20.3.14

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Mas, se a resistência do punk tem sido tão facilmente reproduzida e acolhida quanto a de qualquer outro modernismo, ainda assim, a rapidez com que sua negatividade foi drenada obriga-nos ao menos a assinalar, mais uma vez, que a possibilidade daquela alteridade radical e extra-sistemica em que confiava Adorno agora desapareceu; que o jovem poeta, e a rigor o jovem artista, não mais tem acesso a uma imagem de libertação fora da mídia. (JAMES)[1]

            Somente a cultura de massa usa o termo “contra-cultura”, ou os que já foram mentalmente submersos ou nunca pensaram sua própria condição de marginal. A contra-cultura não existe, o termo é colocado como aquilo que não é cultura de massa, ou seja, que não foi “comercializado” pela cultura industrial. Toda a forma que se destacou na indústria, até Hollywood, tiveram que começar como cultura “natural”, claro que hoje já podemos criar cultura puramente industrial e para a massa, um exemplo disso são os virais; o comercial no nível que se apresenta hoje envolvendo não apenas produtos e serviços, mas fazendo de pessoas ou de esportes também produtos e serviços no mesmo contexto que o marketing trabalha.
            Aqueles que aceitam o termo que lhes é imposto, aceita que sua cultura é uma subcultura, quando a única subcultura é justamente a cultura industrial, por ter saído e não mais pertencer ao popular no sentido da sua antropologia e ter passado ao puro capitalismo como seu objeto sob registros legais, privados e metódicos, passível de mudança sob ordem mercadológica e não mais social. Não que o mercado não seja influenciado por este social, mas alguém agora forja a ação, ela não mais pertence ao movimento natural realizado pelo povo, e o alguém que forja é o signo do dinheiro que o faz.
            A poesia marginal não era movimento de contra-cultura apenas porque não tinha editora e sim mimeografo, pois sendo assim toda poesia antes de Gutenberg seria contra-cultural da historia, o passado seria contra-cultura! Não precisamos usar obrigatoriamente a lei vigente imposta por um governo ou uma “moda”, para sermos contemporâneos, e não precisamos ser vanguardistas também, esta ditadura da cultura de massa não pode determinar nosso pensamento impondo a linguagem para hoje – o hoje – o agora. A Biblioteca Nacional não é aquela que prova que sou um escritor, eu não preciso de um selo que diga o que sou, mas o conteúdo manifesto na minha criação é que deve fazê-lo, a publicação digital não precisa estar no tipo de arquivo que as grandes empresas criadoras de e-readers dizem que o seu texto deve estar, não é uma empresa que definirá o que é cultura e o que é ausência de cultura, mas unicamente a possibilidade de sentir. Se um artista criar com realidade virtual e alucinógenas um processo que faça sua mente acreditar em tais formulações que se apresentam a um “público” este não-objeto (ou objeto em potência ou virtual), mas este signo virtual de arte tem um criador e é cultura (assim como o conceito).
A Pop Art é cultura de massa ou cultura popular? Para sabermos precisamos entender os valores daqueles signos não só para o artista, mas para a indústria e para a massa, mas isto em três fases temporais, precisamos saber sobre o inicio, o pop pop e hoje ou algumas décadas depois.

Nota:
KAPLAN, E. Ann (org). O mal-estar no pós-modernismo – teorias, práticas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

Diego Marcell
09-07-13



[1] David E. James. Poesia/punk/produção: Alguns textos recentes em Los Angeles. In KAPLAN, p. 220.

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