10.6.13

Diálogos com Heidegger



24-04-2011
Leitura Que é isto – a filosofia? -  Heidegger

            Quer dizer que o ser instiga o homem a dispor-se ao próprio ser, a compreender a partir da fagulha inicial que o acompanhará na jornada da reflexão, esta fagulha gerada pelo sentido, ou gerando o sentido, torna-se fenômeno pelo que o faz individuo, permitindo a expressão particular, num filosofar Universal?

29-04-2011
Leitura Que é Metafísica? – Heidegger

            O ser toma lugar no ente como ser-aí através da angustia que é um (maneira de expressar) acontecimento (raro) esta situação do ser-aí que é eterno (habita) no nada, surgir no ente quando a angustia evidencia o nada, ou o faz perceptível para um sentido consequente do ente pelo ser do ente.

30-04-2011

É preciso que seja preservada a verdade do ser, aconteça o que acontecer ao homem e a todo ente. (HEIDEGGER. 1999, p. 71)

            Ouvir aos outros, por mais que haja amor, é negar-se, quando o ser já se revela no ente, este não pode dar ouvidos ao externo, pois seria a negação do ser, optando por sua morte. O que o levaria a um estado pior do que antes do ser estar no ente.

            Aquilo que Heidegger chama de “angustia”, podemos chamar de choque, não perceptível, não necessariamente deprimente, choque nadificante, acordar; quando a melancolia é a maior alegria, torna-se o ser no ente realidade transcendente.
            Efeito da vontade? Só se for da Vontade, Metafísica que está estranha, desconhecida ao ente para a ele pelo ser-aí, fenômeno, impressão do retorno ao que foi perdido.

EXPERIÊNCIA da verdade do ser vs OBJETIVIDADE do ente (HEIDEGGER. 1999, p. 70-71)

Um dos lugares fundamentais em que reina a indigência da linguagem é a angustia, no sentido do espanto, no qual o abismo do nada dispõe o homem. O nada, enquanto o outro do ente, é o véu do ser. No ser já todo o destino do ente chegou originariamente à sua plenitude. (HEIDEGGER. 1999, p. 72)

            Até então o homem se deixa levar numa falsa euforia projetada na Queda e bem fundamentada pelo sistema, esta força que injeta um método de seguir estático. O abismo é em profundidade infinitamente maior do que o que o meio cristão convencionou chamar de deserto, mesmo sem eles próprios entenderem o que significa isto que infelizmente banalizaram. No abismo que Sócrates aprendera a levar consigo em sua maneira de viver e ensinar quando afirmava que nada sabia, ali a linguagem não estava anulada, mas a compreensão a mantinha voluntariamente anulada mesmo quando há palestras em auditórios, pois é no caminhar sobre a terra que acompanha o ser do ente na plenitude do seu destino.

02-05-2011
Leitura O retorno ao fundamento da metafísica – Heidegger

Página 78 análise em resposta.

            O assunto do ser supera a Metafísica, por ser esta um lugar de atuação e um lugar onde ocorre também um lapso inicial, um fenômeno metafísico, um optar (como escolha) divino, porém, não pela metafísica, mas na metafísica.
            “A metafísica permanece a primeira instância da filosofia. Não alcança, porém, a primeira instância do pensamento.” (HEIDEGGER. 1999, p. 78)
É possível pensar a metafísica, mas pensar o próprio ser é ir além, é como se passasse por um portal para dentro da metafísica conseguindo vislumbrar o que vai além, que é o que vem através do ser do ente. “Aquilo, porém, a que este pensamento dá o impulso necessário somente pode ser aquilo mesmo que deve ser pensado.” (HEIDEGGER. 1999, p. 79)

Ser-aí é designado como o lugar da verdade do ser. (HEIDEGGER. 1999, p. 82)

O ser aberto, dis-posto, ex-posto, sensível, sujeito a submissão do Ser supremo, ouve, sente, percebe sem saber, porque a ligação está feita, onde o ser retorna, o ser desemboca no Ser infinito por ser parte, por ser propriedade, por ser o próprio.
O ser do ente passa a agir de forma diferente por ser transcendente na razão.

Pagina 84 análise em resposta.

Existir-tempo-ser-presente-agora se encontra finalmente na existência, ou seja, no tempo, este que já estava antes do ente – o ente deve estar nele consciente para ter verdade – estar finalmente. Ser.

