Criar significa salvar-se
provisoriamente das garras da morte. (CIORAN, p. 21)
O Nada me leva aos pontos extremos
da vida, como Cioran ensina, devemos morrer a sós, para que a completa solidão nos
faça viver conscientemente e ao extremo – nós – nesta morte, mas me
aproximar da Utopia me assusta, tomar consciência do fato utópico leva a
realidade ao absurdo e transforma o Nada em fé profunda e instigante. A Utopia
é o fato mais real da existência, como Heidegger declarou, nossa única certeza
é a morte, mas a consciência e suas abstrações que impulsionam o ser não consegue
assimilar esta certeza e a transforma em Utopia, fazendo desta a única Verdade.
A Verdade sempre nos levará à não-existência, assim dizia o evangelho, a
Verdade libertará, aliada a algumas crenças platônicas que nos colocam presos a
matéria, portanto o fato de estar vivo e não se prestar atenção à Utopia da
morte faz com que a vida seja uma mentira, ou – a Mentira – pelo menos como
seres da natureza que pensam a própria condição nesta natureza. Se fossemos
somente seres de natureza e não de cultura ou política como disse o outro
filósofo, então estaríamos naturalmente na Verdade e não haveria Utopia.
Por que criamos? Uma das razões é
para esquecer a Utopia e viver mentiras imediatas, acabamos transformando
utopias em brinquedos e queremos construir uma eternidade com pecinhas. Quando o
ser humano se desespera diante da Luz da Verdade quase transpondo a Utopia ele
pode tomar diversas novas concepções sobre o que é e o que foi até ali, mas
suas mentiras estarão, possivelmente, ainda disputando um espaço com a natureza
não-abstrata, dando a entender que ainda há Utopias.
Referencia
CIORAN,
Emil. Nos cumes do desespero. São Paulo:
Hedra, 2011.
Diego
Marcell
03-06-13
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