8.9.15

Resposta do antropófago engasgado


            Alguém avise para o Oswald de Andrade que a transformação do Tabu em Totem já ocorreu no seu país macunaímico e quiçá em todo ocidente, inclusive no velho. Outra coisa que ocorreu já por aqui é o fato do antropófago habitar a cidade de Marx, porém, se de fato encenássemos os dramas pré-históricos ele teria ido embora cedo demais, antes da queda da cidade que é evidentemente derrubada pela falta de dramas pré-históricos. Não só a dialética tem o lado conservador, como este antropófago marxista é todo ele conservador, e depois de transformar o tabu em totem, criou outros tabus a partir de restos insignificantes que via pelo chão e atrapalhavam seu caminho de ócio da terceira terra do mundo.
            Este antropófago aprendeu que não existe mais aquele meio de produção e é uma pena o velho antropófago não ter vivido para presenciar a Era pós-atômica, o que ele pensaria da Era biológica? Esta podia quem sabe entrar nas suas discussões com mais profundidade que a simples ideia que a frase de Marx - “o homem transformando a natureza transforma a sua própria natureza” – possa se prolongar além dos aspectos físicos da bomba ou da mecânica industrial.
            Nesta nova Era, a bandeira ilógica não abandonou de todo a técnica, mesmo porque isto seria recorrer também a dramas pré-históricos, portanto, só tenho uma coisa a concluir: que seus filhos e netos ficaram caretas e reacionários no sentido pejorativo dos termos, justamente por se dizerem socialistas; nesta nova Era é preciso que se transforme o totem em farinha e que se devore com um delicioso frango assado em qualquer areia do litoral brasileiro, esperando um navegador avant garde para ser devorado à revelia, caso isso não aconteça, transformaremos nossas praias em seitas com os deuses mais fracos que a historia do homo sapiens jamais poderia imaginar, mas quem sabe até o teu afanado homem de Cro-magnon poderia participar calando assim os teólogos medievais e nivelando por baixo nosso direito de vir-a-ser, nem nosso compadre Mário e seu robusto arquétipo poderia adentrar a festa devido um certo odor ocre e fascista que envolveria o local, ou seja, eles ficaram com nojinho de comer europeu, agora só se comem naquela casta deles, que não preciso dizer também nesta carta o que já disse em tantas outras, mas a realidade de seus netos infelizmente é esta meu caro, o estomago deles acostumou com o mesmo de sempre e isto foi instituído como correto, seja lá como isso se dê!

Diego Marcell

24/7/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário