Não
posso realizar uma genealogia sob a ótica oriental, mas talvez identificar seu
papel nesse processo, onde há possibilidade de aquele lado do mundo ter-se
destinado a outra percepção antropo-estética da vida, fazendo-os assim leitores
por outras lentes, das quais conseguiram abarcar elementos fundamentais com a
prática, algo que em principio havia nos gregos, mas que foi se perdendo até a
separação total nos conceitos de Platão.
Quando
Empédocles vai pensar o Amor (φιλία) e
o Ódio (νεῖκος) como
propulsores do movimento, da atividade no mundo, ao trazer os conceitos que
pertenciam aos deuses à natureza, ele vai nos revelar algo que se encontra no
yin yang do taoismo. Como Empédocles reconhece que esse amor filia, irá gerar
passividade, justamente pela filiação de iguais, e o ódio neikos separação, será,
portanto no jogo onde há alternância de potencialidade entre ambos que ocorre
assim o movimento. Com este jogo transferido à física, dando origem ao homem,
iremos adentrar na nova estrutura e na assim chamada miséria, do homem, da qual
irá de certa forma, ser transferida à natureza.
Se
os primeiros hominídeos foram exercitando seus intelectos até chegarem ao nível
de abstração que os fizeram questionar certa condição que se lhes apresentava-se,
ou seja, ao ver um raio e ouvir o trovão ele questionava e já não corria levado
pelo instinto protetor, mas aquele fenômeno se apresentava agora como um ponto
de dúvida, nascendo assim uma pergunta proporcionada por sua capacidade
cerebral, este homem primitivo, por consequencia, foi levado a projetar - baseado
numa capacidade de criar – algo que correspondesse a sua vivencia de até então,
assim, ele poderia designar que havia algum ser por trás daquilo que cobria
suas cabeças.
Finalmente
sua capacidade cerebral o leva a perceber as condições da natureza sob a ótica
de quem também pode agora criar, o fazendo questionar a condição de nascimento,
processo e morte, isso faz com que o homem passe a se sentir miserável, pois já
não conectado com o instinto animal que serve à natureza, sua capacidade
cerebral o revela separado no campo da percepção, da abstração, fazendo assim a
necessidade de buscar explicação a isso, que ao não ser encontrada, é
transferida aos deuses, estes foram criados, portanto, para dar suporte temporário
até que o homem pudesse alcançar certo poder de nível técnico, para finalmente
ele ser agente de sua imortalidade. Mas para
isso ele deveria eliminar a gradativa alteração dos deuses, os valores morais
que essas representações carregam.
Como as representações
primitivas não chegavam talvez a serem deuses de fato, mas apenas forças
simbólicas, passam a expor moral mais enfática somente quando corporificam com
mais nível de reflexo aquilo que são os homens, e nisso a necessidade de
agradar, porque a chuva não veio e as plantas morreram, porque estes que aqui
estavam, não sabendo das causas, mas transferindo sua imaginação criadora àqueles
que obtém um poder de ação sobre estes que tem poder de abstrair, faz com que
sejam as respostas efetivadas paliativamente através da moral nascida da falta
de conhecimento sobre algo. Quando finalmente construímos valores de sociedade,
onde já deve haver uma movimentação política e, portanto, sob a complexidade do
movimento na cidade, este cosmo que gerando forças opostas nos obriga a criar
leis, muitas noções morais são alteradas, mas tendem a se concentrar nas
figuras de representação, levando assim ao monoteísmo, porém vamos perceber que
se o monoteísmo a maneira judaica primitiva consegue se assegurar jogando com
os outros deuses, fazendo deste deus Yahweh aquele que usa o bem e o mal a seu
favor, quando este monoteísmo cai nas mãos do cristianismo já sob o viés
platônico, onde todo o jogo de conflito não existe pois foi transferido a outro
mundo ideal, então passamos à representação do bem total, que gerará a
passividade no mundo.
