4.10.11

Metáfora

Muita torre caiu, a história mudou, tudo desmoronou, está vazio, ah como é gelado este lugar e é triste te deixar desolada com os habitantes que te fundaram e terão que te reconstruir pela terceira vez (pelo menos).

Habitantes frios de uma cidade que só teve dois verões. Habitantes que maldizem os que se vão e sugam os que vêem. Será que amamos um dia? Tudo pareceu real enquanto durou, bom verão aquele, verões com ilusões, mas verões.

Nunca me deixaram plantar em suas limitações, mas fui convocado muitas vezes para colher.

É triste deixá-la, mas os documentos que relatam a história foram soterrados nos escombros. Pude brincar nas suas ruas e me banhar na chuva, mas não me deixaram crescer; e quando cresci vi que suas casas eram pequenas, suas praças eram frágeis e pequenas, e seus bancos apesar de atrativos eram a prova de som. E eu já não podia ficar ali inerte sem poder reclamar para o governador que eu precisava de uma casa maior. Então tive um despejo natural.

Um pouco depois a terra começou a tremer e o banco da cidade, seu orgulho, foi o primeiro a desmoronar. E já não se ouvia musica nas praças. E aquele estrangeiro que veio aconselhar foi maltratado. E a cidade começou a desmoronar. Hoje ela parece azul, mas ela é cinza. E fantasmas circulam por lá. E fantoches trabalham para o governador. E em nome de Deus eles inventam estatutos que não existem na Lei. E vendam os olhos do povo dizendo que a cidade ainda está de pé. Que só o banco central caiu. E que as casas são grandes e luxuosas. E que a praça tem musica e é perfeita (mas a praça não tem musica e nem é bonita). E eu choro pela cidade. Pelo governo. Pela praça. Que tristeza me dá vê-la assim e deixá-la.

Eu sou só mais um que foi mandado embora. Para ganhar o mundo. E restaurar cidades caídas. Já que na que me criei, só o governo e os fundadores “reerguem” a cidade. É o orgulho dos donos da cidade. Mas que um dia Deus a erga para não mais cair. Enquanto o homem à levantar, continuará a cair. E enquanto não forem quentes as pessoas da cidade, o verão jamais dará as caras por lá. Por isso eu choro e oro por ti, cidade e seus habitantes.

Diego Marcell 07-03-10

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