12.12.11

O papel da teologia na contemporaneidade

Teologia é um discurso racional sobre Deus. Uma explicação da razão, não do mito nem da poesia.”¹

Hoje a teologia tem sua necessidade acadêmica dentro da sociedade brasileira, e as várias interpretações religiosas devem seguir com suas teologias específicas, o que acaba por contradizer a teologia em sua essência e primórdio proferida por Aristóteles; dentro de ambas as possibilidades não poderemos falar apenas por uma teologia cristã dentro do mundo contemporâneo, mas de Teologia, o estudo sobre Deus ou deuses.²
Hoje se tenta versar entre a comunidade religiosa e a academia e mais adiante fazendo um encontro com a sociedade, porém é evidente o abismo que separam estas três coisas, principalmente academia e comunidade de fé, porque a academia teoriza e pesquisa este diálogo, suas possibilidades e atuações, e continua falando apenas para si, e num outro ponto fala dialogando apenas entre a religião “validando” com a academia um fantasma social materializado em diploma, mas na prática inútil socialmente, mesmo porque não quer e não consegue sair disto, expandir-se intelectualmente; quando, porém parte da academia, o desejo é verdadeiro, não conseguindo ser viável justamente por não existir uma Teologia essencial, tendo fraca expressão disso nas ciências da religião, com grandes limitações para a expressão teológica acadêmica.
A academia não descobriu um ponto viável da teologia para ser relevante na sociedade porque não se desprendeu da religião, alguns parâmetros para ela são discutidos aqui:

Para alguns, o propósito da teologia é descobrir verdades a respeito de Deus e da vida que se pode alcançar mediante o uso da razão somente – às vezes também da experiência. Para outros, a teologia tem um propósito apologético, pois procura convencer àqueles que não crêem ou, em outros casos, procura pelo menos derrubar os obstáculos que se interpõe a fé. Outra postura sustenta que a teologia é um exercício intelectual por meio do qual os fiéis chegam a entender melhor o que já crêem pela fé, portanto, a teologia, antes que buscar novas verdades, regozija-se em descobrir as profundidades das verdades que já se crêem.”³

Porém, no mundo contemporâneo e assim como no tempo em que surgiu a teologia deveria encontrar seu papel essencial, absorvendo mais a Teologia Natural e a Teologia Filosófica que as teologias de religiões surgidas segundo alguma causa humana, intervenção mística, revelação ou outros, sendo a academia expressão laica em estado laico, a teologia só será ouvida socialmente e encontrará atuação se for desconexa da comunidade de fé. Sua atuação na sociedade virá como resposta de valores a situações do mundo globalizado usando do pensamento coerente que o conhecimento desta matéria imprime por si só, como também obter interpretação pelo contexto temporal com relação à Divindade, o que o planeta e tudo que ele abriga falam e que pode ser entendido da Teologia, encontraria seu lugar dialogando com a filosofia, sociologia e antropologia, para haver completude no mundo que se apresenta e as necessita mais pensantes que como se mostram hoje, apenas reprodutoras e regurgitadoras de conteúdo que volta para o lugar de onde saiu.

A teologia serve-se da filosofia para seus fins, sem impedir que esta prossiga no cumprimento de sua missão própria. Ela avalia também a filosofia, como aliás todo humano saber, de acordo com sua superior fonte de conhecimento.”4

Pela forma que a sociedade se desenvolve e que a academia brasileira se apresenta, ainda mais sem um histórico teológico relevante, sem leituras importantes da atualidade que possam exercer resultado efetivo dentro do pensamento intelectual ou da prática social (com exceção da Teologia da Libertação em seu tempo áureo, quando exerceu algum resultado em mexer com alguma estrutura na época, seja estatal ou religiosa) assim a teologia na sociedade brasileira tende a nunca dar as caras, e ficar restrita ao gueto da linha religiosa a que pertence em nome da validação perante as demais classes da autoridade institucional concedida pela academia a quem goza de patamares hierárquicos em suas respectivas religiões. Por mais que se pesquise e se façam artigos e se discutam o assunto dentro das universidades mais abertas a esta questão, a mesma está longe de chegar às ruas e ter validade social, pois primeiro é preciso que os formandos tenham outro pensamento em consequencia direta da mudança de pensamento dos formadores, já que não basta escrever artigos e pesquisar temas na limitação física das salas universitárias, é preciso ação direta e conexão efusiva com as demais áreas que possuem ponte entre academia e sociedade, além daquelas pertencentes apenas a uma ou a outra.

Diego Marcell
12-12-11

Referencias

¹VOZES. Léxico vozes informações gerais para o desenvolvimento dos profissionais Vozes. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 435.
²GONZÁLEZ, Justo. Breve dicionário de teologia. São Paulo: Hagnos, 2009, p. 313.
³idem.
4BRUGGER, Walter. Dicionário de filosofia. São Paulo: Herder, 1962, p. 518.

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