Fico
lisonjeado por ter acesso a mais esta obra de sua autoria, como já revelei ser
admirador de seu estilo, mas também acho fundamental valorizar quando há uma
produção intelectual relevante em nosso meio, coisa que em alguns momentos
parece tão árida em termos de originalidade, não quanto a temáticas, já que estas
devem ser universais, mas quanto a forma de pensar, pois parece que no Brasil pensamos
mais através dos saxões do que pelas nossas origens latinas.
Tenho
passado por uma fase de autoconsciência do meu ser escritor, hoje li uma
resposta do Ferreira Gullar que veio a calhar em meu contexto; o tempo, a
ordem, e como sou escravo de minha ordem que surge em mim como um fantasma
natural, então devo aprender a me levar para não me prejudicar, assim como o
veneno que guarda o antídoto, nisto se faz a construção de meus textos, pois o que
faz sentido hoje não é produto final hoje, talvez eu deva aceitar este fato,
acabei de “fechar” um livro de poemas que só fazem sentido no contexto da década
passada diante do “eu” de hoje, mas a vantagem disso é que pude escolher aquilo
que de alguma forma me trouxe reflexões ainda fundamentais; isto escrevo não necessariamente
a ti, mas também devido esta necessidade de ordem a que pereço. Confesso que um
de seus últimos livros ainda não pude ler devido minhas obrigações de estudos
que me levam a temas específicos e não necessariamente prazerosos, inclusive
tendo que ler uma teórica norte-americana da arte, mesmo Nova York me
instigando toda referencia como centro de arte contemporânea, estes
estadunidenses me irritam profundamente com suas maneiras de escrever.
Quando
cheguei de viagem neste domingo e me deparei com seu livro, imediatamente me
pareceu um presente especial (no sentido de “quase metafísico”), já que
Mondrian é um dos que provocam em mim a contemplação pura ensinada por Schopenhauer,
junto de Malevich e Kandinsky que invocam dos meandros mais obscuros de um
tempo esquecido aquilo que somente signos solitários podem apresentar sem
necessidade de qualquer explicação, logo gostaria de devorar estes contos,
sendo este um gênero que começo a me encontrar como feitor muito recentemente,
os seus considero de medida ideal, não sendo limitados como daquele nosso conterrâneo,
nem excessivo como aqueles que beiram a novela.
Aquela
peça de teatro que havia comentado, terminei, é uma peça filosófica mais que
qualquer gênero teatral, não pretendo compactuar com este “ideal” de teatro que
se tem por aí, mas isso que escrevi foge das tradições e das escolas, é uma
peça existencial, mais Kierkegaarderiana e Heideggeriana do que Sartreana,
neste caso resolvi fugir das referencias tradicionais e deixei à Ionesco a única
parte que me liga a este gênero, se isto tende a ser melhor ou pior só os anos
e as outras experiências dirão. No mais vou construindo fragmentos que espero
um dia se fechem, tenho um texto para revisitar, escrevi mais ou menos entre
2003 e 2009, não sei como anda e como será aproveitado, imagino ser uma prosa
experimental, prosa poética, escrita em forma de investigação sobre signos que
causaram em mim naquele tempo o mesmo que Mondrian, mas como as geografias
mudam mais intensamente dentro de nós do que nos objetos, é esperar para “ver”.
Mais
uma vez agradeço pelo livro e espero em breve ainda mais novidades,
principalmente daqueles ensaios históricos e críticos como os do Prismas & perspectivas onde me
deliciava a cada novo tema cheio de incursões culturais.
Um abraço
Diego Marcell
29-09-2013
nas suas palavras esta expresso aquilo que vi no dia que você pegou o livro e falou do nome dele... há por trás disso uma experiencia de regozijo que não se pode recriar... mas confesso que dá vontade de ler todos os livros dele e gostar de Mondrian só pra poder ter este momento que você teve.... rss
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