Já
é um clássico. Revivido, resonhado, em tom de pastelão, com um Shamrock de
olhar desnorteado desde a apresentação midiática semanal, de riso borrado e
bege, mascarando a mágoa brega da trilogia tardia, já passados vovôs, já definidos
em eterna glória histórica dos céus mais plasmados em mito na nossa
inconsciência coletiva de espetacularização, onde a efemeridade se materializa,
é incrível que apesar de tudo, do freak show bem executado na luta anterior ao
grande show, na preliminar, no co-evento principal, Kimbo Slice e Dada 5000, de
figuras impares do estereótipo das gangues, dos submundos e dos marginais,
aquelas figuras grotescas como os coadjuvantes mais divertidos das jornadas de
filmes b, de forma como um leigo tacharia de fake, but ... isso é realidade
pura, vida pulsante de toda a história humana que não troca sua natureza, como
o alcance espetacular da sua construção imaginativa assim aquele nocaute
autoaplicado pela figura pelo físico e pela mente do coadjuvante, ex-segurança,
organizador de lutas “clandestinas”?, com duas vitórias no MMA profissional,
uma verdadeira figura de desenho da Hanna Barbera, mesmo com incríveis chances
de vencer, foi vencido pelo próprio corpo, ou quem sabe falta de preparo, pois
o show é maior, e como amadores? Ou profissionais do grande valor de troca de
nossos tempos ele vai lá e se deixa levar numa realidade paralela, mas era o
terceiro round onde se entrega e permite ainda que o sem nenhuma condição de em
slow motion finalizar mas como numa câmera mal colocada no set isso não
importava, pois a saída foi real, e tudo ali valeu o espetáculo num circo ou
num show de TV, não importa, a tenda sempre estará cheia.
Royce
menos preocupado (hipoteticamente) e realmente aquilo era uma grande incógnita,
valia tudo novamente, mas aí me surge outra tese, onde o próprio Shamrock fica
tão afobado diante do seu algoz que ele mesmo estraga tudo e corrobora com a
justiça da história, ou seja, não existe injustiça neste ponto, porque
realmente Royce não tinha obrigação nenhuma de parar, pois analisemos, ele deu
a joelhada que realmente seria ilegal involuntário, mas Ken Shamrock demorou
quase quatro segundos pra reagir, nisso é impossível que um praticante
esportivo não tenha um tempo de reação para dar outro golpe, ou seja outra
joelhada demonstrando o excelente clinch de muay thai do mestre 6º grau de BJJ(sic), o que se vê em seguida é uma
decorrência natural dos fatos; encerrar daquela forma quem o fez foi o próprio
derrotado, que se fetalizou (rs), pois sendo assim o arbitro que por
mais que tivesse visto a reação tardia do afetado, poderia de fato ter certeza
do que fazer, visto o atraso de reação que pareceria um tanto estranho ao ter
se dado no momento da joelhada na cabeça?.
Já
é um clássico, também o evento, com Melvin Guillard em ladeira abaixo, como
outros, mas não importa, pois a grande lenda estava lá revivendo seu maior
clássico, 23 anos, 21 anos, a vitória definitiva, depois o empate mais suado e
agora o desfecho mais icônico à realidade possível neste período histórico, já
o é, Royce com a mesma expressão e o mesmo espírito que só o deixou naquela
luta com Matt Hughes, agora seria diferente, seria como seu pai nos duelos em
preto e branco, já veterano, Royce hall da fama do UFC embaixador do Bellator,
suficientemente para mexer com o mundo dos superatletas, da linhagem milenar,
Royce com uma bolsa que deve ter valido, num espetáculo que com certeza valeu.
Enquanto
Shamrock sonha com um único soco que apague a legenda, Royce somente com
aquelas velhas armas que agora mais que à 20 anos, seria suficiente para
enterrar os sonhos do grande antagonista, o perfeito antagonista dos filmes de verão
numa Miami em 1993 (ou Denver, que seja) da Sessão da Tarde, agora só se for
nas madrugadas do Corujão, sendo cada vez mais difícil crer que aquele seja “o
homem mais perigoso do mundo”, não importa, o roteiro e o legado estão postos e
confirmados, uma trilogia para ocorrer já deve ter sigo clássico no primeiro,
sendo confirmado no segundo e apenas comemorado no terceiro, quanto a um
quarto? Corre-se um risco.
Apenas
confirmava com um aceno de cabeça, sem qualquer escassez de ar, ele poderia
passar mais uma hora e meia como com Sakuraba, ou até três horas como fez o
mestre Hélio certa vez, mas desta vez não, se a primeira vez foi o que foi por
ser insubstituível, na segunda a margem para que esta fosse assim, um TKO no
primeiro round, a novidade, o improviso, e a diversidade das caminhadas.
O
que mais poderíamos dizer? Poderíamos passar o dia falando das mitologias e
seus locais próprios, mas não, basta dizer que: já é um clássico!
Diego
Marcell
22/2/16
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