12.2.18



            A galeria recebe bem meu trabalho, não tem previsão de ganhar dinheiro, gasto 20 reais na promoção de linguiças vencidas. Estou entediado, vou para a rua, meus últimos 30, 7 na cerveja, não paro de esbarrar nos pedintes, estranhamente respondo, não me compreendo, estou dando minha cerveja.
            Me irrito, vou ao morro, ver se encontro uma preta velha, sei que jamais a verei. Pego uma dose barata de cataia com meu troco. Um monte de uruguaios que acham que sabem sambar, brasileiros de merda fazendo samba baiano, samba quadrado, chuva ácida que cai.
            Tiro um capoeira com cara da rua, quero pagar uma bebida, jogo umas moedas e peço uma dose mais reforçada, vem pior, fico puto, bebo de uma vez.
            Estou puto. Estou zerado, a cidade está uma merda, morta. Não me masturbo a mais tempo que transo, 9 dias, gozo vendo Fernanda Young, nada faz sentido.
            Um dia saturado, queria socar, chutar as lixeiras da cidade, não consigo pensar, nem quero discursar, quero beber, ainda mais, dos outros, sem pagar. Quero beber.

Diego Marcell
1/2/18

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