24-04-2011
Leitura Que é isto – a filosofia?
- Heidegger
Quer dizer que o ser instiga o homem
a dispor-se ao próprio ser, a compreender a partir da fagulha inicial que o
acompanhará na jornada da reflexão, esta fagulha gerada pelo sentido, ou
gerando o sentido, torna-se fenômeno pelo que o faz individuo, permitindo a
expressão particular, num filosofar Universal?
29-04-2011
Leitura Que é
Metafísica? – Heidegger
O ser toma lugar no ente como ser-aí
através da angustia que é um (maneira de expressar) acontecimento (raro) esta
situação do ser-aí que é eterno (habita) no nada, surgir no ente quando a
angustia evidencia o nada, ou o faz perceptível para um sentido consequente do
ente pelo ser do ente.
30-04-2011
É preciso que seja
preservada a verdade do ser, aconteça o que acontecer ao homem e a todo ente. (HEIDEGGER.
1999, p. 71)
Ouvir aos outros, por mais que haja
amor, é negar-se, quando o ser já se revela no ente, este não pode dar ouvidos
ao externo, pois seria a negação do ser, optando por sua morte. O que o levaria
a um estado pior do que antes do ser estar no ente.
Aquilo que Heidegger chama de
“angustia”, podemos chamar de choque, não perceptível, não necessariamente
deprimente, choque nadificante, acordar; quando a melancolia é a maior alegria,
torna-se o ser no ente realidade transcendente.
Efeito da vontade? Só se for da
Vontade, Metafísica que está estranha, desconhecida ao ente para a ele pelo
ser-aí, fenômeno, impressão do retorno ao que foi perdido.
EXPERIÊNCIA
da verdade do ser vs OBJETIVIDADE do ente (HEIDEGGER. 1999, p. 70-71)
Um dos lugares fundamentais em que
reina a indigência da linguagem é a angustia, no sentido do espanto, no qual o
abismo do nada dispõe o homem. O nada, enquanto o outro do ente, é o véu do
ser. No ser já todo o destino do ente chegou originariamente à sua plenitude.
(HEIDEGGER. 1999, p. 72)
Até então o homem se deixa levar
numa falsa euforia projetada na Queda e bem fundamentada pelo sistema, esta
força que injeta um método de seguir estático. O abismo é em profundidade
infinitamente maior do que o que o meio cristão convencionou chamar de deserto,
mesmo sem eles próprios entenderem o que significa isto que infelizmente
banalizaram. No abismo que Sócrates aprendera a levar consigo em sua maneira de
viver e ensinar quando afirmava que nada sabia, ali a linguagem não estava
anulada, mas a compreensão a mantinha voluntariamente anulada mesmo quando há
palestras em auditórios, pois é no caminhar sobre a terra que acompanha o ser
do ente na plenitude do seu destino.
02-05-2011
Leitura O retorno ao
fundamento da metafísica – Heidegger
Página 78 análise em
resposta.
O assunto do ser supera a
Metafísica, por ser esta um lugar de atuação e um lugar onde ocorre também um
lapso inicial, um fenômeno metafísico, um optar (como escolha) divino, porém,
não pela metafísica, mas na metafísica.
“A metafísica permanece a primeira
instância da filosofia. Não alcança, porém, a primeira instância do
pensamento.” (HEIDEGGER. 1999, p. 78)
É possível pensar a metafísica, mas
pensar o próprio ser é ir além, é como se passasse por um portal para dentro da
metafísica conseguindo vislumbrar o que vai além, que é o que vem através do
ser do ente. “Aquilo, porém, a que este pensamento dá o impulso necessário somente
pode ser aquilo mesmo que deve ser pensado.” (HEIDEGGER. 1999, p. 79)
Ser-aí
é designado como o lugar da verdade do ser. (HEIDEGGER. 1999, p. 82)
O ser aberto, dis-posto, ex-posto,
sensível, sujeito a submissão do Ser supremo, ouve, sente, percebe sem saber,
porque a ligação está feita, onde o ser retorna, o ser desemboca no Ser
infinito por ser parte, por ser propriedade, por ser o próprio.
O ser do ente passa a agir de forma
diferente por ser transcendente na razão.
Pagina 84 análise em
resposta.
Existir-tempo-ser-presente-agora se
encontra finalmente na existência, ou seja, no tempo, este que já estava antes
do ente – o ente deve estar nele consciente para ter verdade – estar
finalmente. Ser.
Paginas 85 e 86 análise
em resposta.
A verdade “está” na metafísica, mas
não provém dela e a mesma não explica sua origem. Pois não tem sua razão de
fora, de cima; a sua ligação parte de baixo, ela está sendo pelo ente e não
para, ou casualmente ao ente, ela existe de dentro, da existência, ela como
experiência do ser, não pode se dissociar, esta experiência é sua essência,
portanto funcionaria do ente a partir do momento que está, estando, age como
objeto oculto, a serviço das “necessidades”, ou melhor, das características do
ser do ente neste finalmente ser para o ente.
O que leva muitas pessoas, porém, a
se convencerem de que há dificuldade em conhecê-lo e também em conhecer o que é
sua alma, é o fato de nunca elevarem seu espírito para além das coisas
sensíveis e de estarem de tal forma acostumadas a nada considerar senão na
imaginação, que é uma maneira peculiar de pensar nas coisas materiais, que tudo
o que não é imaginável lhes parece não ser inteligível. (DESCARTES. 2006, p.
33)
O profundo tédio, que como névoa
silenciosa desliza para cá e para lá nos abismos da existência, nivela todas as
coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa estranha indiferença. Esse
tédio manifesta o ente em sua totalidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 55)
Suspendendo-se dentro do nada o ser
aí já sempre está além do ente em sua totalidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 58)
Mais abissal que a pura
conveniência da negação pensante é a dureza da contra-atividade e a agudeza da
execração. Mais esponsável é a dor da frustração e a inclemência do proibir.
Mais importuna é a aspereza da privação. (HEIDEGGER. 1999, p. 60)
25-06-2011
ALÉTHEIA
– pré-análise em Heidegger
Se a ALÉTHEIA é o sentido subjetivo
e fundamental da filosofia, e sim, a Verdade, não apresentada automaticamente à
nossa compreensão do que seja a palavra hoje, ou à alguns séculos, mas a
representação que se faz transmutada em eras até aqui para transportarmo-la.
Não tenho duvida que todos os filósofos chegaram a ela, mesmo tão diversos e
antagônicos, sendo assim, não poderíamos de forma alguma chamá-la de Verdade,
talvez como queira Heidegger: clareira. Esta é sua definição, prefiro mantê-la
como Verdade, mesmo tomando cuidado para diferenciá-la da nossa verdade comum.
Só podemos tomá-la dentro dela
própria, na sua perfeição circular, o que me deixa a dúvida de se poder filosofar
publicamente ou a filosofia que filosofa no ser é exclusivamente íntima a ponto
de tornar-se atentado ao pudor ao outro.
Talvez por isso Heidegger coloca que
a filosofia à muito deixa de pensar a Metafísica e passa a somente pensar o
ente em seu sentido ontoteleológico, talvez muita bobagem posterior tenha sido
evitada com a não inserção de aspectos tão íntimos da filosofia que ela mesma
tenha se retraído e se guardado a um tempo do pensamento mundial que se
permitiria a união das formas e que ela já não seria tão evidente tentando ser
pensada por Heidegger do que por Descartes.
Todos chegaram ao desvelamento.
Como? Cada um poderia responder de uma forma, estariam certos? Sim e não. Apesar
do motivo ser único e o mesmo para todos, a filosofia não tem acesso a ele,
porque ela vai além da metafísica encontrando o motivo, mas jamais
penetrando-o.
A filosofia só se limita quando
desmaterializa-se sua essência, apesar de ela continuar existindo, o encontro
do ser com o Ser não permite a sua apreensão, talvez por ser o encontro do Ser
com o ser e não vice-versa.
“Experimentado e pensado é apenas
aquilo que ALÉTHEIA como clareira garante, não aquilo que ela como tal é.”
(HEIDEGGER. 1999, p. 107)
Cada época da Filosofia possui sua
própria necessidade. (HEIDEGGER. 1999, p. 96)
Na língua grega não se fala da ação
de ver, de VIDERE, mas daquilo que luz e brilha. Só pode, porém, brilhar se a
abertura já é garantida. O raio de luz não produz primeiramente a clareira, a
abertura, apenas percorre-a. Somente tal abertura garante um dar e um receber,
garante primeiramente a dimensão aberta para a evidência, onde podem demorar-se
e devem mover-se. (HEIDEGGER. 1999, p. 103)
Sem a experiência prévia da
ALÉTHEIA como a clareira, todo discurso sobre a seriedade ou o descompromisso
do pensamento permanece infundado. (HEIDEGGER. 1999, p. 105)
28-06-2011
Se é fenomenológico ordem e
desordem, o não clareamento para o ser no ente. O principio estaria próximo de
alguma análise, mas se fundamento é essência, é anterior ao principio, sendo
chama primeira, pré-existência, além da Metafísica, e aí sim a grande incógnita
perpétua da filosofia, que sendo assim, deve perder para as demais áreas, afim
de aplicar-se no que é possível ao ente, ao ser e a Metafísica, sem, porém,
alcançar uma almejada plenitude, por esta não existir. Será assim a plenitude
não pertencente a filosofia? Suas tentativas de esclarecer sem ter como chegar
ao esclarecimento, por ser a clareira o que se vê, mas não seu clarear, a
tentativa sairia fora da própria filosofia, sendo sua negação, como se
precisasse transpor a razão para racionalizar. Não seria o irracional, mas a
não-razão.
