19.1.18



P – Você tem que fazer alguma coisa.
F – Estou fazendo, estou meditando.
P – Você precisa se mexer, cara.
F – Depois da meditação farei meu kata.
P – Você precisa ganhar dinheiro pra viver.
F – O mundo não quer me dar dinheiro, nem por isso entregar-me-ei à morte.
P – Faça um concurso.
F – O cotidiano é insuportável com sua repetição mecânica e sem sentido.
P – Tem o sentido de ter condição pra fazer o que você quer.
F – O que eu quero não da pra fazer fazendo o que você acha que eu tenho que fazer para fazer o que quero porque você não sabe o que eu quero.
P – E o que você quer?
F – Eu quero a novidade.
P – Mas como você vai conseguir essa novidade sem dinheiro?
F – Então não quero nada.
P – Todo mundo precisa trabalhar.
F – Eu trabalho muito mais que qualquer um que você conheça, só que eu não trabalho pros outros.
P – Quer ter um negócio?
F – Eu sou o negócio.
P – Mas o dinheiro não cai do céu.
F – Enfia esse dinheiro no cu.
P – Mal agradecido, nunca te faltou nada.
F – Baseado em seus critérios, é certo.
P – O que faltou?
F – Respeito.
P – Quando faltei com respeito?
F – Em todos os dias.
P – Por quê?
F – Com 33 anos eu devo ter uns 20 livros escritos. Você já leu algum livro na vida? Você tem ideia do que é escrever? Não, porque o empirismo é a única realidade que você enxerga, tua capacidade de abstração é tão medíocre que qualquer compaixão se torna inviável; além de impossibilitá-lo de entender conceitos que o façam entender o que é a existência, porque em troca do símbolo monetário você de bom grado se entregou ao sistema. Um tanto da sua vida você entregou ao poder, porque sem decifrar o conceito você não consegue vê-lo como invenção, você o vê ainda como o mito necessário à sua existência. Mas como você não entendeu nada do que eu disse, então vou simplificar. O fato é que se você não respeita o meu direito de escolher um modo de vida julgado por mim para mim sob tal potência de minha natureza, querendo então me fazer assumir suas crenças, formadas ou aceitas por sua pessoa, que apesar de meu genitor, é incapaz de reconhecer tamanha ignorância de tal ato de não agradecer à vida por ter me gerado assim.

Diego Marcell
17/01/2018
Pequenos diálogos

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