5.10.17

Museu performance público sociedade e uma reflexão



O performer desperta as fraquezas do público, mas principalmente de um público especializado quando há além de conhecimento uma sede por atenção. Eis o problema de uma sociedade exposta pela arte contemporânea, quando esta mostra que os comportamentos estão excessivos, através da manifestação artística mais profunda (mesmo que cega) do mundo de hoje e, portanto vítima desta sociedade. A performance enquanto razão de ser, nos maldizeres dos embrenhados nos mitos e nos braços dos cegos, enquanto nos falta uma sociedade instruída o suficiente de forma geral (e isso implicaria uma questão social) para que certos comportamentos fossem evitados. Quando quem interrompe ou abraça o performer logo ao que eles mesmos julgaram ser o fim da performance são estudantes de artes visuais. Aí vos pergunto se lhes careceu a compreensão do que é ser artista. Assumir a dor do performer é um sério deslocamento psíquico de sua própria condição. Estes que deveriam levar com naturalidade o fenômeno artístico e desfrutarem dele no que ele proporcionava, fizeram-se de afobados daquela pseudocompaixão que abate certos espíritos e encerraram como representantes do público o espetáculo, o sagrado momento do artista. Neste caso da artista, Letícia Sequinel no MusA na abertura do CUBIC 3. Essa precipitação será reflexo da ansiedade do mundo contemporâneo, do mesmo que ainda estudante de arte não consiga ficar setes segundos em frente uma obra? Será a ansiedade dos aplicativos, dos vídeos, da imagem que se sobressaia à experiência artística estendida, se assim ela o entender? Este público não se contenta com ir embora se estiver entediado, mas ele quer em nome de uma sociedade que clama, ser também o salvador, o messias, e encerrar os trabalhos em nome do bem do povo. Enquanto os que ouvem o profeta MBL querem em nome de deus proibir o indivíduo, o sujeito-arte de existir; os que colocam outra moral trajada de bem, de compaixão querem dizer que por isso eles detém o poder de julgar o fim em nome do próprio sujeito que propõe aquilo que é um valor em si, pois trata-se disso, o que chamamos de arte contemporânea pelo seu artista contemporâneo irá propor um fenômeno que tem valor em si e este além de ser seu trabalho é seu papel no mundo, por isso o canto do filósofo pela arte. Seu poder de expressão, portanto, em contrariar o que se têm como norma (mas que deva ser questionado inclusive a norma em si) e neste caso podemos usar a performance no MAM em que a presença do corpo nu de um ser humano diante de um ser da mesma espécie em sua infância pode ser motivo de balbúrdia de quem nem estava compartilhando o mesmo momento. Já no caso do MusA em Curitiba, a questão é mais sofisticado, pois despertou uma subjetividade dos envolvidos nos valores da arte; um ato, deram-se a licença poética como se eles fossem donos de um desígnio que se desse sobre a arte num  viés platônico, já que universaliza a condição “arte” além da arte do artista, assim seria este o problema, enquanto os conservadores vindos do platonismo cristão falam em nome do mito, os pseudodesconstruídos de um bem “comunitário” em nome desta comunhão julgada por eles como certa e portanto, acima do um; assim sendo não se constrangeram e agiram sobre a ação que tinha “licença” de estar sendo. Mostrando à performance e ao performer que suas razões de serem neste mundo (inclusive pedagógicas) estão longe de acabarem.

Diego Marcell
5 de outubro de 2017
2:30

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