29.12.13

Para conceitos estéticos de um sócio-sistema


            Aqui em Israel meu sentido mais exigido está sendo o estético, o design e o design do acaso, não só pelas arquiteturas e pela tonalidade una que o país carrega, mas também pelas pessoas, os gestos, as comidas, os produtos, os lixos, o pó que está em todo canto.
            Em Jerusalém há muitos etíopes, mas eles não combinam com a cidade, assim como quando aparece uma loira ou um casal norte-americano com o rosto vermelho, eles destoam do tom ocre que a cidade exige.
            Nos hotéis a beira-mar de Tel Aviv provavelmente das décadas de 50 e 60 rapidamente fui levado a velhas fotos e filmes que não vivi a não ser enquanto o sol a pino podia vencer qualquer vidro fumê. Brasília? Não, aqui o sol é mais homogêneo, não há sombras que possam geometrizar uma vida que fique cara a cara com o mar mediterrâneo. E este é o único mar que me interessa.
            A escrita e a fala direcionam nossas relações socioculturais, é incrivelmente contemplativa a forma que o povo daqui trata os objetos e a coisa-em-si. Não sei se a afetividade tomou forma antagônica de distancia/proximidade num efeito sanfona entre o físico e o virtual, mas é evidentemente casual e grotesca a relação entre eles e isto muito me cativa, me impressiona e me apura a apreensão da forma. Desde o carro que nunca é lavado ao fanatismo que os comerciantes populares levam as últimas consequências seus delírios de venda. Os celulares de ultima geração nas mãos de todos que já saibam falar e um certo relaxamento quanto a noção de brega na moda, apesar de toda força dos Estados Unidos sobre todas as nações, sabemos que o Estados Unidos é brega. Os lugares dispersos, os bairros distantes e tudo sempre deserto, mas sempre há alguém no deserto e sempre há um mercado ou um informativo com voz gravada para este alguém que necessita deste deserto e dos montes compostos basicamente de pedra, é impossível, e tenho certeza que isto exerce uma influencia fundamental sobre este povo, como em sua forma de dirigir e suas relações humanas e divinas.

Diego Marcell

05-11-13

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