Por
que eu não fui fazer letras quando tive vontade? Ser professor é a única profissão
não digna que te da algum direito neste país. Dentre as “dignas” jamais me
atreveria... político, pastor, metalúrgico, apesar de já ter sido tentado por
essa brasilidade. Fui escolher a teologia, graduação morta no Brasil, que serve
apenas para dar diploma universitário aos ignorantes que sabem ganhar dinheiro,
diferente de mim. Se tivesse optado em concluir o curso de Relações Públicas, também
não teria emprego, mas jamais teria me tornado herético como acabei ficando.
Um
intelectual em Educação Física não combinaria muito, apesar de ser um
esportista.
Por
fim faltou-me dinheiro para fazer cinema, mas duvido que me serviria para algum
proveito monetário, num país que forma cineastas para uma industria fantasma,
eu precisaria ser digno e aceitar uma vida de assistente disso e daquilo em produções
de TV.
Como
não sou digno de nada, exerço o dom maldito da escrita que alimenta minha alma
e mata meu corpo, se nem de pão vive o homem, ele também não vive só de luz, só
a Flor vive de luz, mas também não sou digno de tal abnegação, pois sou um
pecador que adora comer bicho morto, não abro mão de bons temperos, vinho e
pessoas ao redor da mesa.
No
final das contas, sou bem parecido com aquela turma de Jesus de Nazaré.
Diego Marcell
10-11-11

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