Paginas 85 e 86 análise em resposta.

            A verdade “está” na metafísica, mas não provém dela e a mesma não explica sua origem. Pois não tem sua razão de fora, de cima; a sua ligação parte de baixo, ela está sendo pelo ente e não para, ou casualmente ao ente, ela existe de dentro, da existência, ela como experiência do ser, não pode se dissociar, esta experiência é sua essência, portanto funcionaria do ente a partir do momento que está, estando, age como objeto oculto, a serviço das “necessidades”, ou melhor, das características do ser do ente neste finalmente ser para o ente.

O que leva muitas pessoas, porém, a se convencerem de que há dificuldade em conhecê-lo e também em conhecer o que é sua alma, é o fato de nunca elevarem seu espírito para além das coisas sensíveis e de estarem de tal forma acostumadas a nada considerar senão na imaginação, que é uma maneira peculiar de pensar nas coisas materiais, que tudo o que não é imaginável lhes parece não ser inteligível. (DESCARTES. 2006, p. 33)

O profundo tédio, que como névoa silenciosa desliza para cá e para lá nos abismos da existência, nivela todas as coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa estranha indiferença. Esse tédio manifesta o ente em sua totalidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 55)
Suspendendo-se dentro do nada o ser aí já sempre está além do ente em sua totalidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 58)
Mais abissal que a pura conveniência da negação pensante é a dureza da contra-atividade e a agudeza da execração. Mais esponsável é a dor da frustração e a inclemência do proibir. Mais importuna é a aspereza da privação. (HEIDEGGER. 1999, p. 60)

25-06-2011
ALÉTHEIA – pré-análise em Heidegger

            Se a ALÉTHEIA é o sentido subjetivo e fundamental da filosofia, e sim, a Verdade, não apresentada automaticamente à nossa compreensão do que seja a palavra hoje, ou à alguns séculos, mas a representação que se faz transmutada em eras até aqui para transportarmo-la. Não tenho duvida que todos os filósofos chegaram a ela, mesmo tão diversos e antagônicos, sendo assim, não poderíamos de forma alguma chamá-la de Verdade, talvez como queira Heidegger: clareira. Esta é sua definição, prefiro mantê-la como Verdade, mesmo tomando cuidado para diferenciá-la da nossa verdade comum.
            Só podemos tomá-la dentro dela própria, na sua perfeição circular, o que me deixa a dúvida de se poder filosofar publicamente ou a filosofia que filosofa no ser é exclusivamente íntima a ponto de tornar-se atentado ao pudor ao outro.
            Talvez por isso Heidegger coloca que a filosofia à muito deixa de pensar a Metafísica e passa a somente pensar o ente em seu sentido ontoteleológico, talvez muita bobagem posterior tenha sido evitada com a não inserção de aspectos tão íntimos da filosofia que ela mesma tenha se retraído e se guardado a um tempo do pensamento mundial que se permitiria a união das formas e que ela já não seria tão evidente tentando ser pensada por Heidegger do que por Descartes.
            Todos chegaram ao desvelamento. Como? Cada um poderia responder de uma forma, estariam certos? Sim e não. Apesar do motivo ser único e o mesmo para todos, a filosofia não tem acesso a ele, porque ela vai além da metafísica encontrando o motivo, mas jamais penetrando-o.
            A filosofia só se limita quando desmaterializa-se sua essência, apesar de ela continuar existindo, o encontro do ser com o Ser não permite a sua apreensão, talvez por ser o encontro do Ser com o ser e não vice-versa.
            “Experimentado e pensado é apenas aquilo que ALÉTHEIA como clareira garante, não aquilo que ela como tal é.” (HEIDEGGER. 1999, p. 107)

Cada época da Filosofia possui sua própria necessidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 96)
Na língua grega não se fala da ação de ver, de VIDERE, mas daquilo que luz e brilha. Só pode, porém, brilhar se a abertura já é garantida. O raio de luz não produz primeiramente a clareira, a abertura, apenas percorre-a. Somente tal abertura garante um dar e um receber, garante primeiramente a dimensão aberta para a evidência, onde podem demorar-se e devem mover-se. (HEIDEGGER. 1999, p. 103)
Sem a experiência prévia da ALÉTHEIA como a clareira, todo discurso sobre a seriedade ou o descompromisso do pensamento permanece infundado. (HEIDEGGER. 1999, p. 105)

28-06-2011

            Se é fenomenológico ordem e desordem, o não clareamento para o ser no ente. O principio estaria próximo de alguma análise, mas se fundamento é essência, é anterior ao principio, sendo chama primeira, pré-existência, além da Metafísica, e aí sim a grande incógnita perpétua da filosofia, que sendo assim, deve perder para as demais áreas, afim de aplicar-se no que é possível ao ente, ao ser e a Metafísica, sem, porém, alcançar uma almejada plenitude, por esta não existir. Será assim a plenitude não pertencente a filosofia? Suas tentativas de esclarecer sem ter como chegar ao esclarecimento, por ser a clareira o que se vê, mas não seu clarear, a tentativa sairia fora da própria filosofia, sendo sua negação, como se precisasse transpor a razão para racionalizar. Não seria o irracional, mas a não-razão.
            Se quisermos diferenciar segundo a disposição, transição e elementos embutidos no pós-moderno pensar, como também acontecera anteriormente, ficamos exclusivos à construção dessa sequência que desemboca na mutação? Ou também não é causa da transcendência? Ou o pensamento difere da razão do ser, sendo este estático. Nas eras, de Sócrates à Heidegger e ainda nos antecessores do primeiro e os posteriores do segundo, todos debaixo da mesma luz, exercendo apenas o pensamento do seu tempo, adicionado ao tempero de seu espaço, mas numa razão estática inspirada por este além-metafísico?

A concordância do NEXUS com o ente e, como consequencia, seu acordo, não tornam como tais primeiramente acessível o ente. Este deve, muito antes, como possível objeto de uma determinação predicativa, estar manifesto antes desta predicação e para ela. A predicação deve, para tornar-se possível, radicar-se num âmbito revelador, que possui caráter não predicativo. A verdade da proposição está radicada numa verdade mais originária (desvelamento), na revelação antepredicativa do ente que podemos chamar de verdade ôntica.” (HEIDEGGER. 1999, p. 117)

No texto
            Nesta situação, discordo do conceito discorrido posteriormente por Heidegger do que seja verdade ôntica, esta situação acima, encerro substituindo verdade ôntica por verdade ontológica do conceito heideggeriano, mesmo porque em minha análise a definição de ôntico é incabível hoje, o conceito por ele dado, onde por ele aplicado, cabe aos cientistas da genética e a psicologia do desenvolvimento; a questão é, nesta “verdade ôntica” há também o desvelamento e essência? Porque sua definição, se é material não pode abrir para o ser-aí existente. Se esta verdade ôntica é possível a verdade ontológica não o é, pois entraria em contradição Universal.
            O pensamento temporal nas eras é subsidiado pela verdade ôntica. Pode sobressair aí a variedade ôntica de uma verdade ôntica, mas não, variedades de verdades ôntica (espécies de verdade são verdades – conferir HEIDEGGER. 1999, p. 118). Não pode ser verdade ôntica, porque não é revelação antepredicativa o que é material. O que vale é questionar o por quê da sociedade construir esta mudança, mesmo que intencional.
            O ôntico jamais será puro, a objetivação do ente necessita desta “sujeira” do “mundo”, só o ser é puro e a razão é um filtro que lida com sujeira e pureza. Não existe desvelamento do ente, pois não se pode chegar ao ser sem esta disposição fundamental desta metafísica, o desvelamento do ente só é o desvelamento do ser, por isso mesmo não existe verdade ôntica, só verdade ontológica e variedade ôntica numa verdade da era (temporal e espacial). O ente em seu ser é somente verdade da era, variedade ôntica e até erro ontológico (que será discutido mais tarde?).
            Um exemplo é o pensamento de Kant diferenciando o de Heidegger na exposição do segundo (conferir HEIDEGGER. 1999, p. 130). Kant pensava desta forma devido seu estilo metódico de viver e vice-versa, isto é variedade ôntica, e o desvelamento para assim pensar é a verdade ontológica.

30-06-2011

            Não existe expressão do ser como ente em linguagem, o grande erro de se colocar verdades nasce aqui. Verdade que habita no ser, não pode em momento algum ser colocado em comparação com o autoentendimento do ente. Somente o clarear tem valor aqui, o desvelamento que permite a expressão do ser no ente, para o ente, mas não além disso através da linguagem, apenas da subjetividade, ou seja, jamais é expresso. Existe diferença na expressão do ente obtido pelo ser, mas não há Verdade Absoluta ali, porque a Verdade (alétheia) não possui conexão com a linguagem natural, somente transcendental; não quer dizer que seja nula na natureza, de forma alguma, só não é perceptível pela obviedade da matéria.
            Se foi dito que só se pode fazer filosofia em grego e alemão, arrisco-me colocar no papel em português o pensar de um brasileiro. Porque querem pensar a exatidão do termo na inexata compreensão dos filósofos. Ao pensarmos a Metafísica, não deixamos de sermos físicos. A disposição além da Metafísica é una, até a chegada do desvelar, à partir deste ponto iniciam-se as bifurcações que irão (este é o trajeto do ser e não vice-versa) a partir da variedade ôntica expressar-se de forma diferente, mas sem possibilidade de haver uma verdade ôntica, ao adentrar o físico existe uma redefinição de caráter cósmico à partir do existir, mas não uma substituição para o Universal, o estático é agora acessado pelo ser-aí, mas jamais é domador dele, porque a variedade ôntica não pode e não deve ser anulada, isto também é Vontade Absoluta, que a Ordem Universal abre espaços quânticos a esta diversidade de alcance do ser ou não, até mesmo a diversidade quântica da ordem.
            O que quer dizer esta diversidade quântica? A transcendência obrigatoriamente muda o espaço. Mas o cosmos se permite a isso sem alterar sua ordem. A fantasia, por exemplo, não pode existir porque feriria a ordem e a desordem acabaria com tudo, fantasia como ilusão (é apenas uma ilustração). A Metafísica não fere a ordem nem a filosofia, mas o que foi falado anteriormente e apelidado de plenitude, mas que é a origem da clarificação: esta feriria o físico, não por ser meta-físico apenas, mas por ser além-da-metafísica e até por isso, além da filosofia, por estar além da compreensão desestabilizaria a ordem, dando origem a outro caos cosmocida. A tentativa da razão de alcançar a não-razão é o muro limite da filosofia, intransponível.

01-07-2011

            O ente não pode ultrapassar, porque só o ente desvelado para o ser-aí é capaz de tal ultrapassagem, que já se-é na associação deste fenômeno, jamais separado da causa primaria, da Metafísica, nem se lhe fosse ala paralela, pertencente a Metafísica, mas consequencia agregada do desenvolvimento (dialogo com o trecho de HEIDEGGER. 1999, p. 122).
            Não é que o ser-aí vá de encontro com o ente que ele é, mas que o ente encontra a identidade no ser-aí, como já falei, aqui também não há efeito inverso, a ordem do fenômeno não pode ser desrespeitada, porque fora desta ordem não há fenômeno.
            Fora deste acontecimento, o máximo do encontro do ente com sua identidade, refere-se a variedade ôntica, hoje possível através de varias técnicas, principalmente na psicologia, a identidade ôntica, que pode ser uma realização física (natural), porém não transcende por desvelamento algum; chamarão alguns de transcendência dentro da possibilidade linguística e até “religiosa”, mas não é possível seu nível Metafísico, que é a forma que a palavra “transcendência” está sendo aplicada, somente pelo desvelamento e portanto sinalizado na ontologia.

28-07-2011
Leitura Sobre a essência da verdade – Heidegger

A abertura que mantém o comportamento, aquilo que torna intrinsecamente possível a conformidade, se funda na liberdade. A essência da verdade é a liberdade. (HEIDEGGER. 1999, p. 160)

01-08-2011

O homem não possui a liberdade como uma propriedade, mas antes, pelo contrario: a liberdade, o ser-aí, ek-sistente e desvelador, possui o homem, e isto tão originariamente que somente ela permite a uma humanidade inaugurar a relação com o ente em sua totalidade e enquanto tal. (HEIDEGGER. 1999, p. 162)

            Os humanos que não foram alcançados por tal eficiência metafísica buscaram fazer uma historia inventando conceitos e nomeando sua busca de liberdade, não sendo, porém, criaram vários aspectos valorados tão somente pela Queda (mesmo que o conceito de Queda deva ser reestruturado em breve), ou pelo motivo da não-chamada ao desvelamento.
            Se o homem pode finalmente existir em sua totalidade mesmo que limitada, isso se deve a esta escolha que a ele mesmo não pertence, onde, para além neste processo, romper a não-movimentação de poder habitar para um reflexo consciente do cosmos, que a partir da verdade que se manifestou pela liberdade e se manifestará agora no ente para a liberdade, também.
Obs:
Heidegger diz que só o ente desvelado no ser-do-ente é que faz historia, abre-se aqui uma possibilidade para o meu questionamento a respeito das mudanças de era ocorridas na historia pelo pensamento temporal. Mas agora é preciso discorrer mais.

