28.1.17

Interseção poièsis



Estou fazendo da minha vida uma grande obra de arte, ao utilizar a poièsis aos novos conceitos propiciados pela contemporaneidade, a investigação torna-se já criação, a vida deve ser a interseção, é Nietzsche jurado do Silvio Santos tendo a obrigação de abalizar o performer Diógenes num programa desses... ainda assim não é lá que se dará este encontro, mas no bar, festa maior à Dionísio, festa retumbante das ideias de computador. Pois neste hibridismo pluralismo há de se encontrar algo, mesmo que num grande choque, não imagino, porém, prolongado, mas deixemos a bobagem política de polis, e voltemos à secretaria de segundo escalão chamada Cultura? Sendo assim unir o brega e o erudito nada mais é que uma qualidade do que se apossa do bom sem preconceitos morais de qualquer nível, procedência e espécie. Este mesmo, um poema poiètico de uma interseção em forma e conteúdo. Mesmo que em casos das artes visuais restritas atribui-se como forma sendo conteúdo da forma. Porém a compreensão da forma como entidade de culto só é possível aos seres sapiens, sendo assim, não se determina uma realidade a questão do discurso, mas se pode também sentir.

Isto eu já começava a investigar pelos idos de 2004, quando escrevi um texto chamado Conto. Onde me era destinado tal interseção como fenômeno do qual eu não distinguia a supremacia de qualquer lado. Isso foi desaguar num conjunto de textos sob a investigação estética formando um conceito por ignorância sobre uma questão também se construía, culminando em Modertrô, creio que o ultimo texto seja de 2009. Havia cansado da investigação porque já a superava com novidades pós-modernas, mas não me prenderei mais aos pontos históricos que deveriam envolver já a hibrides presente na banda Dogma 85, nos eternos ensaios que abdicávamos das composições para ininterruptos improvisos. E logo em seguida pela feitura de Memórias do Meu Mundo que nasce de Dogma 85, quando eu e Marcos Worms fizemos fotos experimentais dois anos antes e que iria inspirar a criação da história.

Com a ampliação de técnicas, das quais a pintura, que tentei realizar já de forma experimental sobre uns materiais que eu encontrava, primeiro com papelão, ouvindo música para encontrar formas, depois com spray sobre um tridimensional tosco, com rolo de papel e bolas de isopor, numa espécie de performance filmada em mini DV. Creio até que um dia eu posso reatá-las.  Porém as pinturas acabei rasgando ao decidir mudar de cidade, achei que carecia de valor. Ao aprender mais sobre materiais e somado ao conhecimento histórico não específico mas em seu contexto, pude reatar a pintura, algo que já desejava de forma discreta, onde o fazer também o leva à uma pesquisa, sendo esta instigada pelo trabalho mental, ou seja, o ato poiètico continua, do contrário é mecanicismo, puramente técnica. A poièsis nos aproxima da conexão espiritual por ser a que trabalha ontologicamente, necessitando assim do autoconhecimento, para que este desperte a forma (expressão) junto ao intelecto , ao alcançar finalmente a performance, que é onde corpo movimento, áudio forma à estética do som, versatilidade espacial que é versatilidade mental, e principalmente o expelir da materialização na virtualização que se dá – bom é muita informação e decisões a tomar, se isto se refere ou se deve usar na academia ou aplicá-lo a ajudar a vida performance, em sua consciência de expressão ao apresentar o conceito à ele mesmo enquanto matéria, objeto. Efetivamente nosso objeto é virtual. Existe uma Gif sendo uma incontável rede de contatos culturais, ou seja, fenômeno, também é poesia, performance, forma e conteúdo.  A partir de agora pretende-se ser, abaixo às mascaras! Salve apenas as descaradas, as manifestas em linguagem e criação consciente.

Não há porque separar diante de tal mundo uma questão fundamental para as felicidades. Existir sendo potência, sendo causador, continuidade da natureza, valorizando a capacidade para tal ao explorá-la. Sendo um único mundo, este mundo precisa se conhecer para se crer, no sentido de valorizar o motivo de sua existência. De alguma forma este produzirá algo de seu ventre mental. É mover seus tentáculos. Desejar o contato com o cosmo. O fenômeno é o que se apreende, é o objeto do devir, identificável até mesmo na tradição oral. Expressão é apenas liberdade, liberdade moral. Até que ponto o mundo ainda suporta os limites impostos ao significado à coisa? Creio que sejam sempre as perguntas que devem ser produzidas, espero que este índice gere perguntas.

Linguagem é apenas suporte de expressão, mas é a partir da poièsis que é fenômeno primeiro, fecundação, que o fenômeno/objeto se dá apresentando suas estesias.  Nisso tudo é a vida que apresenta seu valor estético sendo, vivência, isto que Oiticica nos falava, é um alcance à parte dionisíaco do que foi um tanto apolíneo, talvez uns 30%. O próprio nº aqui é forma, de músculo exposto. Poesia e conceito, o encontro das águas. Vamos surfar.

Diego Marcell
28/01/2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário