O
“ser é perceber e ser percebido” de Berkeley hoje com outra concepção torna-se
o meio de vida que mais se destaca na contemporaneidade, este individuo que
remixa, que garimpa e que aparece, ele existe diante da massa que também é
significante e não mais anônima, mas o ícone pop está além, ele exerce a teoria
do filósofo iluminista em níveis avançados da percepção do que é “luz”.
Se
pensarmos que o mundo só existe no individuo, ou melhor, que o mundo é o mundo
do individuo, que a dor é do individuo e que o produto do mesmo já não existe
para o produtor morto, então retornamos a este estado particular que toda
significação é nula se não há significante, estes que na cadeia das relações se
fazem significar no outro significante na efemeridade de toda significação, que
é neste sentido a efemeridade do mundo, se o mundo só existe para o existente,
cada mundo tem seu curto prazo numa esfera de utilização feita através dos vários
seres.
Eu
só existo enquanto memória espelhada, após a morte de que valerá ter vivido? Somente
como significado na memória alheia até que este outro mundo também se desfaça. Até
mesmo a imortalidade da obra deixa de fazer sentido fora do próprio imortal,
pois é fato que ele não é e, portanto, jamais saberia que tem tal obra e que é
imortal diante de tais mortais até que estes deixem de ser e num acaso já não haja
em “outros tempos” um alguém que perpetue isto a outros que virão, o que também
não faz diferença alguma.
Assim
como conversava com um mestre em filosofia, este falava da necessidade e do bem
das obras adaptadas ao povo infantil, ao discordar e perguntar qual a razão de
se adaptarem tais obras ele dizia ser pela cultura, que é fundamental a pessoa
saber sobre aquilo e que sendo a obra original do Homero (o exemplo usado)
muito difícil até para nós mesmos. Mas se Homero como consequencia da Natureza
por uma causa qualquer não viesse a existir isso faria com que toda a historia
fosse reduzida, fosse inferior a que ocorreu? E que cultura é esta para o
Brasil? E os habitantes originais do Brasil são relegados a quê neste contexto?
O que esta cultura grega antiga acrescenta à criança sul-americana filha de
bugres no interior de Santa Catarina? E no Japão então onde a cultura tem outra
dimensão, eles não pertencem à mesma espécie que eu? E os povos que não tiveram
acesso a obra Macunaíma, por exemplo, são inferiores ou a obra de Mário de
Andrade não é digna de nada perante a obra de um russo? A cultura verdadeira é
a europeia? Então descartaremos todo produto colonizado reduzindo cultura a importações
ou se muito quando há interesse das leis federais de exportar um país com seus
maracatus remendados? Essas e muitas outras questões podem ser formuladas, mas
é importante perceber e atentar que toda esta realidade se faz da futilidade e
dos argumentos também compostos âmagonicamente
desta futilidade, sem querer dar respostas, ser demagogo quanto à
necessidade intelectual que sofremos desta cultura, mas retratar a percepção
deste mundo que esvai e que já se faz novamente, mas muito diferente de antes,
mais materialmente aplicando à frase de Berkeley que era muito religioso e tem
nesta frase atualizada todo oposto da sua fé, que se reverte para uma coisa
oca, mas pouco importa, pois ele mesmo já não tem consciência disso, pois para
ele esta frase nunca foi dita (pensada) e Homero na sua imortalidade nunca
existiu, nem mesmo para o próprio Homero.
Diego Marcell
21-08-2013
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