29.1.15

texto inédito (sem maiúscula por pura preguiça)

eu dizia que quando chegasse aos trinta começaria a correr na rua. talvez o único resquício de uma inveja em mim seria a periodicidade das corridas do meu pai, mas acabei abortando este plano a mais ou  menos três anos, numa tentativa de corridas no passeio público, vi quão monótono e impraticável ao meu espirito é tal disciplina. a um tempo resolvi voltar ao futebol, suíço sobre o salão, isso também é uma novidade. hoje porém queria treinar kickboxing, e logo depois jiu-jitsu, me questionei novamente pelo professor particular, uma academia em casa para o autoconhecimento. mas a verdade é que nada faço e me vejo envelhecer, no espelho e deitado no sofá, vendo amanhecer, curitiba cinza, textura de sci-fi na minha estante, voltar a escrever crônicas me parece tão distante, mas a verdade é que correr aos trinta tem outro significado, chego aos trinta sem ver o tempo passar, vejo que amanhã terei a pele flácida e um passo da morte natural, apesar de acordar certos dias como que emaranhado de páginas e infinitas teorias para desvendar, outras vezes caio no dualismo do corpo/prisão e me afogo em desilusões metafísicas. como esta outra novidade, digitar diretamente no blog um texto bobo de diário. diário coisa que nunca tive. talvez seja pela necessidade de alguma experiência. fico gravando os fluxos de pensamento no gravador de madrugada, hoje tenho preguiça de escrever. métodos. hoje não, acordei livre, digitando como um veterano. pensar fumaça. sem saco pra poemas, e poetas brasileiros, e papo de escritor curitibano. prefiro as teorias, selvagens, prefiro as especulações sobre a eternidade em terra, ser um androide sem necessidade de salvação, apenas pra viver o futuro e ter registros lindos do horizonte.

vejo coisa filosófica em filme de ação.

e o filme do che, o doc, completo, lindo e romântico, mostrando as lutas e contradições daquele cara culto que comandou os idiotas e uma cuba digno de história hollywoodiana dos usa, porque depois a história só provou a incompetência e sonho infantil daquela geração. bom era ontem que eu tinha poesia pro che, hoje ele é passado, nem quero saber.

enfim, perdi meu tempo escrevendo...

retornei de manhã, parte do texto lá de cima é fresco. odeio estes textos de blog, já estão publicando em livro mas continua sendo de blog. devia ser um estilo. hoje não tenho maiúsculas por pura preguiça, não por qualquer vanguarda babaca, eu já disse que odeio a palavra vanguarda? me soa tão sem alma, como algumas outras, não que não houvesse, ela apenas perdeu no caminho, na história contemporânea.

parece que estou me aprimorando na maneira de ser chato, mas não como quando eu tinha 20 anos, aquilo era insuportável. o chato agora é velho, é uma chatice da intolerância diante da ignorância das pessoas.

fui num consultório de dentista, o fdp era adventista do sétimo dia, só pode, pra nos obrigar a ficar ouvindo a rádio novo tempo. ouvindo a rádio eu pensei que o politicamente correto está aí pra idiotizar o mundo, veja a 25 anos o que eles falavam na tv, veja hoje, não pode falar nada. vi uma nação futura toda vivendo sob a égide da retardadice, babando e rindo como um vitimado por remédio tarja preta, que quando confrontado parte para a agressão, e se for um cagão, para o processo judicial.

e o que será de nós? a meia dúzia que não virar bicho grilo ou punk que pede esmola? o erro. numa sociedade onde o correto é ser dodói, como os espíritos fortes preditos por nietzsche sugarão o sangue de belos adversários se todos seremos devorados pelos zumbis culturais acéfalos do politicamente correto? eis meu grande mistério. gostaria de conhecer esta meia dúzia espalhada por esta grande nação terceiro mundana em que eu pudesse deitar meu sofisticado senso de escrotidão, como diz o pereio, e beber um vinho, um pinot noir bem caro no meio da biblioteca.


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