3.1.16

Anilingus


Com áspero pendor ao absurdo
Me inclino para o escuro underworld
Como se não soubesse dos monstros
Rompo a barreira
Coberto de plasma salivar
E pressionado por paredes caprichosas
Me transformo em nave
Em lunático
Em cão vira-lata
Ou portuário de Corinto.
E como surfista de ondas grandes
Que se choca aos corais abissais
Eu mergulho envolto de espuma
Deslizo por gamelas de mármore
Antes de virar beija-flor abutre
Na ilusão de um cinema invertido
Das sensações impossíveis de visualizar.
Luto diante do espelho gelatinoso
Da dimensão paralela
E aterrorizado pela ideia de ser sugado
Confiro as estruturas como engenheiro recém-formado
Sob as colunas barrocas do subsolo
Sem crisalidar vou de lagarta à éter
E percorrido três centímetros
No epitélio
Me transformo em eco
A reverberar dentro de ti.

Diego Marcell

31/7/2015

Um comentário: