24.6.13

De viagem ao novo Brasil das metáforas


            Ele precisava fazer o passaporte, tirá-lo, sei lá, mas precisava mais ainda saber onde guardaria seus livros. Parecia um personagem de Milan Kundera, ou o próprio, lendo Paulo Freire e Emil Cioran, além de levar na mala uma Hannah Arendt na esperança de ir ao norte da Europa e assim precisar. Mas seu destino se afigurava em Portugal pela língua, na França pelo espírito, ou Israel pela necessidade. Mas outras coisas ficariam, a maioria sem valor e o resto aquilo que perdeu antes mesmo de adquirir, nunca adquiriu nada, até quando possuía, conquistava, não via, não sentia como tal, sempre se viu aquém da vitoria, da possibilidade da vitoria, talvez esta realidade tenha se materializado ainda cedo demais, quando descobriu que os poderes da mente que os orientais ensinavam e a fé nada moviam de verdade, muito pelo contrario, sempre fora a força física, que nunca tivera.
            Será que terei de exercitar as metáforas, justo agora que consegui perder toda fé naquela gente, nos “artistas” de 40 anos antes, justo agora que elimino quase toda gene macunaímica de meu sangue para assumir a ausência de cores na minha bandeira.
            Não! Ou ame-o ou deixe-o, com muito prazer senhor cidadão, não quero mais seus brindes, chega de troféu, bezerro de ouro derretido, despifania ao estilo deste Baco do Oficina, este grande oráculo reprodutor de clichês que não vingariam sob um simples diagnostico freudiano. Chega destes sacerdotes do humor e seus cultos de pé com suas pregações preconceituosas e cheias de poder, mas rasas como o cuspi de um andarilho sedento.
            Menino você continua o mesmo, apenas com menos índios nas costas, mas sua soberba educação de orelha de apostila do curso supletivo, que desde que você ganhou o primeiro computador, meu filho nerd, sempre arrebentando, agora comprou até kit revolução, com base na unha, nem parece, lembrar que seus pais andavam com aquele barbudo escroto em 84, mas era a Democracia e agora? Agora é isso aqui, esse texto que ninguém vai ler, nem se um jornalista famoso retwittar, é sinal que não leu, ninguém lerá mais que sete linhas, o estudo comprova.
            Este menino, pensar que ele não existe como as pessoas o veem, mapas são ilusões gráficas e identidades são coisas que nos forjam logo que dois idiotas transam sem camisinha (preguiça de ir ao postinho).
            Este grande e bobo menino, tudo que come vai para as lombrigas, mas tudo que cheira vai pra poesia. E vai vivendo na ilusão ensinada pelo tio Sam e segue acreditando na mentira que ganhou a muitos natais, por mais que se esforce e desligue seu fantasma uma vez na vida, sempre continuará agradando e falando o que pensa aquele que é mais que o cidadão Kane.

Diego Marcell

24-06-2013

Um comentário:

  1. pra mim um texto carregado de desilusão, pessimismo... e sabendo-me parte disso me dói... você é mais do que esta visão simplista, que todas as frustrações te dão... sabe não sei se é correto, mas minhas frustrações trago guardadas em minha caixa de pandora, de onde apenas deixei a esperança fugir... porque a esperança é a maior das ilusões... a unica coisa que me faz ir além é a certeza de que tudo que fazemos não levará a lugar nenhum por isso cada dia mais quero fazer se cumprir minha vontade, meus desejos, aprender a escolher e não me prender a vãs esperanças ou a remoer todas as lembranças e vasculhar o repositório de frustrações e desenganos
    nao aceite, apenas leie]

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