8.1.14

A gaveta das interpretações


            Vou falar pelo Brasil, que é o contexto que conheço, vejo que as pessoas não conseguem interpretar o que leem e o que ouvem, elas possuem programações em suas mentes e conforme se adéqua ao enunciado, ela abre uma gavetinha e apresenta algo aquilo, que obviamente não condiz.
            Essa negocio de niilismo é um problema pra todos, todos os “interpretes”. Dizem que Nietzsche matou Deus, mas Nietzsche só leu isso na sociedade. Dizem que Niilismo é ateísmo, quando o ateísmo não pode ser niilismo, mas sim uma fé fundamentada. Ou o agnosticismo, isto que está mais para ignorânticismo.
            Tem uma frase de uma musica do Lobão que um dia escrevi no Facebook por achá-la incrível e por ter nela uma representatividade de meu estado de espírito, que é: “A beleza de tudo é a certeza de nada”, porém um kardecista fanático veio dizer que era um louvor a ignorância, então Sócrates louvava a ignorância também? Parece que sábio é ouvir dos “mortos” qual é o melhor restaurante para ir quando chegar ao outro lado. No Tumblr do mesmo Lobão teve uma onda de perguntas a respeito dessa frase num dia desses, e os questionamentos também indicavam a objetividade da obviedade a que as mentes estão presas, então o escritor revelava que diante a imensidão disto, da vida (reproduzo aqui estas questões de forma livre, não estou sendo fiel as escritas, até a frase em questão pode não ser exatamente a mesma, mas que vem atrelado as mesmas condições contextuais) como há de se ter ideia exata, assim como parece querer fazer os sábios, os mestres, os religiosos, e até os acadêmicos.
            Estou lendo Cioran e há momentos incríveis onde ele parece estar passando pelo mesmo que eu, claro que não sou idiota em acreditar nisso, mas penso que a maioria não saberia ler seus textos sem querer o suicídio ou xingá-lo até a morte (ou post mortem).
            Tive muitas experiências do tipo com amigos que estudei, pois apesar de estarmos nos mesmos níveis (que eu julgava, pelo menos) a discrepância era absurda por certas interpretações que acabaram por me fazerem refletir sobre nossa condição humana, principalmente no campo das ideias; daqui que tiro a ilustração das gavetas que eles escolhem, é como se a pessoa tivesse numa linha reta com outra trocando passes, e a bola lhe fosse arremessada em direção exata, mas na hora de devolver ela enviasse a bola a 90 graus da outra, ou seja, ela já estava com aquele apontamento em sua mente desde o começo, ela não pensou sobre aquilo puramente para aquilo, mas buscou o que era mais conveniente sobre aquilo.
            O niilismo ainda nos dará muito o que discutir e pensar, mesmo porque sobre ele não há nada “concreto”, ele está mais para um espírito que para uma teoria, voltarei a ele em breve, com Lobão, Cioran, Nietzsche e muitos outros, para desmentir todos estes que usam o termo erroneamente, o próprio Sócrates e até Jesus acabam sendo niilistas para seus contextos, um dentro da crença grega ou além disso, para a filosofia atual por exemplo; o segundo para com o cristianismo, já que o mesmo não sabe ou não quer ler a verdade deste homem. Poderemos colocar varias temáticas históricas e estéticas contemporâneas para o tema, mas isso é coisa do futuro.

Diego Marcell

21-11-13

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