Dostoievski
via Nelson faria um conto sobre o professor que transava com as alunas e as
tratava bem na escola, mas às tratava super mal na rua, onde elas ficavam
traumatizadas e o chamavam de monstro, chorando. Ele então repelia tais atos
dizendo
_ É bom irem se acostumando porque
depois de casados vocês se acostumarão a ponto de verem a naturalidade de tal
ato!
O
conto era pensado pelo escritor que no coletivo havia sentado atrás de um homem
cafuzo e um velho descendente de índios do Paraná e no banco ao lado um homem
negro do exercito brasileiro.
O
índio de cavanhaque branco não olhava para o lado exceto ao passarem as moças
de legging; já o mameluco encarava nosso cabo, este assustado, nervoso, se
mexia, mexia em algo, no bolso, na carteira, parecia com medo, parecia o alvo,
era o alvo de uma divida anônima, antiga, então o ônibus parou, o negro de pé,
o escritor de pé mais atrás, os outros dois sentados, o negro parou, o escritor
continuou, facada no crânio, e a mente do homem em coma repete – Dostoiévski via
Nelson faria um conto... -.
O
médico, a mãe, o sogro, a enfermeira, a faxineira, todos ouvem ele balbuciar
_ Dostoiévski via Nelson faria um conto.
Voz de bêbado, ele está chapado de
remédio na veia.
Ou
então ele para, e não seria nenhuma grande bosta aos dois.
Diego Marcell
7/11/2014
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