O
homem é uma espécie que fabricou para si raças quando e para se identificar por
diferentes povos, andando pelo mercado a céu aberto em Jerusalém percebi
realmente como o ser humano é fundamentalmente um ser de cultura, ele cria vários
signos para se entreter; gestos, adereços, temperos, formas de pensar e isto os
identifica como pertencentes a alguém, algum deus, alguma língua, algum local
no globo e por aí vai. Vendo o transito de carros e de pessoas percebi que a
educação também possui tal relatividade que se aplica na ética (também na
moral, mas em relações mais marcadas), o costume faz com que uma atitude
completamente “mal educada” no Brasil faça parte natural do fluxo da cidade em
Israel, mas em compensação questões mais diretas à legislação aqui (em Israel) não
são violadas como é costume na vida brasileira e seu tradicional “jeitinho”. Na
América Latina como um todo, nossas relações perpassam por hipocrisias históricas,
principalmente os descendentes europeus que carregam até hoje uma culpa implícita
com negros e índios por suas defasagens sociais, porém hoje, com toda
possibilidade que o (e até excessivo) politicamente correto forneceu a estes
descendentes de povos explorados já abrem aos mesmos a condição de igualdade
nos campos da sociedade, porém certo espírito de pobre parece se apossar do
tradicionalismo, do regionalismo e da cultura artesanal dessa gente para que
continuem a imputar sobre os colonizadores a culpa, mas eles deveriam entender
que hoje nem mais o europeu é explorador, nem o índio é explorado, mas que a
nação é composta de nova gente e que sofre sem identidade com tanta
diversidade.
Na
Itália aquela estupidez sem tamanho se mostrava genuína e homogênea, inclusive
foi lá que tive a ideia de abrir um blog de avaliação de banheiros de
aeroportos: aeroporto de Congonhas no Rio de Janeiro, nota 2, até que estava com
certa higienização, mas algumas coisas não faziam sentido, o papel higiênico (que
mais parece guardanapo de boteco) ficava localizado na parede de trás, sem um
sistema de corte fazendo do usuário um contorcionista. Em Roma nota 5,5,
sinceramente eu esperava mais do tão falado aeroporto romano, a única coisa que
me surpreendeu foi a qualidade do papel higiênico, macio e grosso, de resto,
tirando o estilo verde militar dos azulejos, era bem sujo. Mas chegando em Tel
Aviv o nível era outro, ali sim eu pude comprovar que é possível sim termos
melhores condições, e não falo só do banheiro, que de todos era o único que
você pode dar a descarga com o pé, sem tocar em nada.
Pelos
corredores amplos e carpetados do aeroporto de Tel Aviv que pensei que apesar
da alta tecnologia e das condições para termos uma vida melhor, ainda são escassas
diante das coisas que temos que nos submeter em pleno século XXI, concordo com
o Pondé quando ele disse que viajar está se tornando um grande churrasquinho na
laje, pois não passa de um status comprado a prestação por indivíduos que
querem surrupiar umas imagens que não lhes pertencem para suprir suas vidas
vazias e feitas de natais chatos com pacotes grandes e coloridos e um chester
recheado, pois – se conhecerem como indivíduos – isso não lhes é atraente.
O
avanço é sempre resultado de algo ruim, por isso o louvor à guerra, apesar
destes que a fazem não saberem disto, mas a história se fez assim,
cronologicamente e maniqueísta, matando uns e curando outros, enquanto aqui
discutimos a possibilidade de ter chuva amanhã, fato raro a esta época do ano,
outros estão a 100 km daqui imaginando que há um motivo verdadeiramente
importante e até divino para se guerrear. C’est la vie.
Diego Marcell
31-10-13
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