“A
alegria com o belo é completamente desinteressada... o belo é
objetivamente belo, isto é, para todos.” (Schopenhauer)
Não
podemos incorrer na necessidade de uma arte participativa como exclusividade. Aqui
podemos fundamentar com Schopenhauer e ouvir o povo, que se em momentos e “climas”
quer uma participação total ou parcial (limitada) num objeto ou “momento” artístico,
há de se perceber a realidade da arte como contemplação, onde o físico dá
espaço ao espírito e já não o é para o momento, mas para o sempre (o
além-estar). Agora, pensar que a partir do novo mundo sempre que iremos a um
teatro como público, teremos que participar e até atuar, é ridículo; eu quero
sentar, seja na caixa preta, na rua, ou na frente do computador e me deixar
captar por algo que alguém (diz) que tem a me dizer. Se não tem, também, este espetáculo
não merece ser visto, só em nome de uma exigência contemporânea, que aí sim no
roubo do tempo alheio quer que este compactue para se eximir da falta que vem
causando em nome da arte, mas só em nome.
Por
sempre o ser humano nesta necessidade fútil de colocar limites num conceito que
sabemos muito bem o que é, dizendo que teatro de internet não é teatro, ou só o
“ao vivo”; por quê? Se o espaço foi abolido, qual o problema de abolir o tempo?
O fato de eu ver uma imagem que foi executada (feito) a dois dias, ou a cinco
anos, anula minha ligação de presença, se como publico eu estivesse vendo
simultaneamente, mas no mesmo computador, pra mim será sempre como um tempo sem
necessidade, mas o efeito e o fim segue igual como realização
artístico/teatral, presença da teatralidade e publico. Nesta realidade virtual,
com sua graça, me permite presenciar fatos e atos dos anos 20, onde aqueles
artistas vivem naquele momento com seus 18 anos, com sua força física, graças
ao cinema e agora ao cinema na internet e logo a seguir o vídeo na internet, ou
melhor, não a seguir, mas simultâneo a partir do cinema (tempo), na internet
(espaço) e a realidade (eu).
Se
pra Schopenhauer no belo tudo que é individual cessa, o útil ou agradável é de
natureza subjetiva – ‘os fins são individual-subjetivos.’
Como
vamos alcançar uma coerência disto na arte contemporânea, como ter a
contemplação pura se não permanecemos mais que sete segundos a frente de algo? Talvez
agora nós transpomos estes conceitos de Schopenhauer pra outra forma de arte e
eles se modifiquem ou transmutem em outro sentido, quando talvez aqueles já não
existam. O útil recorre a esta participação, a este compartilhamento, a esta co-criação.
E o belo já não isento de satisfação (se isso não for possível ou isento se for
realmente possível em algum caso), mas desinteressado quanto o “eu” que
necessita estar, o belo existirá no não-estar desse “eu” múltiplo e vazio para
dar lugar a estadia do espírito monista e cheio, que é onde ainda há o ‘mero
conhecimento’, que não sendo do interesse, já não cabe neste mundo pós-moderno.
Diego Marcell
23/12/2012 – 04/01/2013
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