quando o homem da cidade resolve adotá-la é ovacionado, mas quando aqueles querem abandoná-la são lhes imputados grandes problemas sociais.
            O homem negro não pode aderir aspectos brancos, mesmo que alguns sejam universais, mais que de segmentos, como se a cor da pele exercesse obrigatoriedade sobre identificações genéticas; o homem negro não pode abandonar nada que se refere à cultura africana primitiva, mesmo que estes aspectos sejam da humanidade primitiva mais que de localidade do mundo moderno – do homem moderno.
            O homem branco, principalmente o de olhos claros, assim como eu, deve seguir o modelo comercial de margarina, do liberalismo, mas também da complacência com pobres e minorias, mesmo no Brasil onde a colonização midiática é menos latina e mais anglo-saxônica, então aquele que pensa a maneira francesa é um babaca.
            Nos autoexcluímos das discussões latino-americanas e nos voltamos a cultura de massa terceiro-mundana, impérios não mais do estilo português, mas de ritmo pop, apesar de financiado por leis de incentivo, de remissão fiscal, toda estrutura se faz sob cópia (nem sátira nem pastiche) cópia mesmo, descarada do hemisfério norte. A grande diferença é que lá – a nova Inglaterra – que em mutação criou ou ampliou tudo em nível de indústria; já aqui a forma descontraída de transar com mulheres que estavam nuas e assimilar descompromissadamente as formas e produzir artesanalmente o que eles fazem através da fábrica. Esta é a diferença.

Diego Marcell

01-06-13 

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