Se quisermos diferenciar segundo a
disposição, transição e elementos embutidos no pós-moderno pensar, como também
acontecera anteriormente, ficamos exclusivos à construção dessa sequência que
desemboca na mutação? Ou também não é causa da transcendência? Ou o pensamento
difere da razão do ser, sendo este estático. Nas eras, de Sócrates à Heidegger
e ainda nos antecessores do primeiro e os posteriores do segundo, todos debaixo
da mesma luz, exercendo apenas o pensamento do seu tempo, adicionado ao tempero
de seu espaço, mas numa razão estática inspirada por este além-metafísico?
A concordância do NEXUS com o ente
e, como consequencia, seu acordo, não tornam como tais primeiramente
acessível o ente. Este deve, muito antes, como possível objeto de uma
determinação predicativa, estar manifesto antes desta predicação e para
ela. A predicação deve, para tornar-se possível, radicar-se num âmbito
revelador, que possui caráter não predicativo. A verdade da proposição
está radicada numa verdade mais originária (desvelamento), na revelação
antepredicativa do ente que podemos chamar de verdade ôntica.”
(HEIDEGGER. 1999, p. 117)
No texto
Nesta situação, discordo do conceito
discorrido posteriormente por Heidegger do que seja verdade ôntica, esta
situação acima, encerro substituindo verdade ôntica por verdade ontológica do
conceito heideggeriano, mesmo porque em minha análise a definição de ôntico é
incabível hoje, o conceito por ele dado, onde por ele aplicado, cabe aos
cientistas da genética e a psicologia do desenvolvimento; a questão é, nesta
“verdade ôntica” há também o desvelamento e essência? Porque sua definição, se
é material não pode abrir para o ser-aí existente. Se esta verdade ôntica é
possível a verdade ontológica não o é, pois entraria em contradição Universal.
O pensamento temporal nas eras é
subsidiado pela verdade ôntica. Pode sobressair aí a variedade ôntica de uma
verdade ôntica, mas não, variedades de verdades ôntica (espécies de verdade são
verdades – conferir HEIDEGGER. 1999, p. 118). Não pode ser verdade ôntica,
porque não é revelação antepredicativa o que é material. O que vale é
questionar o por quê da sociedade construir esta mudança, mesmo que intencional.
O ôntico jamais será puro, a
objetivação do ente necessita desta “sujeira” do “mundo”, só o ser é puro e a
razão é um filtro que lida com sujeira e pureza. Não existe desvelamento do
ente, pois não se pode chegar ao ser sem esta disposição fundamental desta
metafísica, o desvelamento do ente só é o desvelamento do ser, por isso mesmo
não existe verdade ôntica, só verdade ontológica e variedade ôntica numa
verdade da era (temporal e espacial). O ente em seu ser é somente verdade da
era, variedade ôntica e até erro ontológico (que será discutido mais tarde?).
Um exemplo é o pensamento de Kant
diferenciando o de Heidegger na exposição do segundo (conferir HEIDEGGER. 1999,
p. 130). Kant pensava desta forma devido seu estilo metódico de viver e
vice-versa, isto é variedade ôntica, e o desvelamento para assim pensar é a
verdade ontológica.
30-06-2011
Não existe expressão do ser como
ente em linguagem, o grande erro de se colocar verdades nasce aqui. Verdade que
habita no ser, não pode em momento algum ser colocado em comparação com o
autoentendimento do ente. Somente o clarear tem valor aqui, o desvelamento que
permite a expressão do ser no ente, para o ente, mas não além disso através da
linguagem, apenas da subjetividade, ou seja, jamais é expresso. Existe
diferença na expressão do ente obtido pelo ser, mas não há Verdade Absoluta
ali, porque a Verdade (alétheia) não possui conexão com a linguagem natural,
somente transcendental; não quer dizer que seja nula na natureza, de forma
alguma, só não é perceptível pela obviedade da matéria.
Se foi dito que só se pode fazer
filosofia em grego e alemão, arrisco-me colocar no papel em português o pensar
de um brasileiro. Porque querem pensar a exatidão do termo na inexata compreensão
dos filósofos. Ao pensarmos a Metafísica, não deixamos de sermos físicos. A
disposição além da Metafísica é una, até a chegada do desvelar, à partir deste
ponto iniciam-se as bifurcações que irão (este é o trajeto do ser e não
vice-versa) a partir da variedade ôntica expressar-se de forma diferente, mas
sem possibilidade de haver uma verdade ôntica, ao adentrar o físico existe uma
redefinição de caráter cósmico à partir do existir, mas não uma substituição
para o Universal, o estático é agora acessado pelo ser-aí, mas jamais é domador
dele, porque a variedade ôntica não pode e não deve ser anulada, isto também é
Vontade Absoluta, que a Ordem Universal abre espaços quânticos a esta
diversidade de alcance do ser ou não, até mesmo a diversidade quântica da
ordem.
O que quer dizer esta diversidade
quântica? A transcendência obrigatoriamente muda o espaço. Mas o cosmos se
permite a isso sem alterar sua ordem. A fantasia, por exemplo, não pode existir
porque feriria a ordem e a desordem acabaria com tudo, fantasia como ilusão (é
apenas uma ilustração). A Metafísica não fere a ordem nem a filosofia, mas o
que foi falado anteriormente e apelidado de plenitude, mas que é a origem da
clarificação: esta feriria o físico, não por ser meta-físico apenas, mas por ser
além-da-metafísica e até por isso, além da filosofia, por estar além da
compreensão desestabilizaria a ordem, dando origem a outro caos cosmocida. A
tentativa da razão de alcançar a não-razão é o muro limite da filosofia,
intransponível.
01-07-2011
O ente não pode ultrapassar, porque
só o ente desvelado para o ser-aí é capaz de tal ultrapassagem, que já se-é na
associação deste fenômeno, jamais separado da causa primaria, da Metafísica,
nem se lhe fosse ala paralela, pertencente a Metafísica, mas consequencia
agregada do desenvolvimento (dialogo com o trecho de HEIDEGGER. 1999, p. 122).
Não é que o ser-aí vá de encontro
com o ente que ele é, mas que o ente encontra a identidade no ser-aí, como já
falei, aqui também não há efeito inverso, a ordem do fenômeno não pode ser
desrespeitada, porque fora desta ordem não há fenômeno.
Fora deste acontecimento, o máximo
do encontro do ente com sua identidade, refere-se a variedade ôntica, hoje
possível através de varias técnicas, principalmente na psicologia, a identidade
ôntica, que pode ser uma realização física (natural), porém não transcende por
desvelamento algum; chamarão alguns de transcendência dentro da possibilidade
linguística e até “religiosa”, mas não é possível seu nível Metafísico, que é a
forma que a palavra “transcendência” está sendo aplicada, somente pelo
desvelamento e portanto sinalizado na ontologia.
28-07-2011
Leitura Sobre a essência
da verdade – Heidegger
A abertura que mantém o
comportamento, aquilo que torna intrinsecamente possível a conformidade, se
funda na liberdade. A essência da verdade é a liberdade. (HEIDEGGER. 1999, p.
160)
01-08-2011
O homem não possui a liberdade como
uma propriedade, mas antes, pelo contrario: a liberdade, o ser-aí, ek-sistente
e desvelador, possui o homem, e isto tão originariamente que somente ela
permite a uma humanidade inaugurar a relação com o ente em sua totalidade e
enquanto tal. (HEIDEGGER. 1999, p. 162)
Os humanos que não foram alcançados
por tal eficiência metafísica buscaram fazer uma historia inventando conceitos
e nomeando sua busca de liberdade, não sendo, porém, criaram vários aspectos
valorados tão somente pela Queda (mesmo que o conceito de Queda deva ser
reestruturado em breve), ou pelo motivo da não-chamada ao desvelamento.
Se o homem pode finalmente existir
em sua totalidade mesmo que limitada, isso se deve a esta escolha que a ele
mesmo não pertence, onde, para além neste processo, romper a não-movimentação
de poder habitar para um reflexo consciente do cosmos, que a partir da verdade
que se manifestou pela liberdade e se manifestará agora no ente para a
liberdade, também.
Obs:
Heidegger diz que só o ente desvelado no
ser-do-ente é que faz historia, abre-se aqui uma possibilidade para o meu
questionamento a respeito das mudanças de era ocorridas na historia pelo
pensamento temporal. Mas agora é preciso discorrer mais.
