6.3.17

O interno



15 de janeiro
            Num mundo sem deus ex-machina, de mitologia singular e, portanto incontável, onde Freud é só decalque, onde metafísica é só decalque, onde xamãs feitos em laboratório com seus turbantes de tecido sintético mais brancos que qualquer brancura possível a um Omo dupla ação, onde estes reestabelecem códigos binários sobre constelações e supernovas mentais, por um deus desconhecido que tem seu zeitgeist de um pentecostes resfriado com o maquinário que exatamente delineia suas carapuças sobre cristos, budas e zumbis potencializados na legalidade do espetáculo e seus e-shop’s com black friday’s pílulas do esquecimento e do cotidiano morfológico da alienação voluntária da condição deste homem/moeda.
            Aqui o açúcar fino é granulado com formigas ainda mais finas. Há uma incrível experiência com pombas brancas da paz que são chipadas, transformadas em vigias com distúrbio ontológico; símios-pombas arremessadas de uma viatura aérea, elas brotam com suas técnicas de guerra e ninjitsu, mas entram em conflito com minha capacidade de percepção.
            Já estou no terceiro café gelado, mesmo tentando adoçá-lo somente com o açúcar, não posso ter certeza sobre a quantidade de formigas digeridas. Me dei conta que estas formigas são algum tipo de alterador genético biobehaviorista, e neste momento duas pombas-símios brancas da paz com técnicas de guerra e ninjitsu que são vigias se posicionam de forma a obterem uma grande composição de plano no melhor do cinema de espionagem hollywoodiano até desaparecerem um segundo após eu desviar o olhar em busca de pensamento ou por constrangimento ou por instinto arcaico/precário irrelevante à atual tecnologia.
            Enquanto medito e sinto a inconstância física na cabeça e nos olhos sinto elas voarem atrás de mim.
            Começo a ouvir muito longe dentro de algum lugar na minha cabeça, uma música destas feitas por programas criadores de músicas, estas músicas mantras para cultos selfie, com suas repetidas batidas hipnóticas e suas linhas alucinógenas e timbres de vozes répteis e ela vai descendo pelos pulmões e intestinos até ser interrompida por uma propaganda externa de hologramas pop up’s espalhados pelo ar, anunciando uma festa-tenda por vozes femininas padrões de entidades que simulam um ideal balzaquiano repensado aos clientes do “mundo atual”.
            Tenho feito movimentos cada vez mais lentos enquanto o tempo passa mais rápido. Cada movimento é realizado como vivência estésica, como apropriação vital de proposições participacionais de casa corpo de Lygia Clark numa exterioridade Estatal que burocratizou e incluiu a aceitação de termos de uso a toda identidade das novas contagens temporais propostas pelo mercado, onde cada registro é que define a idade das coisas de acordo com check in’s que se somam aos bancos de dados mundiais nos protocolos dos perfis viventes, somados a imagens estáticas, imagens em movimento e gif’s, além da infinita contagem de frases frívolas saídas das bocas e dos dedos.
            A ausência do tempo imposto pelo mercado me assusta por ser imposto pelo mercado ou por deus e não por mim.
            Sinto que cada ato é arrebatado de mim, mesmo que eu tente fechá-los numa caixa escura sem qualquer vazamento. Sempre há vazamento. Vazamento ectoplasmático sugado por buracos negros, matéria escura, não matéria, mistério ou campos (por enquanto) não espaciais, dimensões intrusas ou qualquer futuro conceito. Assim é como se o fim da existência passe a ser inviabilizado como experiência histórica e passe a compor a desregrada construção informacional mesmo como ausência de informação. Assim é que a contagem física das horas passou a também decalque sobre mapa como disseram Deleuze e Guattari. Quatro horas de viagem de trem já não são sentidas como mais que meia hora de experiências curtas sobrepostas. Dez horas de avião evaporadas na tela dos microcomputadores de mão. Vinte e quatro horas de um dia fixados numa placa enferrujada numa praça que ninguém para.
            Não há salvação para um junkie replicante com híbridos de Willian Gibson e Philip K. Dick em seu pseudo-DNA.
            Por isso eu coloco datas, assim eternizo cada natureza ímpar que um dia foi fenômeno criador composto de relações de fronteira num paraíso artificial realizado num passado devir.
            Cherry é um cachorro andrógino. Existem os andróginos naturais e os artificiais. Cherry é natural e artificial.
            Estou pensando em comprar uma arma e brincar de jogos de guerra com as pombas-símios vigias e outros autômatos. Eu sou leitor de manuais de guerra, orientais e ocidentais, mas prefiro os orientais.
            (A casa 91 tem 42 anos, a 12 entrou em decadência e foi comprada por aqueles que me mandaram pra cá. Ela continua em decadência).
            Meu nariz escorre, espirro e meu corpo todo coça, parece que fizeram mesmo algo que não percebi.
            Não gosto do quarto que me deram, é quente e saem bichos das frestas, o sistema me assusta, ninguém controla os sistemas autômatos, mas eles podem controlar qualquer um assim que quiserem.
            Ainda não sinto abstinência, mas o que me incomoda é a condição que me possibilita senti-la.
            Toda e qualquer arbitrariedade física ou mental externa que impeça um ato físico e mental de livre potência é que me angustia. O poder na mão desses moralistas, a tradição dos financiadores. A ideia de ser enredado mais que o enredamento em si. O embrião da experiência abortado. O devir anulado no ser.
            De algum buraco sai o berro distorcido de pássaros grandes que lutam para defenderem filhotes simulados em looping para entretenimento de pais de crianças de motrocidade comprometida e cognição perfeitamente idiotizada. Casa ao lado.
            Eu só consigo dormir depois que doze comprimidos começam a fazer efeito. Só consigo sair da cama com a mescla de três. Mas tudo isso é permitido aqui. Só me é negado aquele que me ajuda a pensar. Preciso arranjar um plano, mas até na praia há vigias, e estes não precisam de técnica ninjitsu, o que os fazem muito mais perigosos.
            Tento não pensar em ninguém para pensar em alguém, como que pela aleatoriedade de uma máquina caça-níquel de homens/moeda.
            Hoje o horóscopo estava errado. O jornal todo está errado, com seus colunistas de senso-comum, com suas opiniões pré-concebidas, com seus furos no lugar errado. Com suas vírgulas no lugar errado. Só se compra jornal quando tem foto na coluna social.