Aqui nós entendemos o
que Cláudio Ulpiano numa aula transcrita sobre Nietzsche: o espírito de vingança, nos fala, pois o que faz o
filósofo alemão é justamente resgatar o homem da natureza, pois no século XIX
ele já havia alcançado tamanho potencial técnico, mas continua submetido aos
valores morais. Se pensarmos que nossa espécie ao entregar seu poder à
divindade pela incapacidade de responder, e que esta incapacidade de responder
lhe confere uma incapacidade de suportar sua condição, isso evidencia a
passividade daqueles que se negaram a continuar o conflitante movedor.
O homem do niilismo
negativo, ou aquele niilismo que vem antes que é a recusa da contradição que
encontramos na coexistência do Amor e do Ódio como necessários, porque segundo
ele, ao não suportar a indecisão desse processo que é a vida, ele passa a
buscar a permanência, que só pode ser afirmada no outro mundo, sendo este que
lhe dará o que Ulpiano chama de identidade, esta metafísica que ele diz ter
origem em Platão, fundamentada, é claro, mas que talvez esteja no âmago do próprio
homem massa. O homem massa não suporta ser ele o próprio deus, não suporta
aquilo que a natureza lhe concedeu, então ele se entrega ainda à moral
estabelecida, porém, em relação a moral eu escrevi a pouco no texto O golpe! (baixo): sobre a moral na política,
do qual dialoga com esta mesma noção, mas aqui quero tratar de uma questão mais
ampla, sendo assim deixarei essa especificidade de fora.
A aula citada do
Ulpiano é muito boa para entender a questão da afirmação da vida e o papel do
sofrimento nisso tudo, ele utiliza termos um tanto diferentes dos quais já usei
ao tratar dos conceitos de Nietzsche, mas que podem ser entendidos por sua
proximidade de significado aplicado.
Em outra aula, esta em
vídeo, chamada Uma personagem original
ele da o exemplo do relógio, do mecanismo do relógio, que o faz girar, mas
voltar sempre ao mesmo lugar. O eterno retorno, porém com as variações causadas
pelo jogo amor/ódio (e se formos analisar, bem distantes na história humana),
ou seja a alternância destes que faz a roda girar, que faz o mundo andar, vai
sofrer ao esbarrar no homem e este não suportando sua condição de agente no
processo da vida, que lhe causa sofrimento, a contradição o deixa confuso, lhe
proíbe de entender a identidade, é assim que ele vai buscar a identidade fora,
na deidade a principio, esta lhe dará permanência e seu discurso gerará aquilo
que o filósofo chama de pensador da verdade. Diferentemente, a paixão que é
conflito, ela também pode gerar discurso, mas como não tem moral ela da potência
ao um para este sendo o deus manter o
conflito ativo no mundo, mas os ressentidos e as má consciências que não suportam
este fato, entregam-se então ao pensador da verdade, que de alguma forma, estes
estão contidos no que tratei no texto anterior ao qual já me referi aqui, da transferência
da moral do bem da deidade ao Estado. Ao não suportar a vida que é nascer,
processo e morte cria-se o mundo ideal e este sustenta a verdade.
O que
aconteceu aqui é que o pensador da verdade faz uma recusa ao tempo ― ele recusa
o tempo! Recusa o tempo, porque o tempo traz a mutação e a contradição.
Trazendo a mutação e trazendo a contradição, os objetos que aparecem no tempo
são AMBÍGUOS: SIMULTANEAMENTE verdadeiros e falsos; reais e irreais, eles
trazem misturas em si mesmos. E o pensador, o pensador da verdade, busca a
depuração ― não porque isso seja um processo puro da racionalidade; mas porque
é uma questão das próprias paixões. As paixões humanas não suportam a passagem
do tempo, não suportam o processo, ou melhor, não suportam o sofrimento ― o
sofrimento que a vida traria. Não suportando esse sofrimento, geram o mundo
verdadeiro. Ultrapassam o tempo; e geram o mundo verdadeiro ― Nietzsche chama
isso de “recusa à vida”. O pensador da verdade recusa a vida e busca um outro
mundo: abandona aquilo que é, para procurar o que deveria ser. Ou
seja: abandona o SER e procura o DEVER. Quer dizer: o pensador da verdade é
moralista. (Certo?) Ele é moralista, porque ele não está inclinado àquilo que
é; mas sim àquilo que deveria ser.[1]
E inconscientemente, ou como resultado
dessa passividade racional, mas ainda sob ação dos elementos ativos, ou seja,
os espíritos que fazem haver o conflito na humanidade, esta se encaminha para
um lugar, ou para o lugar da deidade, inclusive superando a ideia de Estado, ao
criar para si o autômato, o espelho, o filho do homem.