É pelo fato de a verdade e não-verdade
não serem indiferentes um para o outro em sua essência, mas copertencerem, que,
no fundo, uma proposição verdadeira pode se encontrar em extrema oposição com a
correlativa proposição não-verdadeira. (HEIDEGGER. 1999, p. 163)
Pode-se aqui analisar a questão da
árvore do bem e do mal descrita no livro do Genesis, que seria em algumas
interpretações a faculdade de decidir por
si mesmo o que é bem e o que é mal, e de agir consequentemente (BJ, P. 36),
mas se a Serpente seria a Sabedoria que traria ao homem/mulher o discernimento,
e a própria Sabedoria é colocada em outros textos da cultura hebraica e grega
como o próprio Deus, vindo a ser demonizado na cultura cristã apenas, cabendo
similaridade e interpretação aberta, exegética, não sairia então esta concepção
de bem e mal da mesma essência? Basta saber quando ela aparece como oposição e
porque é assim defendido, inclusive na afirmação de Heidegger.
Mas
Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós
sereis como deuses, versados no bem e no mal. (Gn 3.5) Desta forma não seria
Vontade do próprio Deus que isto ocorresse? Para seguir o fluxo da liberdade através
da não-liberdade, e da não-liberdade através da liberdade, quando a verdade
habita a não-liberdade não deixa de habitar, ela apenas perde o valor, se torna
irrelevante para o oposto ter relevância, sendo que parte sempre da verdade, a
não-verdade só tem seu poder enquanto a verdade assim o quer.
Por que o texto sagrado diz que Deus
ouve a oração do justo? Porque o justo ora a vontade do próprio Deus, porque a conexão
realiza a necessidade e o pedir. A essência
da verdade se desvelou como liberdade. Esta é o deixar-ser ek-sistente que
desvela o ente. (HEIDEGGER. 1999, p. 163)
Assim abandonada, a humanidade
completa ‘seu mundo’ a partir de suas necessidades e de suas intenções mais
recentes e o enche de seus projetos e cálculos. Deles o homem retira então suas
medidas, esquecido do ente em sua totalidade. Nestes projetos e cálculos o
homem se fixa munindo-se constantemente com novas medidas, sem meditar o
fundamento próprio desta tomada de medidas e a essência do que dá estas
medidas. Apesar do progresso em direção a novas medidas e novas metas, o homem
se ilude no que diz respeito à essência autentica destas medidas. O homem se
engana nas medidas tanto mais quanto mais exclusivamente toma a sai mesmo,
enquanto sujeito, como medida para todos os entes. Neste desmesurado esquecimento,
a humanidade insiste em assegurar-se através de si mesma, graças àquilo que lhe
é acessível na vida corrente. Esta persistência encontra seu apoio, apoio que
ela mesma desconhece, na relação pela qual
o homem não somente ek-siste, mas ao mesmo tempo in-siste, isto é,
petrifica-se apoiando-se sobre aquilo que o ente, manifesto como que por si em
si mesmo, oferece. (HEIDEGGER. 1999, p. 166)
O homem erra. O homem não cai na
errância num momento dado. Ele somente se move dentro da errância porque
in-siste ek-sistindo e já se encontra, desta maneira, sempre na errância.
(HEIDEGGER. 1999, p. 167)
A errância é a antiessência
fundamental que se opõe à essência da verdade. A errância se revela como o
espaço aberto para tudo o que se opõe à verdade essencial. A errância é o
cenário e o fundamento do erro. O erro não é uma falta ocasional, mas o império
desta história onde se entrelaçam, confundidas, todas as modalidades de errar.
(HEIDEGGER. 1999, p. 167)
Porque ao ser pertence o velar
iluminador, aparece ele originariamente à luz da retração que dissimula. O nome
desta clareira é alétheia. (HEIDEGGER. 1999, p. 170)
Diego
Marcell
Referencias
BÍBLIA de Jerusalém.
São Paulo: Paulus, 2002.
DESCARTES,
René. Discurso do método. São Paulo:
Escala educacional, 2006.
HEIDEGGER,
Martin. O fim da filosofia e a tarefa do
pensamento – Os pensados. São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________.
Que é isto – a filosofia? – Os
pensadores. São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________.
Que é Metafísica? – Os pensadores. São
Paulo: Nova cultural, 1999.
________________.
Sobre a essência da Verdade – Os pensadores.
São Paulo: Nova cultural, 1999.
________________.
Sobre a essência do fundamento – Os pensadores.
São Paulo: Nova cultural, 1999.
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