17 de janeiro
            Ontem vieram uns caras logo cedo e me catapultaram do meu leito, me prenderam numa máquina oval e com métodos ciberpsicanalíticos e técnicas de segmentos da educação pós-militar, um hibrido socialdemocrata, me envolveram de tal forma que no fim do dia sem perceber, estava contando fatos da infância, à preferência deles, de levarem tudo à estrutura edipiana, me vi num conflito que só pode desencadear uma raiva em mim mesmo.
            Eles conseguiram construir um caminho do qual a prática e a especialização os fizeram profissionais condecorados, e pela aceitabilidade de proposições duvidosas, possibilitadas pela minha desatenção dei margem ao jogo sujo da dupla faceta dos poderosos. Armados contra tudo que possa abalar o status quo, Édipo, Freud, Marx e o Capitalismo tardio se levantam com todas as garras e a ferocidade animalesca do instinto que sucumbe a razão e até a possível afeto de irmandade. O homem que se entrega a esta tradição de condição nada mais é que um gangster.
            Aqui estão novamente os vigias nas minhas costas, ainda não os vi, mas ouço seu arrulhar medonho, criaturas de uma terceirização ideológica protegidos por leis de permissividade de enriquecimento ilícito.
            Eles sabem que um dos meus problemas é conviver muito tempo com as mesmas pessoas, ficar três horas numa sala com as mesmas pessoas, ou ficar 15 minutos em alguns casos pode ser devastador. Por isso preciso me comportar e não me submeter mais a testes psicanalíticos.
            O absurdo que pode ser manifesto nestas pessoas que tem poder me assusta. Mais do que nunca preciso das estratégias de guerra. Ter revelado algo após sair da máquina oval pode ter me prejudicado, mas isso serviu para me fixar mais no posicionamento correto particular e na atenção. É sempre bom uma derrota numa pequena batalha do que chegar invicto ao final, pois isso aumenta sempre em muito a chance de perder a guerra. O aprendizado saído desta derrota, da derrota que te esclarece os erros é que lhe renderão alguma glória.
            Existe uma maneira de realizar sem ser rastreado? Ontem me levaram para um lugar arranjado para a extrema direita. Os caras que sob sigilo faziam coisas sob sigilo. Demorei pra perceber. A mente estava limpa, mas fiquei pensando o que poderia ter ocorrido se não estivesse. Ainda assim como garantir se não me escanearam? Hoje o cuidado tem que ser dobrado, mas tem uma garota que quer sexo. Será que ela é bandeira? Bandeira demais? Há uma norma semi-existêncialista, 10% romântica, 30% ciber e outras questões complicadas de resumir, de sintetizar nos atos rizomáticos, ela precisa ser introduzida nos “mistérios” da “contraversão”, ela é “contraventora”, aqui somos todos marginais!
            Toda casa é armada com sistema de áudio aberto e nos quartos e hall superior há sensores de movimento, portanto, toda a ação deve ser pensada. Calculada e discutida pelo grau de finalidade.
            Na volta apareço no banheiro de chuveiro gelado. Fizemos o maior papel de grandes artistas, empresários, personagens sob um fundo violeta, cintilava em contraste anil, magenta, ela é minha rainha, seja lá o que as cariocas querem dizer com isso.
            Fizemos o filme underground da Califórnia tardia, um tanto cinza que foi performance, e videoperformance. Podendo ser tachado de “conteúdo interessante”. Ela é loura, a musa... (pausa) começa a tocar um áudio de algum plano soprado no microfone, não se pode compreender a mensagem nem de onde vem o som. Ela era a única com grau de loucura e beleza que seria possível para mim. Com condições artísticas e como consequência em sociedade como um marginalizado viável a filósofos e poetas.
            A nova musa marginal, da linhagem de Helena Ignez, musa underground da filosofia de Divine, e das formas de todas possíveis louras da sétima arte e do vídeo, modelos para Godard ou (?). Era ela na fotografia saturada magenta violeta, sendo subversiva e sendo bela de brincos turquesa. Ela queria trepar ali mesmo, entre as diversas famílias e casais caretas salpicados de forma bucólica da versão do The Sims, desse The Sims do futuro, da materialização inventiva que inverteu a posição do gerador do quê, o espetáculo precisa ser sustentado pela sociedade do entretenimento.
            Ela é má e descontrolada o suficiente para inverter a matéria do senso-comum e poder surpreender com a cena mais sensata possível.
            Antes do posto 6 tem uma entrada, indo pela calçada entra vira à direita mais ou menos 8 metros beirando o final da vegetação. Um quarto enterrado na areia.
            Ela tem um kantismo rabiscado na pele. Queremos mitotransa mas é domingo e ninguém dorme.

