27.12.13

Bons motivos para não viajar


            O homem é uma espécie que fabricou para si raças quando e para se identificar por diferentes povos, andando pelo mercado a céu aberto em Jerusalém percebi realmente como o ser humano é fundamentalmente um ser de cultura, ele cria vários signos para se entreter; gestos, adereços, temperos, formas de pensar e isto os identifica como pertencentes a alguém, algum deus, alguma língua, algum local no globo e por aí vai. Vendo o transito de carros e de pessoas percebi que a educação também possui tal relatividade que se aplica na ética (também na moral, mas em relações mais marcadas), o costume faz com que uma atitude completamente “mal educada” no Brasil faça parte natural do fluxo da cidade em Israel, mas em compensação questões mais diretas à legislação aqui (em Israel) não são violadas como é costume na vida brasileira e seu tradicional “jeitinho”. Na América Latina como um todo, nossas relações perpassam por hipocrisias históricas, principalmente os descendentes europeus que carregam até hoje uma culpa implícita com negros e índios por suas defasagens sociais, porém hoje, com toda possibilidade que o (e até excessivo) politicamente correto forneceu a estes descendentes de povos explorados já abrem aos mesmos a condição de igualdade nos campos da sociedade, porém certo espírito de pobre parece se apossar do tradicionalismo, do regionalismo e da cultura artesanal dessa gente para que continuem a imputar sobre os colonizadores a culpa, mas eles deveriam entender que hoje nem mais o europeu é explorador, nem o índio é explorado, mas que a nação é composta de nova gente e que sofre sem identidade com tanta diversidade.
            Na Itália aquela estupidez sem tamanho se mostrava genuína e homogênea, inclusive foi lá que tive a ideia de abrir um blog de avaliação de banheiros de aeroportos: aeroporto de Congonhas no Rio de Janeiro, nota 2, até que estava com certa higienização, mas algumas coisas não faziam sentido, o papel higiênico (que mais parece guardanapo de boteco) ficava localizado na parede de trás, sem um sistema de corte fazendo do usuário um contorcionista. Em Roma nota 5,5, sinceramente eu esperava mais do tão falado aeroporto romano, a única coisa que me surpreendeu foi a qualidade do papel higiênico, macio e grosso, de resto, tirando o estilo verde militar dos azulejos, era bem sujo. Mas chegando em Tel Aviv o nível era outro, ali sim eu pude comprovar que é possível sim termos melhores condições, e não falo só do banheiro, que de todos era o único que você pode dar a descarga com o pé, sem tocar em nada.
            Pelos corredores amplos e carpetados do aeroporto de Tel Aviv que pensei que apesar da alta tecnologia e das condições para termos uma vida melhor, ainda são escassas diante das coisas que temos que nos submeter em pleno século XXI, concordo com o Pondé quando ele disse que viajar está se tornando um grande churrasquinho na laje, pois não passa de um status comprado a prestação por indivíduos que querem surrupiar umas imagens que não lhes pertencem para suprir suas vidas vazias e feitas de natais chatos com pacotes grandes e coloridos e um chester recheado, pois – se conhecerem como indivíduos – isso não lhes é atraente.
            O avanço é sempre resultado de algo ruim, por isso o louvor à guerra, apesar destes que a fazem não saberem disto, mas a história se fez assim, cronologicamente e maniqueísta, matando uns e curando outros, enquanto aqui discutimos a possibilidade de ter chuva amanhã, fato raro a esta época do ano, outros estão a 100 km daqui imaginando que há um motivo verdadeiramente importante e até divino para se guerrear. C’est la vie.

Diego Marcell

31-10-13

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