4.10.11

Saberei?

Quando nada sabemos
Pensamos que somos inventores
Como se todos quisessem ser Adão
Pois ao descobrir a roda
Não sabe que já fizeram o avião.

Agora que sei um pouco de alguma coisa
Caminho triste por não saber quase nada
E ao descobrir que tudo que criei é bobagem ultrapassada
Ou cópia involuntária de algum estudioso.

Então minha opção é ser poeta
Que escreve bobagens abstratas
De sentimentos repetidos
Com estrutura de rimas baratas.

Quem sou eu para formular beleza no vazio?
Se não houver “eu”
Se não tiver um clichê original
Para chamar de “nosso”
Tudo é velharia
Lixo intelectual sem serventia
Ficaria lendo Sócrates todas as manhãs
Sem me preocupar com ninguém
Jogaria Nietzsche no lixo da minha concepção social/eclesiástica então
Para abraçar um belo café fresco numa cidade do interior do sul do Brasil.

Então me fecharia aqui,
Fazendo teatro de fantoches humanos para me divertir
E colocaria vídeos no youtube para me satisfazer
E escreveria orações para me redimir
E colocaria velhos textos sobre cinema na internet só para rir.

Talvez se Deus me permitisse ainda
Ter uma banda de hard-core para tocar
Para 5 pessoas numa tarde de sol.
O que será que aconteceria?
Uma nuvem nos cobriria?
Línguas estranhas nos falariam?
Não conseguiríamos ficar de pé?
Ou simplesmente alguém citaria alguma frase de efeito
Para dormirmos em paz?
Eu não sei.
Pois já não sou adivinho
Pois já não sou escritor
Já não sou cineasta, nem musico, nem ator
Posso me dar o prazer de dizer que não sou poeta?
Posso voltar a tomar xícaras de café a meia-noite?
Ah, quantos “ah´s” para aliviar.
Oh Senhor, faz do nada um Big Bang
Faz do pó um homem
Faz de um “eu” ninguém
Para eu aprender a ser alguém.
Deus abençoe aqueles que crêem.

Diego Marcell 13-04-10

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