20.3.12

Ética social e ética evangélica



         Se antes de haver o “boom” evangélico no Brasil, esta religião apresentava sua diferenciação social baseada naquilo que denominavam “ética evangélica” que incluía aspectos externos de “não beber, não fumar, não trair...” e delegados pela base missional americana que formou sua maioria no passado, de pensamento de classe média e sem envolvimento com política e aspectos sociais; neste primeiro período o que caracterizavam os “evangélicos” no país era esta “ética” diferenciada.
         Num segundo momento - que não irei me ater – e num terceiro situado no fim do século XX e inicio do XXI, a nova fase evangélica, que agora generalizada pela sociedade assume totalmente a fama da primeira, esta que deixou de ser a de colonização e a de missão, para ser neopentecostal, ela possui em seu crescimento rápido qualquer descaracterização – pelo menos na pratica – das velhas atitudes que marcavam os “crentes”, agora se o estatuto mantém certos aspectos “morais” nestas igrejas, na pratica já não podem corresponder os fiéis por estes não possuírem exemplos, devido a grande parcela de horror social causado pelos lideres neopentecostais, a antiga ética ficou escondida nos papeis.
         Porém, do mesmo modo que estas religiões de livros seguem no seu uma parcela de igual valor de fidelidade, parte do livro de outra religião (a judaica) esta não segue a antiga ética da religião oriental (com exceção de algumas seitas) que mantinha muitas de suas características éticas na alimentação e em aspectos do comportamento típico judeu, como feriados, por exemplo. Isto serve de parâmetro de analise para a conclusão de que ética social possui seus aspectos permanentes e universais, mas também os mutantes e locais, sendo então diferente das éticas religiosas apresentadas como universais sobre a sociedade, influindo (ou tentando, que é o grande sonho de qualquer religião) na mudança de leis e atitudes de indivíduos pela força do aspecto religioso predominante.
         A igreja ao voltar a noção racional da sua participação no mundo através das palavras do seu mestre tenderá a mudar seus relacionamentos sociais para a compreensão da ética social, sendo seu papel de amor, este que exercido pela religião e pelos religiosos é o único mover influente por trabalhar com a liberdade, onde esta liberdade habita decorre a possibilidade da paz e da harmonia. Para esta mesma igreja encontrar-se novamente envolvida neste aspecto real da ética ela deve retornar a busca de centralidade na teologia e na espiritualidade, sendo estas duas junto à ética natural o tripé que sustenta a religião, e não uma ética marginal que era a forçosa religiosa que a história tem apresentado deste muito.

Diego Marcell
20-03-2011

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