Os lideres falam mal de
alguém, odeio ficar de frente pra fontes de luz, devem ser uns nove em nossa
roda, no horizonte um microponto luminoso vermelho em plano-americano pendula e
se aproxima até banhar a dimensão discernível, uma silhueta vampiresca,
satanicamente invocada de mundo não-dualista, objeto de êxtase, fenômeno
estésico, contemplação para os estetas, que materializada, banhada de vermelho
como se dela transpirasse suco em mundo vindouro, mas que em acaso premeditado
ou por pura metafísica seguisse cena de filme B, se formasse, ao ser
interrompido com sequencia tão típica que comprovou-se passível de realidade
como de fato se deu, uma gaveta da vida-performance.
Portas
pesadas, obstáculos de circo, catarse espacial, personagens multidão a serem
cenário, política à ser pathos marginal de um curta-metragem jamais montado. Eu
poderia ser o cara loiro de terno azul calcinha num estado norte-americano, ou
o galã dos filmes de Antonioni, mas era só acaso, tiro à esmo em vidraça de açúcar;
via uma mímica burlesca a me paralisar, pois quase não sustento seu esvair a
sumir entre imagens estáticas, ia em construído blasé e natural sedução para a
sensação decaída em noite fria; rosto e bunda a dividirem minha fixação;
desejo, mistério e paralisia me consomem em perdida existência, em devaneios
niilistas a desejar o vazio preenchido de forma.
Oh
dia da miséria humana a sustentar meus casos, ocaso contingente do abandono de
sonhos, mas corpo vivo de vontade, sangue latino sem América para suportar, sou
vigilante das criaturas etéreas pois me aproprio das ilusões para decantar a
experiência que é ter, mesmo que não se presuma tempo, colho flores de uma
marchetaria composta de silicatos,
grafite e outros alótropos do carbono que explodem nas telas de plasma. Eis o
elixir de veneno em seringa ausente no pântano sem perspectiva que tateio sem
precisar decifrar, ou melhor, que não quero decifrar, mas apenas ser consumido
para dentro como que sugado às outras dimensões dos buracos negros.
Passe
seu véu de incenso vertiginoso pelo meu pescoço, e me sugue com seus lábios de
serigrafia para que me torne mácula das gerações esquecidas, como fagulha na
história que repete genes mal decifrados.
Vulto
incansável das criações vadias me leve às sendas secretas dos seres sem contas
de email e sem digitais. Levante a tampa provisória que esconde o silencio mas
que ninguém parece notar, e lancemo-nos como olímpicos vândalos das naturezas
contemporâneas a ridicularizar passeatas em nome da moral. Assim luto contigo
criatura do assombro, já não peço medalha, apenas tesão invocado, composto do
que constitui o próprio tesão, sem narrativas nem signos, ser apenas orla de
madrugada nem imerso nem secura, fio de navalha a respingar sobre lençol grito
de espasmo o sangue das cortinas de seda, o baforar de tabaco em luminária
enferrujada, eis tua pele, plexo anônimo que parto sem perceber, numa vingança
de espíritos sem casa, são cães que desejariam vestir terno e sentar-se à mesa
com um caro pino noir. Mas estão a solta dividindo crimes construídos a base de
sanguessugas coléricas, e eu só desejo anulá-las pelo agora, pela ausência de
cosmologia e de câmeras de segurança.
Você
é só imagem que pode deformar a cada tempo e resignificar a matéria, o resto
passa a ser chama que consome, fogueira em concreto, madeira inflamável sob o
risco de romper em histeria e farinha de trigo.
Os
melhores seres são aqueles que aprendemos a invocar sem mantras e sem ritos,
sem manuais, sem combinação de palavras, sem dialetos e sem locais sagrados.
São os seres imã de poderes naturais sejam naif’s, sejam senseis, a coisa nunca
está aí.
Diego Marcell
07/09/2016
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