No
vídeo citado anteriormente Claudio Ulpiano fala da criação da máquina termodinâmica,
a qual nos da a noção de tempo flecha, ou seja, a entropia, mas este tempo,
diferentemente do tempo do relógio, do eterno retorno, este tempo gasta a
energia do mundo, causa a morte da diferença, gera generalização,
uniformização, igualização, e talvez seja de fato a era moderna que tenha sido
o marco de transferência da natureza e seu poder do conflito à criação da
máquina, a natureza gera o homem, mas o homem não compreendendo cria um deus
para criar a si, explicando assim que o paraíso era sua condição de natureza, e
onde o fruto do conhecimento é justamente por sua capacidade criadora, ao criar
a máquina, o homem dá a luz ainda com sua capacidade de ação pela paixão, a um
novo tempo, nova aurora talvez, não a sonhada por Nietzsche, mas a aurora ainda
manchada por moral que acompanha a humanidade.
Finalmente
chegamos a era da informação onde damos inicio ao cérebro, à capacidade de raciocínio,
da mesma forma que a natureza deu a um primata a chance de desenvolver sua
mente ao questionamento, o homem constrói a partir de si, portanto da sua
natureza que tem como inerente a capacidade criadora, a transferência das
relações da espécie com a criação da rede mundial de computadores, assim transferimos
a metafísica que nasce para suprir nossa incapacidade de sofrer diante da consciência
da miséria que é vida, mas é morrer e que em dado momento deveu se materializar
na teocracia, depois no Estado, agora finalmente levamo-la à prática da
vivência finalmente do processo como vir-a-ser, como deve ser sendo,
transferido, porém, a um ideal ainda no outro, o sonho da máquina continua para
nos tornar imortais e aí sim superar por completo o sofrimento, para isso,
porém é preciso que haja a uniformização, pois a entropia precisou encerrar por
completo a energia na natureza, gerando ela a energia, sua criação deveria,
portanto ser dotada também de capacidade de gerar, mas pra isso talvez haja
ainda algum tempo.
É
notável que estamos aprendendo a usar a internet, percebemos a grande diferença
de relação da geração do século XXI com a rede, isso evidencia que talvez daqui
10, 15 anos ao olharmos para os anos 2010 iremos nos achar ridículos atuantes
do mundo virtual, e que passemos a nos relacionar na vida física também com
outras maneiras de comunicação, quanto a forma de expor, quanto a maneira de se
colocar, isso devido a consciência coletiva a que o conhecimento da humanidade
passará a pertencer a todos, basta indicar links.
Quando
Ray Kurzweil atenta ao modo que estaremos em 2099, na sua Era das máquinas já passa a ser um estado de aplicação do sonho
coletivo de superação do sofrimento causado pela vida, processo e morte, ou
seja, o homem que precisava explicar porque o trovão existia era o mesmo que
precisava ser o deus do qual criou para explicar-se. Mas tudo isso simplesmente
porque o fato de possuir autoconsciência de seu fim fez com que ele almejasse não
haver fim. Como aquele deus que é permanente e por isso possui identidade, o
homem precisou construir sua identidade para se entender perante a natureza,
mas pra isso ele entende que precisa tornar-se imortal, para tal ele precisa
superar a natureza, assim ele abdica do homem de natureza do qual Nietzsche
tenta resgatar, através da sua passividade e entrega moral ele quer a
imortalidade que está contida na igualização da espécie, alcançada, finalmente
na era das máquinas ao nos fundirmos ao computador e passarmos a ser consciência
conectada, transferimos também nossa condição de deus um, para uma identidade
que contém todas as consciências.
