26.3.12

Reflexões sobre o Facebook



            Para Platão o Facebook é o mundo perfeito, onde a idéia de ter todos os amigos juntos, em tempo real, curtindo e compartilhando são evidencias platônicas; mas como eu, neste aspecto sou aristotélico, prefiro tê-los junto a mim num ambiente material e deixar o Facebook para a teoria da comunicação ou para a nova fase da filosofia da linguagem em Wittgenstein.

            O Facebook foi a derrocada da carreira de Nietzsche, quando pensava ele ter chego ao “homem transbordante” eis a novidade que lhe atrai, lhe prende e lhe dá novo vicio. Vivendo dos antigos textos, agora reproduzidos junto a uma estratégia Che Guevariana de se divulgar uma foto em seu melhor ângulo, Nietzsche na realidade atravessa os dias conectado ao “Face”, vivendo de miojo e Coca Light, seu bigode já não penteia, amanhece como uma vassoura velha picotado de farelos de Pipoteca, Nietzsche começa a definhar e sua “vontade de potência” parece esvair numa loucura que brota não sabe da onde e toma conta do seu ser.

            Sócrates por sua vez, jamais fez seu Facebook, o máximo que possuía era um email pessoal para manter contato com seus discípulos mais distantes, somente estes tinham o email do mestre, mas eles mesmos se encarregavam por conta própria de espalhar as idéias socráticas pela Rede.
           
            Descartes também não fez Facebook, mas mantinha um blog de suas viagens e aventuras, onde colocava as reflexões tiradas destes momentos. Acesse www.descarteslaroute.com

            Voltaire piadista como sempre, montou no Facebook uma pagina cômica onde divulga piadas e tirinhas, todas com muita ironia política, além de algumas frases sérias que fazem o mundo pensar.

            Santo Agostinho disse que o Facebook está contaminado pelo pecado e citou Romanos 3. 23.

            Deve ser por isso que o dono do Facebook disse que os brasileiros estão estragando esta ferramenta, já não se usa com inteligência, mas como de costume nacional tupiniquim, gostamos de explorar até a alma das coisas, deixá-la nua, esfregá-la na lama e revirá-la do avesso para usar mais um pouco; gostamos como brasileiros, de expor nossas opiniões tão cheias de verdades que desconhecemos a fundo, como se nossa razão fosse a razão do universo, como ateus esculhambamos deus, como crentes poluímos de crendices a tela numa tentativa forçada de conversão, como moralistas colocamos belas mensagens de ações que jamais faremos na vida real, ou mensagens sobre a vida que jamais viveremos. Fazemos montagens que denigrem a mulher, que exaltam os deuses Brama, Skol, Kaiser, Antártica e os novos deuses de outros povos que agora habitam entre nós. Amamos carros, piadas escrotas, e outras maravilhas do ego. Citamos frases de livros que nunca lemos e como brasileiros nunca leremos, e tudo por que mudamos nossas vidas para a tela do Facebook, passamos mais tempo nele e, portanto nos apropriamos dele, fizemos dele a nova Sodoma, onde Mark Zuckerberg sente vontade de lançar uma chuva de fogo e transformar todos os usuários brasileiros em estatuas de sal.

Diego Marcell
26-03-2012

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