É pelo fato de a verdade e não-verdade não serem indiferentes um para o outro em sua essência, mas copertencerem, que, no fundo, uma proposição verdadeira pode se encontrar em extrema oposição com a correlativa proposição não-verdadeira. (HEIDEGGER. 1999, p. 163)

            Pode-se aqui analisar a questão da árvore do bem e do mal descrita no livro do Genesis, que seria em algumas interpretações a faculdade de decidir por si mesmo o que é bem e o que é mal, e de agir consequentemente (BJ, P. 36), mas se a Serpente seria a Sabedoria que traria ao homem/mulher o discernimento, e a própria Sabedoria é colocada em outros textos da cultura hebraica e grega como o próprio Deus, vindo a ser demonizado na cultura cristã apenas, cabendo similaridade e interpretação aberta, exegética, não sairia então esta concepção de bem e mal da mesma essência? Basta saber quando ela aparece como oposição e porque é assim defendido, inclusive na afirmação de Heidegger.
            Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal. (Gn 3.5) Desta forma não seria Vontade do próprio Deus que isto ocorresse? Para seguir o fluxo da liberdade através da não-liberdade, e da não-liberdade através da liberdade, quando a verdade habita a não-liberdade não deixa de habitar, ela apenas perde o valor, se torna irrelevante para o oposto ter relevância, sendo que parte sempre da verdade, a não-verdade só tem seu poder enquanto a verdade assim o quer.
            Por que o texto sagrado diz que Deus ouve a oração do justo? Porque o justo ora a vontade do próprio Deus, porque a conexão realiza a necessidade e o pedir. A essência da verdade se desvelou como liberdade. Esta é o deixar-ser ek-sistente que desvela o ente. (HEIDEGGER. 1999, p. 163)

Assim abandonada, a humanidade completa ‘seu mundo’ a partir de suas necessidades e de suas intenções mais recentes e o enche de seus projetos e cálculos. Deles o homem retira então suas medidas, esquecido do ente em sua totalidade. Nestes projetos e cálculos o homem se fixa munindo-se constantemente com novas medidas, sem meditar o fundamento próprio desta tomada de medidas e a essência do que dá estas medidas. Apesar do progresso em direção a novas medidas e novas metas, o homem se ilude no que diz respeito à essência autentica destas medidas. O homem se engana nas medidas tanto mais quanto mais exclusivamente toma a sai mesmo, enquanto sujeito, como medida para todos os entes. Neste desmesurado esquecimento, a humanidade insiste em assegurar-se através de si mesma, graças àquilo que lhe é acessível na vida corrente. Esta persistência encontra seu apoio, apoio que ela mesma desconhece, na relação pela qual  o homem não somente ek-siste, mas ao mesmo tempo in-siste, isto é, petrifica-se apoiando-se sobre aquilo que o ente, manifesto como que por si em si mesmo, oferece. (HEIDEGGER. 1999, p. 166)
O homem erra. O homem não cai na errância num momento dado. Ele somente se move dentro da errância porque in-siste ek-sistindo e já se encontra, desta maneira, sempre na errância. (HEIDEGGER. 1999, p. 167)
A errância é a antiessência fundamental que se opõe à essência da verdade. A errância se revela como o espaço aberto para tudo o que se opõe à verdade essencial. A errância é o cenário e o fundamento do erro. O erro não é uma falta ocasional, mas o império desta história onde se entrelaçam, confundidas, todas as modalidades de errar. (HEIDEGGER. 1999, p. 167)

Porque ao ser pertence o velar iluminador, aparece ele originariamente à luz da retração que dissimula. O nome desta clareira é alétheia. (HEIDEGGER. 1999, p. 170)
Diego Marcell

Referencias

BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Escala educacional, 2006.
HEIDEGGER, Martin. O fim da filosofia e a tarefa do pensamento – Os pensados. São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________. Que é isto – a filosofia? – Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________. Que é Metafísica? – Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________. Sobre a essência da Verdade – Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1999.

________________. Sobre a essência do fundamento – Os pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1999.

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