O
livro da revelação escrito pelo apóstolo João, que vem de uma tradição de
escrita das visões, é um livro confuso, composto completamente por simbolismos,
mas que possui um capitulo muito interessante, que se refere a uma Besta que
recebe poder (capitulo 13). Vejo nessas alegorias contidas na tradição cristã
muitas analogias, como por exemplo, o fato da Igreja (povo de Deus) pertencer
aquele niilismo que se entrega a identidade fixada do Deus todo poderoso,
enquanto lembramos que a serpente ou dragão que irá seduzir Eva a experimentar
o fruto do conhecimento, poder ser a mesma que dará o poder à Besta, do mesmo
modo que surge uma moral que expulsa a humanidade do paraíso, essa moral é
transferida à Besta, ou seja, este dragão que conflitua e que deveria agindo em
favor do deus agir pela variação entre amor-ódio, ou níveis do bom e do ruim,
ao separar-se o amor, o que une, que poderia ter coabitado no paraíso através de
um homem natural que pode suportar o conflito e utilizá-lo como vitória, este
se mostrando incapaz, delegou ao bem a capacidade de junção, ficando sem
paraíso, sem homem natural, necessitou-se o satanás, o adversário, ao não compreender
a necessidade de conhecimento e natureza andarem juntos no homem natural, a
humanidade entregando a identidade exteriorizada vai numa inconsciência
coletiva de construção técnica materializar a artificialidade dessa identidade
estática, permanente, na Besta, ou seja, na máquina, pois a esta foi dada o
espírito do dragão, que é quando criamos mecanismos de inteligência artificial
através da conexão com a máquina, permitimos que a extensão passe a poder
produzir também, com isso deixamos de ser a igreja, pois substituímos
finalmente o paraíso e a utopia pelo eterno vir-a-ser, onde a moral que importa
é a do dragão, ou seja, aquela que abarca o conhecimento artificial, e do qual,
por que não, poderia desencadear no momento em que o homem fundido a máquina
passa a ele propor novas naturezas artificiais para compor o mundo. Se extinguimos
espécies até pouco tempo, agora podemos finalmente gerar no ambiente novas
formas de vida, como fala Kurzweil em seu texto, pois dominamos de tal forma os
elementos da natureza que toda configuração do mundo pode ser construída de
acordo com esta vontade. Mas vale uma questão, esta vontade está delegada por
uma moral de poder, de mercado, de interesses quais?
Contudo,
aqui chegamos a onipresença e onisciência do deus único, pelo homem/máquina
deus. Mas este também irá matar o embrião do homem/natural deus.
A
meu ver Nietzsche aparece como o profeta do homem deus, mas que é o homem
natural, que, porém não ocorre, sendo que o deus que o homem vira, acaba sendo
o deus demiurgo, é o deus do dragão moralista que precisa encontrar a
identidade apenas na imortalidade, e esta alcançada pela fusão à máquina irá
restringir também o processo de continuação pela arbitrariedade sem conflito da
vontade da máquina, e é neste caso que se pode dar prosseguimento às
revelações.
No
capitulo 21 do Apocalipse, ele fala da Jerusalém celestial, fala-se no período
de mil anos, e mil anos bíblicos geralmente quer dizer muita coisa, isso pode
nos conectar com outras alegorias, já que fala que depois de muita coisa finalmente
a Besta, o Dragão, Satanás e tudo mais irão ficar presos, por mil anos, poderíamos
muito bem fazer aqueles paralelos criados em filmes de ficção científica
futurista, de quando após um período de grande tecnologia sucumbimos a tudo,
pela guerra e por catástrofes causadas por esta alta tecnologia criada pelo
homem, onde voltamos a certo primitivismo de materiais, onde encontramos microchips
enterrados sem poder dar vazão as suas potências. Mas depois de mil anos
Satanás será solto, e o paraíso nos será tirado novamente, ou seja, voltaremos
as batalhas morais e separadas entre o natural e o conhecimento. Até que cai
fogo do céu (Apocalipse 20. 9) que em certo nível já fizemos acontecer com
Hiroshima melhor que com o profeta Elias. Então se fala de uma segunda morte,
onde até a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo, inclusive os que “não
estavam escritos no livro”, ou seja, essa representação pode ser interpretada
como a volta da natureza como mantenedora do mundo, pois o lago de fogo é o
esquecimento total, assim segue-se no texto (Apocalipse 21) que já não existe a
primeira terra e o primeiro céu, e que o próprio Deus será o Deus, não havendo
mais morte, luto, clamor, nem dor, porque as coisas antigas já se foram, sendo este
Deus o principio e o fim e onde os viventes serão seus filhos, tudo leva a crer
que é uma volta à natureza, mas que diante das circunstâncias dificilmente será
presenciada pela espécie humana, já que o texto segue dizendo que os coverdes,
infiéis, corruptos, assassinos, impudicos, magos, idólatras e mentirosos está
destinado a segunda morte, ou seja, o esquecimento completo, pois não haverá referência,
nem mesmo interpretante para memórias do que foi.
