21.3.14

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            O que o mundo contemporâneo tem produzido, graças a vida virtual, é incrível. A filosofia que está se fazendo, a sociologia e a nova antropologia, todas longe da academia, estão matando os filósofos, eles já não importam e não importam nenhum de seus conceitos para que eles vivam, seus signos que importavam, na verdade os conceitos são 100% novos, sem resquício nenhum, existem imagens, imagens novas, e o fragmento não é como colocavam os teóricos a 20 anos, o fragmento é extremo, o fragmento é vazio, o mais profundo é totalmente resignificado, o hipertexto não tem texto, mas é autorreferente, estas pessoas estão lá fazendo sem perguntar nada, estão criando uma filosofia do zero e não estão dizendo que estão filosofando, não acreditam nisso, faz parte do fazer, do ser neste mundo, a morte do conceito é o que está se fazendo e tudo sem declaração, apenas o ato existe e somente o agora, e agora é que entendi a morte da história, a história tem validade, os arquivos são mantidos por cinco anos, cinco meses ou cinco segundos, esta é a história, o eterno agora, poderíamos usar Vinícius de Moraes de referência, mas não, porque Vinícius só interessa na prateleira, estas pessoas fazem suas próprias questões baseadas somente neste eterno presente, e mesmo quando se diz que alguém errou, a palavra usada no passado é de um passado irreal, a ficção cientifica foi substituída pela ficção histórica, todo imaginação, o intocável, o outro mundo pertence apenas ao visual de um tempo que alguém conta, que deveriam estar em livros de história, mas Napoleão é tão mitológico quanto Odin. A construção literária do Twitter e a vida expressa ali é o mais próximo que se chegará de Dostoiévski, e a maneira de jogar no Nintendo Wii é o Bertolt Brecht de hoje, mas não é sobre isso que quero falar, na verdade há coisas mais fortes, o design substituiu a literatura e não só a arte, ele foi além, ele é o conceito em si do vir-a-ser.
            Já os ícones, estes estão destituídos de conteúdo, conceito, história, estrada; a real relatividade da vida transformou o ícone em imagem autorreferente do individuo que vê, ninguém mais faz, o ícone não existe antes, o signo também (quase) não existe antes, depende um tanto do seu lugar como signo, mas o ícone, ou seja, o dono da imagem não tem poder sobre ela, não é mais o dono da própria imagem, o ícone só tem significado no outro, no livre transito pelo outro, lá o ícone é do outro como única forma de vida, única possibilidade.
            Os teóricos estão tão distantes que a teoria se acaba na restrição espacial, sendo que talvez em cada história ela havia sido a única que transpunha o espaço. Os novos filósofos não exercem qualquer teoria que ultrapasse três linhas, ou seja, na sinopse é que se apresenta a teoria, e a pratica parece ser menos acionista, mas é só a visão de quem não pertence a esta “geração”, pois estes sabem que tudo que fazem é só ação. A sociologia que se dá como fala e como texto autoexplicativo analítico, age na mescla sem barreiras, a partir deles já não há cultura de massa, apesar da indústria cultural estar lá, ela é estuprada num gesto de polisedução e auto-orgasmos.
            Apesar do povo nunca ter ouvido audivelmente o teórico, agora pela primeira vez sua voz é ignorada pela antropologia cultural, toda afirmação de uma construção se dá pelo signo construído, é ato total, se pensa fazendo, nem antes nem depois, somente o momento é usado e se existe algum conceito é ele mesmo, por ele mesmo, no seu existir.
            Os filósofos que escreveram sobre pós-modernidade não fizeram filosofia pós-moderna ou não escreveram, não teorizaram de forma pós-moderna, por ser muito difícil de fazê-lo, sendo que a própria pós-modernidade, ainda mais evidente agora que ela conseguiu com seus objetos contemporâneos praticar-se mais completamente, sendo que ela mesma não age da forma que sempre se costumou ser intelectual, há uma mutação da intelectualidade no dia de hoje.

10-07-13


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            Sou a favor de toda esta digitalização e seu uso que seja 99%, mas confesso que ainda tenho medo da sua posse total dos objetos, da existência dos mesmos somente em suportes digitais, pois vai que uma destas teorias conspiracionistas um dia se tornem reais e um boom qualquer resolva matar os servidores?!
            Veja como minha forma de descrição da ideia, da teoria, vem sendo sintética, resumida, essencial; eu me deparo com isso numa autoanalise de que prolongar tais questões fogem do propósito atual que serve à ideia, eu chamo ideia de chama, chamo no poema, mas é isso, vou da divagação à síntese, nunca a exaustão, pois esta a meu ver não tem “por quê”. Acredito que o contexto faz com que esta síntese seja subentendida e por isso a demasia é desnecessária, se o resultado é favorável ou não também só saberei no futuro, quando vierem as questões.

Diego Marcell

15-07-13

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