23.11.18

Angústia como azia
Abismo como espelho
Vazio
Solidão é deserto que arde
Quando o vazio é minha miragem
O mundo insiste para eu ser mau
Ele clama para eu ser mau
Só a maldade poderá salvar a alma sensível?

Eis que quanto mais clamo pelo bem
Mais o mal me cerca
Jesus no deserto
Quarenta dias de inundação
Solitária por um erro da justiça
O que pesa na balança é mentira

A química do corpo está rouca
O grito abafado é tortura das piores
Ei mundo que clama por devires
Que chora por ausências
E que mata por amor
És o mundo que insiste para minha maldade aflorar
Insiste para o ódio florescer do nojo

Eu não estarei mais entre vós
Serei a eternidade esquecida
Clamo para ver o rosto do mal
Sem o esconderijo das máscaras
Eu não brinco em serviço
Eu não brinco com o que sinto
Eu quero socar a cara do abismo
Estilhaçar minha pele em rubro gotejar
Mas quero a verdade

Jamais fui a falácia das massas
Fui o erro, o erro sim
Mas a falácia jamais
Fui o mal, o mal sim,
Como qualquer mortal
Mas jamais menti
Fui a verdade dolorida
Dos deuses odiados
Fui o desbravador das matas
E o andarilho das sombras
E jamais neguei os rastros
Nem inventei trilhas
Sou pura filia
No cosmo de neikos

Diego Marcell
23/11/18


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