Eu
olho lá fora não vejo nada, preciso simular algum crime. Ouça a madrugada e
seja minha companhia. Mais um trago. Em lugares que foram demolidos. Em altares
para etéreos seres desaparecidos.
Veja,
minhas mãos já não tremem. Meus olhos não enxergam. Eu sou a mesma frase
esquecida e repetida incansavelmente pela terceira vida.
Apartamentos
vendidos. Desocupados. Mendigos mortos são sempre substituídos.
Seja
minha companhia. Alivie meu angustiante marasmo com alguma beleza emprestada. Alguma
mentira útil. Alguma máscara. Assim são os literatos.
Vivendo
outra vez. Outro jogo reiniciado. Repetindo cortinas, que agora possuem mais
pó.
Eu
me aproximo do circo, mas a lona desce cada vez mais. Não quero cair, mas às
vezes no impulso penso em me jogar.
Se
belo não está bom, se para pior, se continuo não tenho condição de pensar.
Você
morreu, ela morreu, não precisava ser assim. Era necessário, já que demoliram
aquele belo prédio da rua 13.
Diego Marcell
28/05/19
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