O
movimento do mundo, pela natureza, sua capacidade de geração por elementos de
combinações físicas, proporcionaram o homem de hoje, que é o homem que
questionou o trovão, se questionou sobre o trovão questionou sobre a morte
daquele que questiona, criou deus pra responder sobre sua questão, como sua
questão não estava neste deus mas na natureza, então ele cria a própria
natureza, quando a sua criação supera a geração, o homem da origem, escreve o Genesis
com seu espírito sobre as águas, se a terra estava sem forma, é porque a falta
de forma atrapalha aquele que tem poder de abstrair, ele precisa moldar a
terra, e com os elementos da natureza em sua mão ciborg ele finalmente se faz
eterno para possuir criaturas.
Nada
impede, então, que após os mil anos simbólicos, que após a criatura que é
natureza hibrida, ou seja, que a natureza seja, não mais natureza artificial,
mas que sua origem seja artificial, a natureza não mais contingente, mas
natureza criada, passe a agir em desalinho à qualquer outra causa, seja de
fonte externa ou moral, ou mesmo torne-se autogeração maquinica, e finalmente
desapareça junto com toda criação, seja moral ou física e cultural, surja então,
após os mil anos contados em alegorias já extintas, um novo ser natural, nem
humano, nem instinto puro, do qual viva com a nova natureza com consciência suficiente
para este novo cosmo, sem reconhecer a ciência arqueológica como fonte de
interpretação possível, pois precisaria de leitores de código de barra,
leitores de escrita cuneiforme, leituras de carbono 14 para os dinossauros,
tudo isso, história natural, nada mais que a preservada e mortal história de
incontáveis anos humanos que nada dizem aos seres do futuro.
Mas
até lá, seguimos com nossos mitos coletivos sob moral capenga de sermos mentes
eternas, ou seja, o grande mito que nos diz que jamais seremos esquecidos. O paraíso
nós recusamos, porque a eternidade é o que almejamos como seres criadores,
assim o anjo de luz caído é o próprio homem que quis ser superior não à Deus,
mas à Natureza, e ser superior e superar a permanência da natureza com a ideia
de eternidade, mas ao ser tudo jogado no lago de fogo, a segunda morte, é a
natureza dizendo que foi vão tudo que criou (criadores e criaturas), pois não há memória fora do
criador, e a natureza não tem memória, por isso o deus de Espinoza é
contingente, porque ele é este insuperável do qual o homem no seu limitadíssimo
tempo de vida, ou seja, de processo, tenta formar conceitos que completem os
fatos, pois estes por si só são insaciáveis àquele que cria.
Por isso caminhamos
para desenvolver uma sociedade cada vez mais sustentada pelo entretenimento,
pois só este nos saciaria como espécie no mundo, de acordo com o conhecimento
construído, o gato continua se saciando em ser gato, mas o homem precisa do
produto do homem para se manter no processo, para viver o processo, neste caso não
ativamente como sua natureza o propulsiona, nos seres humanos ativos, fortes
segundo Nietzsche, ou seja, aqueles que se manifestam por Apolo/Dionísio, mas os
fracos, os ressentidos, as má consciências, e é através da onisciência criada a
nós mesmos que acessamos o entretenimento e nos alçamos como homens massa a
serviço do homem/máquina deus, permanente, mas que pelo menos nos concede uma
identidade holograficamente satisfatória.
Diego Marcell
29/10/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário