14.2.16

Pass... world


            Estava nu diante do papel, deitado inconsciente, na hora que ninguém sabe, que ninguém vê, sentindo o cheiro com, mas em experiência individual.
            Eu virava os olhos e enxergava um mundo imaginado, talvez sonhado num delírio de passado-futuro.
            Você reconhece um Caravaggio? Ela perguntou pra mim, eu disse que não, o velho estudo se virou com dureza e sorriu de canto,
_ Só gosto do seu nome, nada mais.
_ Mas você não estudou?
_ Tenho diploma, é só. No momento estou mais preocupado com os fatores químicos no meu cérebro.
            Me cobri e sumi na escuridão, nadei em busca do silêncio, algo dificílimo de encontrar por hoje.
_ Sou um auto executivo.
_ Alto executivo?
_ Auto executivo, eu me executo como ninguém me executaria.
            Uma vez eu li um conto de uma mulher, mas eu não me lembro... será que era daquele cara que escreveu Bola de Sebo? Mas eu prefiro pegar no meu pau.
            Porra, o computador ligou sozinho, justamente quando estava pensando no meu site pessoal de escritor.
            Veio um banner na tela, sobre mulheres que querem sexo, ela é loira como a Daryl Hannah em Blade Runner, ou seja, tem o cabelo daquele jeito.
            Acho que vou beber um vinho, só resta uma taça, mas preciso ficar aqui escondido antes que ela me puxe para dentro da máquina.
            Já aos 15 anos eu analisava a passagem do tempo, fazendo análise sobre um ano marcante quatro anos antes.
            Ela quer foder com o computador, como será isso?
            Estou ouvindo sons, batidas, mosquitos ou poemas, agora latem, mas aqui nunca houve cachorro.
            A sirene me roubou a consciência quase aterrissei num túnel limpo de um software 3D, volto porque sinto novamente o cheiro do papel.
            Hoje a rua tá violenta, sábado à noite eu ouço tudo daqui.
_ Vamos ao parque amanhã? Ela pergunta.
_ É evidente que não! Eu respondo.

Diego Marcell

9/8/14

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