Me deparo com um vazio
anti-histórico diante da queda de rendimento ideológico do país, já aprendi a não
ser patriota a muito, a deixar a seleção de futebol a mais tempo ainda; me
lembro de sempre imaginar como foi o movimento dos “cara pintada” lá no meio de
tudo, já que eu era apenas uma criança. Agora estou aqui vendo uns babacas
provocando civis de carro, a polícia já os deixou para trás, mas é isso que
sobrou deste discurso que nada diz.
Este canto de “o Brasil acordou” é
uma falácia, só em contos de fadas isso acontece, aquela Bela adormecida se
vivesse nas nossas favelas, se estudasse em nossos colégios públicos, jamais
acordaria. Ir a rua em nome de uma metarrevolução ainda é hipermodernista
demais, cheira a fantasia da mais forçada; a meia dúzia de baderneiros tão
criticados são os únicos que assumiram a falta de discurso e usaram a catarse
para se expressar. Agora os “artistas” que menos possuem conhecimento político ficam
twittando suas ideias levianas em
nome da garantia de uma imagem anti político-ladrão que move os stand upers brasileiros do modelo CQC.
Claro que o ápice das manifestações não
eram pelos 20 centavos, nem pela copa da FIFA, mas foi um ápice geracional que
vinha de exercícios que nada tinham a ver com esta grande manifestação, mas que
vieram acostumando a civilização através das marchas das vadias, lgbts,
evangélicos e outras, porém nesta grande explosão do Brasil que tanto refletiu
no mundo continua sendo em favor das microtendências contemporâneas, a
diferença é que coberta pela bandeira do patriotismo, à distância ela parece una,
mas após o terceiro dia ela se apresenta fragmentada como a ressurreição de um
Cristo pós-moderno.
Não sou a favor dos que estão aí (políticos),
mas é preciso organizar o pensamento, o imediatismo da nossa cyber-sociedade acaba
precipitando nossos orgasmos e quem não goza acaba sendo o Brasil, achar que
colocar dinheiro na educação vai melhorá-la é de uma inocência constrangedora,
sendo o inicio do nosso problema por ser o que desencadeia todo o resto, a
grande questão é o sistema de ensino, mais que estarem todos os jovens na
escola, mais que ter grande parte da sociedade com diploma de curso superior. Não
é não ter gente desempregada, mas ter essa gente fazendo o que sabe e não sendo
escravos dos subempregos das multinacionais.
Se formos pontuar questões realistas
e de fundamentais importâncias para se discutir, surgiriam coisas que não são sequer
lembradas pela população, como o sistema imobiliário ou de automóveis, questões
incentivadas pelo governo, e isto está intrincado na forma que eles tratam
estas classes emergentes, as conhecidas como C e D.
Desculpem, depois da breve euforia
do gol anulado, mesmo que eu acho de suma importância aquela segunda-feira 17
de junho de 2013, nesta quinta meu espírito niilista volta a se manifestar,
agora mais triste, com mais derrotas, com a morte de um ícone como Pelé, mas
com a alegria de ouvir um Romário, que ainda é muito pouco e segundo a “boca
pequena”, de desconfiar. Se o Ronaldo pergunta o que queremos eu lhe respondi
que não me perguntaram se eu queria copa do mundo de futebol e olimpíadas, pois
sempre imaginei o que deve haver por trás destas instituições esportivas, mas
se for dinheiro nosso e chamam isso de democracia, então por que não há plebiscitos?
A cinco anos eu não sabia, mas hoje
compreendo o que ocorreu em 92 ou 84 e compreendo mais ainda que não podem
haver comparações, o mundo é outro, nenhum Marighela e nenhum Che poderiam ser
coerentes e aceitáveis hoje, as causas e as pessoas possuem outra gene e
enquanto Feliciano e Malafaia fazem absurdos para qualquer tipo de cristianismo
e coisas pornográficas como a PEC 37 são colocadas assim na nossa cara, seis
idiotas retardatários da passeata curitibana chutam carros parados no sinal atrás
do teatro Guaíra na chuvosa noite em que com pés encharcados escrevo este misto
de tristeza e euforia, sabendo que amanhã já tem passeata confirmada no Brasil,
mas sem ter ideia de que com qual espírito ela irá as ruas, se como um pálido zumbi
comedor de euforias desconexas ou se como um gigante despertado... lembrando
das palavras do nosso profeta baiano Glauber Rocha e vendo que somos povo
devorado pela colonização cultural já deduzo que o gigante permanece dormindo
para esquecer sua fome eztetyka e consequentemente esta onda de zumbis
interessa muito mais à aqueles que andam, mesmo que cambaleando, por aí.
Diego
Marcell
20-06-2013
O terreno pro golpe está sendo preparado, capitaneado pela Globo. Como foi em 64 no Brasil, como foi em 2002 na Venezuela contra Chávez. Na Venezuela, tínhamos a mobilização popular lúcida, preparada, pra resistir e reverter a situação, que foi revertida. Aqui, não, e por culpa, em boa parte, do próprio governo LulaDilma, que se acovardou no enfrentamento do oligopólio da mídia e ela agora está aí, a pautar os neoindignados feicebuqueanos.
ResponderExcluirOps, me esqueci do adjetivo principal: "apartidários". Neoindignados feicebuqueanos "apartidários"
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