13.2.18

Resumo da estrutura conceitual




            É através de um ethos que o artista desempenhará a obra sendo sua vida, ao através dela emitir valores desenvolvidos pelo processo do autoconhecimento. Se faz necessário esse agir-obra como elemento purificador de um mundo sistematizado por estruturas de poder que para se manter instituiu valores hierárquicos, onde a verdade é seu principal regente metafísico, para que os elementos múltiplos dados pela natureza fossem depositados e enquadrados numa ordem de interesse. O interesse declara uma vantagem que pode ou não proporcionar vantagem ao outro, porém no sistema de poder a vantagem é revertida em favorecimento – no viés hierárquico – para denominações. Assim o artista vem como o desestabilizante natural do sistema artificial. Como componente orgânico ele deve manter-se saudável no corpo doente para lutar contra a condição em que o próprio corpo se encontra, que é o desequilíbrio, os excessos e escassezes que regem o sistema para a sua subsistência.
            Quando Sidarta Gautama criou valores para a existência, os anticorpos do sistema criaram o budismo. Jesus humilhava os velhos eruditos da religião, destruía o comercio da fé e andava com prostitutas e gente das ruas. Cínico virou sinônimo para mau elemento e Nietzsche autoproclamado “imoral” choca a massa. Flávio de Carvalho quebrando a lógica ritualista despertou o mal daqueles que faziam uma procissão para um deus que é atribuído como sendo a própria bondade. O comunismo dizendo elevar os desfavorecidos por meio aristocrata inventou uma utopia para calar o individuo.
            A tradição mantém valores que sustentam as regras para conduzir a massa por caminhos que não prejudicam os ícones. Sendo que pequenos deuses são iconoclastas.
            A escola alimenta o sistema, porque um individuo instruído ao autoconhecimento criaria seus próprios valores através do habitar a si mesmo, encontrando (ou buscando) uma essência pelo existir que por consequência entraria em choque com os valores rígidos da tradição, o que da mesma forma que desperta os que dormem, causa nos covardes o desconforto da imprecisão que é viver, já que o sistema de poder é inflado pelos covardes, os transformando na argamassa de sustentação de modo a se retroalimentar.
            Os corpos mais doentes dos governos totalitários travestiam alguns de artistas como que para enganar os covardes, que clamam por crer em ilusões, para transformar as sombras na realidade que não os fira; a ausência de vida presente na estabilidade do nada é uma morte em vida. Pois se é o movimento que gera vida, no movimento perde-se algo enquanto ganha-se algo, os covardes que nada ganham com o medo de perder transferem suas vidas, ou criação de existência, ao sistema, para que este lhes de a vida que “julgaram” ideal.
            A coragem que o artista tem de ser sua obra desencadeará reações das mais diversas e cruéis – muitas vezes – sendo esta condição em que se encontra para agir ele altera a própria condição por seus atos.
22/12/17
            Quanto mais este artista for absorvido pelo sistema sem deixar qualquer de suas propriedades espirituais, mais ele enfraquecerá o sistema ao expandir seus valores não padronizados gerando fissuras desordenadas. É o vírus. A mutação. É anarquia. É a determinação do indeterminado, é o proibido proibir.
            Quando a obra é o desempenho do Um no acontecimento passa a ser um elemento da imanência universal, dando novamente movimento ao espírito de Deus sobre as águas.
            O mito do Paraíso é representativo na medida em que o lado mau de nossa natureza seja manifesto no fruto do conhecimento ao a partir de nossa evolução à consciência, esta mesma esqueça a animalidade da nossa natureza. Seria isso que nos fez viver fora do Paraíso, justamente o fato de não atentarmos à nossa capacidade de criar a existência por viver o ideal e não mais perceber o autoconhecimento como o elemento fundante do próprio Paraíso?
            Existir virtualmente é de fato existir quando o que está no devir são justamente os valores e não o fenômeno em si?
            Os meios aprimorados e o desenvolvimento técnico propiciam percepções estéticas diferente, que, todavia tornam-se inúteis espiritualmente sem a liberdade no e do Um, pois é nesta liberdade que exala a poièsis.
23/12/17
           
Diego Marcell

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