Estava
nu diante do papel, deitado inconsciente, na hora que ninguém sabe, que ninguém
vê, sentindo o cheiro com, mas em experiência individual.
Eu
virava os olhos e enxergava um mundo imaginado, talvez sonhado num delírio de
passado-futuro.
Você
reconhece um Caravaggio? Ela perguntou pra mim, eu disse que não, o velho
estudo se virou com dureza e sorriu de canto,
_ Só gosto do seu nome, nada mais.
_ Mas você não estudou?
_ Tenho diploma, é só. No momento estou
mais preocupado com os fatores químicos no meu cérebro.
Me
cobri e sumi na escuridão, nadei em busca do silêncio, algo dificílimo de
encontrar por hoje.
_ Sou um auto executivo.
_ Alto executivo?
_ Auto executivo, eu me executo como ninguém
me executaria.
Uma
vez eu li um conto de uma mulher, mas eu não me lembro... será que era daquele
cara que escreveu Bola de Sebo? Mas eu prefiro pegar no meu pau.
Porra,
o computador ligou sozinho, justamente quando estava pensando no meu site
pessoal de escritor.
Veio
um banner na tela, sobre mulheres que querem sexo, ela é loira como a Daryl
Hannah em Blade Runner, ou seja, tem o cabelo daquele jeito.
Acho
que vou beber um vinho, só resta uma taça, mas preciso ficar aqui escondido
antes que ela me puxe para dentro da máquina.
Já
aos 15 anos eu analisava a passagem do tempo, fazendo análise sobre um ano
marcante quatro anos antes.
Ela
quer foder com o computador, como será isso?
Estou
ouvindo sons, batidas, mosquitos ou poemas, agora latem, mas aqui nunca houve
cachorro.
A
sirene me roubou a consciência quase aterrissei num túnel limpo de um software 3D,
volto porque sinto novamente o cheiro do papel.
Hoje
a rua tá violenta, sábado à noite eu ouço tudo daqui.
_ Vamos ao parque amanhã? Ela pergunta.
_ É evidente que não! Eu respondo.
Diego Marcell
9/8/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário