15.12.15

Se acreditasse em minhas palavras
As frases não seriam interrompidas
Os significados não seriam deturpados no ouvido
O sentido final seria preservado.

Se minhas palavras tivessem legalidade
Meu rosto não mudaria
Meu dia não se arruinaria
Minha vida não findaria.

Se minhas palavras tivessem consistência
Mudaria todo um cosmos de existência
Haveria paciência
E o amor conservaria o que se definha.

Mas as palavras não querem dizer nada
E sofrer foi o único bem concedido ao nascer
De todo aquele ser
Humano e social, político animal
Bípede implume
Que se mata por palavra
Pois a fala não está imune
Ao outro.

Os ruído dos mundos completos do alheio
É que jogam as palavras pra escanteio
Enquanto esperneio
Nas ceras de ouvidos seu Ícaro encardido
Prestes a derreter no sol da mente
Nas trapaças de travesseiro
Destes mundos inteiros.

Diego Marcell

27/7/15

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