18 de janeiro
            Ontem quando a luz apagou, quando a cidade dormiu, nós transgredimos mais uma vez, a moral, a lógica, o papai e mamãe do edipiano totem histórico-linear.
            Fugir é covardia ou coragem?
            Se deixar pegar pela suposta coragem é na verdade o medo da independência, é entregar a direção, o domínio de cada ato, passo, movimento a aquele que agora tem o carimbo de “mais forte”.
            Fugir é estratégia de guerra, é dar longevidade ao ente que com isso irá cansar o inimigo, irá enganar o inimigo, irá superar o inimigo com o jogo lento, com o ilusionismo de distorção temporal, com a construção de um mapa, pela venda da ausência para criar a surpresa.
            A covardia é um conceito externo criado pelo espírito fraco que deseja destruir, eliminar o adversário para continuar no poder. Esse tipo de covardia pode ser usada como armadilha para aquele que detém tal conceito e que o propaga crendo tê-lo universalizado. O “covarde” agora, ao anular tal conceito e entende-lo como nulo na aplicação sobre si, pode simplesmente vê-lo como uma arma infiltrada no inimigo, inclusive jogando justamente com o conceito de coragem também posto por este inimigo, que, porém, deixando que o conceito sobressaia o entendimento facilitará a manipulação dos atos ao não ter valorizado o conceito como realidade objetiva, indicadora, mas apenas subjetiva de ícone contextualizado em estados segmentados, ou seja, que se percebe não corresponderem a uma norma universal, pois não abrindo ao poder externo engana-se o poder externo ao caminhar entre ele não o reconhecendo como poder e, portanto, como universalidade.

19 de janeiro
            Contaminado por um batom rosa choque em meu lábio superior, de manhã não consigo me mexer. Parece que vim de uma luta da noite anterior, são os remédios para apagar que me fazem ter sonhos tão bem elaborados de roteiros não lineares, onde eu acabo interpretando algum personagem que nada se parece comigo, digo isso fisicamente, o que deixa tudo ainda mais confuso.
            Num dia anterior era algum traficante de flores, que devia uns 40 vasos e era recebido com tiros de uns terceiros que se ligavam ao que devia, era num estacionamento no fim de uma tarde com chuva e sol. Eu era um gordo com 1,90 m. de altura e chapéu de gosto duvidoso.
            Dessa vez a coisa foi mais complexa, começou pelo fim, estranho foi acontecer tudo depois para justifica aquela cena, toda a história não fazia muito sentido como é de praxe, invadir o casamento do ex, fazer suruba, chegar policiais com presos, realizar uma manifestação artística com a fila de presos acorrentados no meio da rua, depois chegar bandidos motoqueiros e fazerem todos de refém por um motivo que já não me recordo. Mas cada detalhe de pessoas e cenografia deixarei para o esquecimento.
            Todo medo deverá ser extinguido, medo quanto ao passado e suas ligações, precisamos enfrentá-lo, enfrentar todas as posições que de alguma forma foram desencadeadas por ele. É um trabalho diário, momentâneo, constante.
            Ontem os militares vieram aqui nos testar, tudo indica que nos saímos bem, graças a nossas falhas dois dias antes. Mas nunca se sabe realmente da verdade, nem mesmo quando tudo termina. Ter me banhado no mar foi renovador, mas hoje é outro dia, um outro eu nasce dessa natureza de pesto e maracujá Joinville.
            Não consigo ler sem meus óculos de sol, ficaram no andar de cima, e aquelas pombas vigias idiotas ficam fazendo barulho logo cedo, uma-ontem-pulando de galho em galho, telhado, foi parar no parapeito da varanda, tive que expulsá-lo.
            Tem uns bichos muito doidões por aqui, elétricos e doidões.
            Aquela loira que não pode caminhar na praia e na cidade sem ser admirada por todos, pela brancura e pela beleza, não há gente mais branca e mais bela que ela aqui, eles pensam que é alguma celebridade discreta, ela foi ler Nietzsche, mais precisamente a Filosofia na época trágica dos gregos na areia da praia.
            Eu só preciso tomar três, quatro cafés antes de viver, ainda estou no primeiro.
            Em outro sonho eu era um catador de pedras, as formas das pedras, num lugar entre mar e rio. Os sonhos são a intensificação desses desejos diários, pequenos sonhos foram grandes desejos em breves momentos.
            Ouço essas malditas pombas-símios vigias caminharem pelo telhado, fazendo barulho jogando folhas secas para baixo e começo e achar que elas esqueceram toda a porra de técnica ninjitsu para andar em telhados!
            Dois garotos suspeitos, de uns 10 anos cada, chegaram até aqui a frente, olharam para cá, acho que não me viram aqui em cima, e de repente voltaram, será que também vieram por causa da pseudocelebridade loura? Me parece pouco provável. Diferente de um babaca com caminhonete de motor barulhento que ficou contorcendo o pescoço até a esquina. Todos desejariam a bunda mais sexy, mas as formigas descobriram minha xícara vazia e não há mais ninguém aqui. Só pombas idiotas!
            Ela diz que joga vôlei, mas na verdade lê O banquete de Platão numa versão azul capa dura dos anos 1970 enquanto o computador toca “número 11” de Bach.           
            Hoje foi um dia down, já acordei down, nada fiz, bebi, comi, dormi, acordei e bebi outra cerveja, já sinto abstinência, preciso de ação, os velhos amigos hoje fizeram falta, seguir os protocolos que me deixaram down, queria tanto e nada tive. Sigo os protocolos que me deixam down, nada quero fazer. Acho que está tudo batizado, ouço as ligações e nada sai do lugar, são cenas repetidas em telões 5D na minha frente. Ouço coisas que giram, os telefonemas os contatos, informantes, noticias para me manter aqui, sem alta. Nada sai do lugar.
            Se minha mente estava down, muita cerveja deixa meu corpo sem força, passo o dia deitado, não consigo tomar qualquer iniciativa, acho que tudo está batizado.
           
20 de janeiro
            Mais um dia e começo a perder as parcas esperanças que tinha, não creio mais em papo de alta, agora só quero fugir, chegaram mais aliados, onde caberão os meus? Meu caderno de relatórios aparece com manchas, não consigo identificar algumas palavras, preciso melhorar minha letra.
            Mais um dia e começo a perder as perspectivas, parece que não haverá alta, era tudo embuste para me manter aqui sob domínio deles. Começo a achar que está tudo grampeado, que sabem de tudo, que vigiam tudo, que até o ronco é feito por um reprodutor de áudio.
            Eles não cobram, mas as promessas também não são cumpridas. Sempre há uma espera pra nada, é o tempo esvaído em horas mortas de drogas sobre drogas que nos deixam lesados. São músicas com mensagens que remetem à infância, é Édipo e Freud toda hora disfarçado de astronauta.
            Há um número limitadíssimo de tomadas, nosso acesso a informação é restrito, ainda chegam jornais de papel. Jornais de quinta categoria. Não há sinal de TV. E precisamos pagar pela internet.
            Ontem ela cavalgava em mim como amazona de uma fantasia suspensa em nadaísmos políticos e estéticas esquecidas, mas alimentada pela sinestesia de uma vagina que devorava meu pau num deserto noturno, ela bailava numa terra em transe e como naqueles cavalos de pôr moeda ela seguia numa frequência de ondas e eu era seu pino e um tapete voador sem qualquer arte de tapeçaria com trabalhados e cores, eu era apenas uma esteira de palha congratulada imerecidamente pelo destino.

21 de janeiro
            Ontem mais uma vez após o almoço aqueles remédios para chapar, fiquei lesado e dormi, acordei espirrando e lesado. Fui ao mar ver se melhorava, e nada. Tive que tomar um remédio para estes espirros, uma pastilha pra poder comer, outro comprimido para desinchar o corpo. Comi muito a noite e mesmo tendo ido dormir horas depois, de madrugada acordo com calor no corpo, desconforto total, a iminência do vomito se faz presente, uma, duas esguichadas de um líquido laranja. Acordo e ainda sinto tudo frouxo por dentro. Isso reforça ainda mais minha crença de que tudo está batizado, eles estão me contaminando, hoje evitarei aquele líquido diário, espero que consiga!
            Continuo espirrando.
            Estou com lapso de memória ou estão me sabotando, sempre que vou pegar minha escova de dentes ela está fora do estojo, algo que abomino (.)

23 de janeiro
            Fragmentos sem lógica, sem conexão, induzido por remédios, inerte, só ouço as conversas e sinto as bolhas que coçam em meu corpo.

24 de janeiro
            Esses remédios que nos deixam com o canto da boca cheia de resíduos brancos e os olhos úmidos.
Link do áudio
            Acabo de conjugar o verbo enjoo.

25 de janeiro
            Acordo e vejo alguns quartos vazios, amanhã é meu dia de partir.
            Uma pomba da paz símio faz barulho, pego uma casca de ostra que catei na areia e usarei de estrela ninja, como arma para esta que está sobre meu quarto, mas ela se move e a perco de vista.
            Ontem foi dia de ajuntar lenha, hoje é de dobrar roupas e fazer esporte radical ou nem tão radical assim.

27 de janeiro
            Nós falamos coisas horríveis de nossos ídolos e amigos.

Diego Marcell
2016

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